Por mais que seus olhos me causasse a melhor sensação, eu acabei deixando de olha-lo. Era óbvio que eu estava envergonhada.
- Seu cabelo é ruivo natural? - Henry perguntou tentando me deixar avontade novamente.
- Sim. - Assenti olhando a praça. - Mas nenhum dos meus pais eram. - Ri. - Algumas pessoas da escola me zuavam falando que eu era adotada ou que minha mãe havia " pulado a cerca ". Mas eu nunca liguei pra isso. Sei que meus pais nunca me esconderam nada.
- É tão bonito o modo como fala deles. - Henry sorriu.
- É que... - Parei de falar e olhei pra ele. - Ai, Henry, me desculpa. Era para eu estar te mostrando a cidade, e não contando sobre minha vida. - Balancei minha cabeça o fazendo rir. - Bem... - Olhei de um lado para o outro. - Ali. - Apontei para atrás de nós o fazendo se virar. - Fica a papelaria mais utilizada pelos estudantes aqui em Deadwood. Imagino que será útil para você. Também tem uma outra menorzinha que fica um pouquinho mais longe.
- Eles imprimem apostilas e essas coisas ali?
- Sim sim. Eu já fui muito socorrida por eles. Eu podia ser nerd, mas tinha vezes que eu só me lembrava do trabalho no dia. - Fiz uma careta.
- Ah é mesmo? - Henry riu.
- Principalmente os que os professores passavam na sexta-feira. Acha mesmo que em plenos sábados e domingos eu me lembraria que o professor de matemática passou trabalho? - Balancei a cabeça negativamente.
- Ah, então era com matemática? - Henry assentiu rindo. - Não se esquecia dos de literatura? - Ele sorriu convencido.
- Então... - Sorri mostrando os dentes e Henry riu de novo. - Mas é que na maioria das vezes eu já tinha lido. É que tipo, os trabalhos de literatura eram ler um determinado livro literário de algum período e explicar seu ponto de vista. Mas eu já havia lido praticamente todos. - Ri de mim mesma. - Eu amava livros literários de época e essas coisas. Era legal entender o significado.
- Ah, então ta certo. - Ele assentiu.
- Aí, e ta eu falando da minha vida de novo. - Ambos rimos. - Desculpa, Henry.
- Não se desculpe, Anne. - Henry sorriu.
- Ok, voltando ao assunto " Deadwood ". - Dei ênfase no nome da cidade. - Ali tem um mercado... ali uma farmácia... ali uma ... - Estranhei. O lugar para onde apontei costumava ser uma loja de antiguidades, mas agora estava fechada e parecia estar em obras. - Costumava ser uma loja de antiguidades.
- Parece que está reformando. - Henry falou olhando na direção do local.
- Bem... - Voltei a apresenta-lo as coisas que tinham ali no centro, mas logo nós voltamos a andar. - Que tipo de coisa você gosta de pintar, Henry?
- Ah... - O mesmo sorriu olhando pro chão enquanto tinha suas mãos nos bolsos de seu casaco. - Eu pinto o que me inspira. Se eu olho para uma paisagem e aquilo me inspira, eu tenho prazer em reproduzi-la. Então não tenho um foco apenas, já pintei paisagens, pessoas... depende da energia que me passa.
- Hmm... - Assenti. - Isso é legal. Conseguir olhar para algo, sentir inspiração e conseguir reproduzi-la.
- É. Mas faz um bom tempo que nada me dá inspiração o suficiente para que eu pintasse algo realmente bom. Acho que porque agora estou estudando e focando muito nisso. Na real, as vezes tenho medo de olhar a arte como trabalho e começar a ser muito técnico. Entende?
- Sim. - Assenti. - Tem medo de que como agora está estudando arte e tem meio que a " obrigação " de fazer direito, suas pinturas acabem se tornando algo mecânico e não um modo de expressão.
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Um Café, Um Livro E Um Amor ( A Garota Da Livraria )
RomansaEm uma livraria pequena e aconchegante localizada em Deadwood, Dakota do Sul, uma jovem de 20 anos, apaixonada por leitura e apreciadora de arte, trabalha para manter o local que herdou de seus falecidos pais. A mesma vive uma incansável rotina mo...