A Forma das Nuvens | ChangHyuk

parte 4 - it's a fine line between loving you and dying

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A Islândia tem uma posição privilegiada na busca às luzes do norte e é um dos destinos preferidos dos caçadores. Minhyuk tinha pesquisado muito sobre a viagem e tudo havia corrido perfeitamente bem para uma primeira vez, exceto a parte principal: em sete dias, o grupo fora contemplado apenas com uma aurora fragmentada nos céus do vilarejo, um espetáculo que durou muito pouco e não satisfez os aventureiros.

A noite de ano novo, porém, prometia surpresas que nem ele e nem Changkyun premeditaram. Depois de percorrer uma estrada deserta rumo às margens de um lago congelado, os guias dispuseram barracas para que os turistas pudessem aproveitar a passagem do ano de forma mais confortável e escolheram um local de onde poderiam ser ouvidos os fogos de artifício - mas não vistos, afinal, as cores que esperavam captar viriam da natureza e não do choque de pólvoras.

Era um grupo grande, quinze pessoas e três guias, e embora fossem apenas quatro barracas, Changkyun e Minhyuk acabaram sozinhos enquanto os guias atendiam os demais. Eram famílias em um passeio bem diferente, por isso pais e filhos preferiram unir-se num mesmo espaço, deixando os coreanos desconhecidos em uma privacidade que foi muito bem vinda.

Apesar disso, todos dividiram seus lanches e dançaram as músicas tocadas na caixa de som de um dos adolescentes, divertindo-se na despedida de mais um ano. Era visível a vontade de cada um em ter seus objetivos concretizados e a expectativa em ganhar a visita de uma aurora boreal num momento tão decisivo corria pelas veias de todos os presentes.

Changkyun já estava ajeitando sua câmera quando os primeiros recortes surgiram no céu, criando uma euforia em todos os espectadores e Minhyuk percebeu que aquele era um presente e tanto no antepenúltimo dia da viagem. Sorriu quando percebeu que tinha fitado Changkyun por tempo demais e ajeitou seu equipamento a fim de captar as luzes que se formavam de forma lenta sobre suas cabeças.

— É tão lindo, hyung — Changkyun murmurou quando ele se aproximou e o Lee riu.

— Vamos torcer para que ela ganhe volume.

A aurora parecia tímida diante de olhares tão otimistas, mas seus vários tons de verde se tornaram grandes labaredas queimando devagar na profundeza do céu noturno. Eram como grandes pinceladas que também se refletiam no lago, criando uma conexão única e esplêndida.

Os garotos nunca haviam imaginado que ela seria tão bela. Suas câmeras não eram capazes de captar toda a perfeição que agraciava seus olhos e seus corações batiam depressa, quase como se a aurora fosse um grande rastro de sereia os encantando com notas que não eram cantadas, mas vislumbradas.

Ela durou muito. O suficiente para que os guias chamassem a atenção de todos para que realizassem a contagem da virada juntos. Risos foram ouvidos e o coro dos números decrescendo ganhou energia. Dez, nove, oito, Minhyuk chegou mais perto de Changkyun e eles sorriram um para o outro. Sete, seis, cinco, as câmeras foram abaixadas e o Lee tocou a cintura do mais novo com a mão livre. Quatro, três, dois, os casais vizinhos já estavam se preparando para o tradicional beijo de ano novo e Minhyuk sentiu algo se revirar dentro de si, sem muita certeza do que pretendia, os olhos de Changkyun fitando os seus.

Um.

O som dos fogos explodindo invadiu seus ouvidos num tom distante e pouco claro, mas presente. Minhyuk não agiu, mas Changkyun impulsionou-se para frente e selou suas bocas sem se importar com os julgamentos alheios. Os lábios rachados doeram com o contato, mas a quentura do ato fez o corpo todo do Lee estremecer. Não foi um beijo rápido e nem passageiro como os segundos abrindo alas para os novos trezentos e sessenta e cinco dias; foi um beijo intenso e tão certo que quando eles se separaram, ainda ficaram colados um ao outro, as testas se tocando e os olhos fechados, quase como se a aurora os cortasse pelo meio, correndo entre seus corpos e dentro deles.