Foi algo rápido e desesperado. Júlia olhou para Henry, eu olhei para Henry. Júlia olhou para mim com um sorriso enorme, eu arregalei meus olhos para ela. Júlia se levantou da cadeira como um flash e correu na direção de Henry assustando ao mesmo.
Acabei me levantando também e fui até ela enquanto ela encarava Henry com um sorriso.
- Er... bom dia? - Henry riu de nossas expressões.
- O que vai fazer amanhã, Henry? - Júlia perguntou de forma direta o pegando de surpresa.
- Bem, acho que nada. Eu ia tirar para descansar, na verdade. Sem me preocupar com faculdade ou provas. - Ele respondeu e Júlia tocou em mim com seu cotovelo e um sorriso. - Mas, por que a pergunta?
- Nós duas e mais uns amigos vamos passar o dia no chalé da montanha e temos um passe sobrando. Aí a Anne... - Júlia me empurrou me fazendo dar um passo para a frente. - Queria saber se você quer ir com a gente.
Encarei Júlia e ela apenas sorriu para mim. Voltei a olhar para Henry que tinha seus olhos focados em mim e abri um sorriso torto.
- Chalé da montanha? Eu adoraria. - Henry respondeu com um sorriso. - Quanto preciso pagar?
- É de graça, bobinho. - Júlia sorriu e me catucou com o cotovelo novamente. - Eu vou subir para tomar um banho, depois você passa para ele o horário pelo celular. Eu vou te mandar. - Ela piscou para mim e foi para os fundos da livraria. E é claro que antes dela se afastar, ela fez questão de esbarrar em mim propositalmente me empurrando mais para Henry.
Olhei para cima encontrando seus olhos e senti meu coração acelerar de novo. Eu realmente não entendia o porquê do meu corpo reagir dessa maneira sempre que Henry estava por perto.
- Ta tudo bem? - Ele perguntou. - Você parece melhor do que ontem.
- Está sim. - Assenti. - Lavei um certo tempinho para tirar a tinta azul do meu cabelo... - Passei a mão nas pontas do meu cabelo fazendo ele rir. - Mas fora isso está tudo bem sim.
- Nenhuma tinta seria capaz de fazer você ficar menos linda mesmo. - Ele tocou minha cabeça com um sorriso e se dirigiu a uma das mesas.
Segui Henry com meu olhar enquanto sentia meu coração acelerado. Ele me causava aquilo, e eu me sentia, de alguma forma, bem.
Um cliente entrou na livraria tirando minha atenção e eu o cumprimentei, logo depois voltei para de trás do balcão.
Me sentei atrás dele e fiz algo que não era do meu costume: Colquei fones de ouvido para ouvir música.
Não era questão de que eu não gostar de música, na verdade eu amava. Mas não era algo que eu apreciava poucas vezes só quando me dava muita vontade, e naquele momento eu tive.
Enquanto a música Mirrors do Justin Timberlake tocava nos meus fones, eu acabei abrindo um dos livros de romance que eu estava lendo mas não tinha acabado.
***
Seus olhos, quando me atingiam, me passavam a sensação mais sublime. Era como se nossos olhares conversassem um com o outro e nos conectassem.
Eu era apaixonada por ele, não tinha dúvidas, e sabia que faria de tudo por aquele garoto.
***
Sorri feito uma idiota. Eu shippava muito aquele casal e torci por eles o livro inteiro. E é lógico, eu desejava encontrar um Nick Losk para mim.
Meus olhos fugiram das páginas e, SEM QUERER, focaram em Henry que fazia uma careta para o notebook.
Eu não podia deixar de notar que tudo o que Lilian ( a personagem principal ) sentiu no começo era o mesmo que eu sentia quando estava com Henry.
Eu me sentia envergonhada, meu coração acelerava, minha bochecha corava sempre que ele se aproximava e eu ficava com um sorriso bobo sempre que ele ia embora.
Analisei seu belo rosto esculpido e me perguntei se eu estava me apaixonando.
Eu me lembrava de cada momento ao lado dele com perfeição. Me lembrava de como ele chegou na livraria coberto por neve e com o nariz vermelho. Me lembrava da vergonha que passei dizendo que estava procurando um brinco. Me lembrava de sair para mostrar a cidadr para ele e me sentir avontade como se já o conhecesse à anos. Me lembrava dele me levando ao seu estúdio de pintura e fazendo de tudo para que eu ficasse mais animada.
Estava olhando para ele quando ele também olhou para mim. E diferente das outras vezes, eu não me joguei no chão ou fiquei envergonhada, eu me concentrei naqueles olhos.
Nossos olhos estavam se encarando enquanto a música soava em meus ouvidos. Meu coração palpitava e parecia que não tinha mais ninguém ali dentro além de nós dois.
Nos encarávamos nitidamente, mas nenhum dos dois pareciam estar incomodados com aquilo.
Aquilo durou alguns segundos, até que nós dois sorrimos ao mesmo tempo, o que deu lugar uma risada pouco tempo depois.
Ninguém entendia, mas nós sim, e era isso que importava.
Eu poderia não estar apaixonada, mas gostava dele. Só isso poderia explicar toda essa conexão que eu tinha com ele. Mas... será que ele sentia o mesmo?
[...]
- Ai Thor... - Murmurei enquanto travava a livraria no fim do dia. - As vendas não foram muito boas hoje. - Me virei para ele que estava sobre uma das mesas e encostei-me na porta. - Espero que seja apenas porque hoje é sábado.
Olhei para uns livros postos sobre uma das mesas e fui até ela para pegá-los. Contudo, assim que levantei-os, notei que tinha um molho de chaves. Haviam chaves que pareciam ser de casa e um chaveiro com a sigla LA, além de um chaveiro de pincel.
- Isso é do Henry? - Perguntei para mim mesma e no instante seguinte ouvi batidas na porta.
Eu balancei a cabeça rindo já imaginando que era Luke e fui até a porta.
- Não disse que viria jantar aqui hoj... - Estava abrindo a porta e parei de falar quando vi Henry parado do lado de fora. - Henry?
- Eu cheguei na hora do jantar? - Ele perguntou rindo.
- Han? Er... desculpa. - Ri de mim mesma dando um passo para trás para que ele pudesse entrar. - Eu pensei que era o Luke. Ele sempre aparece do nada para jantar.
- Ah... - Ele riu. - Eu vim porque perdi minha chave. Cheguei no dormitório da faculdade e não consegui entrar. - Henry fez uma careta. - Você o achou? Tem um chaveiro de Los Angeles que minha mãe me deu e de um pincel. - Ele perguntou com as mãos em cima dos bolsos da calça enquanto olhava pelo chão.
- Sim. - Fui até a mesa novamente e o peguei. - Aqui. - Segurei as chaves na frente dele e ele sorriu aliviado.
- Que alívio! Pensei que tivesse perdido. Já estava me preparando para dormir no corredor do dormitório porque nem janela para pular tem. - Ele falou me fazendo rir.
- Eu tinha acabado de achar quando você chegou. - Assim que acabei de falar, Thor miou chamando nossa atenção, provavelmente por fome.
- Oh cara, nem falei com você. - Henry foi até ele e olhou para mim. - Posso pegar ele? - Ele perguntou e eu assenti.
- Só cuidado porque ele solta bastante pelo e sua blusa é preta. - Me aproximei deles enquanto Henry pegava Thor no colo. E Thor amava colo.
- Olha, ele aceitou. - Henry olhou para mim surpreso. - O gato da minha mãe nunca gostou de mim. Eu chegava perto e ele saía correndo. - Ri do modo que ele falou e fiz carinho em Thor.
- Ele gosta de colo. É um tremendo manhoso. - Falei aproximando meu nariz de Thor e o mesmo fechou os olhos como sempre fazia.
Contudo, acabei olhando para Henry naquele momento. Estávamos perto. Perto demais.
Meu coração acelerou como nunca e eu senti minhas mãos tremerem. Minhas bochechas começaram a queimar e eu tive ainda mais certeza de que realmente sentia algo por ele quando não impedi que aquilo acontecesse.
●●●
Continua...
![](https://img.wattpad.com/cover/243156787-288-k590132.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Café, Um Livro E Um Amor ( A Garota Da Livraria )
RomanceEm uma livraria pequena e aconchegante localizada em Deadwood, Dakota do Sul, uma jovem de 20 anos, apaixonada por leitura e apreciadora de arte, trabalha para manter o local que herdou de seus falecidos pais. A mesma vive uma incansável rotina mo...