Ｔｏｕｃｈ Ｈｉｍ • [Sakusa]

Cap.20 | A verdade sobre o passado

Assim que eu girei a maçaneta e abri a porta, o gato preto surgiu da cozinha e começou a miar. 

— Calma, caralho! Para de gritar comigo, já vou te alimentar.

— Este é Kami?

— Exatamente. — Falei enquanto colocava ração no pote de comida.

Em seguida eu ouvi um espirro, me virei para Sakusa e o vi com o gato em seu colo, ele deslizava a mão sobre seu pelo preto.

— Animais de estimação não são tão ruins quanto eu pensava. — O homem disse e espirrou novamente.

— Oh, eu não sabia que você era alérgico á gatos, solte-o ou você vai espirrar ainda mais! — Peguei o animal de seus braços e apanhei o pote de água e comida do chão, em seguida, levei tudo para o meu quarto, deixando Kami lá. — Deixarei ele no meu quarto esta noite, ele gosta de lá, vai ficar tudo bem. — Falei ao voltar para sala.

— Eu também não sabia que era alérgico... Obrigado por cuidar de mim, Yuri. — O homem disse levando sua mão até meu rosto.

— Vou pegar as bebidas! — Desviei de seu toque e voltei para a cozinha. — Agora a sua roupa está cheia de pelo de gato, quer algo para limpar?

— Está tudo bem, irei jogar essa roupa no lixo assim que eu sair da sua casa.

— Credo, que exagero. — Falei, levando as garrafas e copos para a sala de estar.

— Não acha que é álcool de mais?

— Vou voltar a tomar os meus antidepressivos, então quero aproveitar até a última gota!

✘

Já era início de madrugada quando Sakusa começou a deixar visíveis os primeiros sinais de embriaguez e, por incrível que pareça, eu estava me controlando bem, mesmo que minha visão estivesse turva há alguns minutos.

— Toque mais uma música. — Ele pediu.

— Não dá. — Afastei a guitarra do meu colo e descansei o objeto no chão, ao meu lado. — Já não estou conseguindo tocar os acordes corretamente.

Inclinei meu corpo para pegar a garrafa e beber mais, porém, a mesma já se encontrava vazia.

— Você levou o termo "até a última gota" á sério demais. — Ele diz.

— Então você vira piadista quando está bêbado? 

— Nada passa despercebido pelos seus sentidos perspicazes, não é, Yuri-kun?

— Piadista e sarcástico, pelo visto...

— Seu rosto está começando a ficar vermelho. — Ele diz levando sua mão ao meu rosto.

— Pare! — Eu seguro seu pulso. — Por que você está tentando fazer isso a noite inteira?!

O homem se aproxima de mim de forma intimidadora, me olha por vários segundos antes de finalmente me dar uma resposta.

— Eu quero tocar o seu rosto desde o dia em que encostei acidentalmente em sua bochecha. Então, por que você continua se esquivando? O que há de errado com voc-...

Antes que o homem pudesse terminar de concluir sua frase, eu o empurro contra o assoalho, me sento em sua cintura, apoio minhas mãos no chão ao lado de sua cabeça e inclino meu corpo para me aproximar dele.

— O que há de errado comigo? Eu estou te fazendo um favor, Sakusa!

— Do que você está falando?