Óbvio

Razão e Liberdade

Houve um tempo em que éramos mais simples. Houve um tempo em que éramos livres. Um tempo antes das máquinas, da ciência e do progresso.
Então, a razão chegou, separando o homem daqueles que antes eram seus iguais. Tornando - o para sempre, um pária. Não mais integrado ao meio em que vivia, o homem era agora, um alienígena em seu próprio mundo.
Porém, razão e instinto, não puderam coabitar o homem. Decorrente desta rivalidade, o homem perdeu a antiga vitalidade de que antes, dispunha. Tornou - se doente. Inimigo de si mesmo.
Das ruínas do homem, nasceu a civilização. E com ela, a política e a religião, parasitaram seu espírito. Geradas de sua perdida inocência, estas forças rapidamente adquiriram o status de males necessários à sobrevivência e coexistência humana. O homem nascia assim, privado em essência, de sua liberdade. Condicionado por um mundo que nutria em seu íntimo, animosidade por tudo o que era belo e natural. Um mundo de muros geométrica e diametralmente artificiais do qual ele próprio havia sido o arquiteto.
Aceitarmos que não há objetividade em nossa ciência, cultura, política e religião é o primeiro passo para resgatamos a nós mesmos da crise existencial na qual estamos atualmente imersos. Dos escombros de nossa fragmentada identidade, traremos à luz, nossos esquecidos instintos e novamente nos reconectaremos a nossa herança ancestral. O homem tornar -se - á superior, ao reconhecer sua incapacidade de suplantar sua natureza primal. Assimilando - a, não mais a negando. Elevando - se desta forma, a um nível de perfeição tal, jamais alcançado por seus predecessores. Toda a potencialidade desta idéia consiste de abdicarmos, ao menos em parte, da errônea concepção de liberdade que nos é imposta pela míope visão do homem moderno. Feito isso, todavia, o homem não mais voltará a experimentar a absoluta liberdade. É inegável o fato de que para sermos novamente, inteira e verdadeiramente livres, os únicos fatores limitantes a que devemos estar submetidos são as forças naturais deste mundo. Houve um tempo em que éramos melhores. Uma época em que nossos instintos tornavam -nos parte do mundo natural. Mas, essa época acabou.