Extrema - Unção

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Eu digo que não há democracia. Eu digo que nunca houve. E você me chama, extremista. Olhe para a evolução da história humana e me diga quando não houve uma vontade que dominasse todas as outras? Entre os gregos?  Ora, não eram eles, senhores de escravos? Não  era entre os gregos que cidadãos desprovidos de posses eram também desprovidos de direitos políticos? Em nossa época? Na qual os interesses das elites direcionam os destinos dos homens?
Eu digo que não há liberdade. Eu digo que nunca houve. E você me chama, extremista. De novo, olhe para a história humana e me diga onde você a vê. Será que a vê entre os guerreiros livres de Sparta? Não, meu caro. Lá não havia nem democracia nem liberdade. Eles serviam a um rei. Será que a vê na grande e civilizada Roma? Bem, não tinham eles, um imperador?
Mesmo em nossa época, a política, a economia,  a  educação e a religião, aprisionam o homem. O homem é,  na natureza, o único ser que se fez cativo de si  mesmo. Assim foi, e temo que assim será,  por todo o tempo que ainda lhe reste sobre a terra.
Contudo, você continua a me chamar de extremista. Mas, olhe por um momento a causa a qual você serve. Você serve a um Deus autoritário e me fala de democracia. Você serve a um Deus que ama escravos e me fala de liberdade. Prostando - me, serei arrebatado aos céus e amado eternamente. Se, pelo contrário, permanecer de pé, serei dado ao inferno e odiado eternamente. Amor eterno ao servir. Ódio eterno ao recusar. Vocês chamam um dos seus ritos ortodoxos mais marcante, extrema - unção, e é a mim que acusas de extremismo. Eu sei que de uma forma ou de outra, sob algum aspecto, somos todos prisioneiros.  Mas, a grande diferença entre  nós é que eu vejo as correntes em meus pulsos e me rebelo contra elas. Você as vê também em sua alma, e as aceita com a doce humildade característica de um bom cristão.  Por favor, me chame de extremista novamente...

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