Capítulo 19

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Enganei-me pensando que já tinha superado os meus dias mais frios,
mas talvez eles nunca partirão, estou aqui novamente

A neblina da manhã faz com que se forme um calo em minha garganta,
só quero colocar tudo pra fora, porque eu me sinto exatamente assim por dentro,
está tudo tão denso como uma neblina.

Não consigo mais ver minhas estrelas brilharem,
só quero ver, sentir algo que me lembre que eu ainda estou existindo
Tento reconstruir minhas partículas,
mas são partículas de que versão?

Grito até minha voz sumir,
bato na parede do quarto machucando meus dedos,
me silencio até ficar sozinho,
afasto tudo para não ter que dar explicações

Os extremos, que outrora eu tanto odiei, começaram a ser presença confirmada nos meus dias.
Não sei como mudar isso, não faço idéia de como silenciar todos os meus fantasmas.
O quê e onde estou errando? A dor não deveria ser algo tão sentível.

Está doendo, até quando?

Minhas constelações começaram a explodir diante dos meus olhos e não sei nem como fazer parar.
Me dizem que a desistência é para os fracos, mas talvez eu nunca tenha sido forte o suficiente,
os dias ensolarados foram somente uma forma que eu encontrei para adiar o meu sofrimento.

Isso tem acontecido tão frequentemente, a adiação dos meus dias frios
Mas sou apenas um mero iniciante, quem pensaria que fazendo isso eu só estaria me quebrando mais ainda?
Talvez a dor seja menor se eu viver cada dose na medida certa

ela nunca vai embora, eu sei disso

o frio ainda vai continuar por aqui, eu vou continuar por aqui,
não posso fugir de mim mesmo

Mas será que ainda sou eu mesmo?

Textos de JúpiterOnde histórias criam vida. Descubra agora