Eu poderia escrever outra carta de amor pra você, daquelas que nunca serão entregues, eu tenho milhares delas, empoeiradas no fundo da gaveta que costumava ser sua. Na última carta eu disse que seria a última dedicada a você, mas o papel em branco me encarou a manhã toda, quase que implorando pra eu contar mais um dos nossos momentos pra ele e eu, não tão forte quanto pareci, cedi a aquela folha suplicante mais uma história de amor.
O sol leve e o vento fraco avisavam que seria um dia daqueles, de se guardar no coração. Eu sempre falei demais e confesso que adorava como você nunca me me cortava, olhava sorrindo pra mim e me pedia pra contar mais uma história e eu sem o menor senso começava tudo de novo. Lembro das promessas que fizemos, das que não cumprimos porque não deu tempo. Lembro que naquele dia você me deu um presente bobo, eu agradeci e fiquei estranha por um tempo, você ficou incomodado, achando que tinha feito algo errado. Me abordou com calma e perguntou se eu havia me ofendido, obviamente eu respondi que não, sorri um pouco e disse a você que só estava feliz, não era comum me tratarem assim, eu sempre tive amores pesados, depois de muito tempo eu aprendi a observar os detalhes, tudo está nos detalhes, essa leveza me fazia estranha e feliz...
Eu sei que nunca vou conseguir transcrever em palavras o que sentimos, uma vez um desconhecido sábio disse que amor não se explica! Concordo plenamente, amor é pra ser sentido, e a gente sentia, transbordava! A questão é que nem tudo é sobre amor e nem todos os fins são sobre a falta dele. Tinha amor de sobra e maturidade que faltava, não sabíamos lidar com o que tínhamos e eu tenho uma teoria: ou você aprende a lidar com o amor, ou ele desiste de lidar com você. Talvez ele reconheça que não foi feito pra joguinhos, ele quer ser levado a sério, quer simplicidade, quer que todos os pedaços do seu coração sintam, talvez ele valorize os pequenos momentos, talvez ele goste das borboletas na barriga, da pupila dilatada, da garganta seca, de saliva e de palavras, talvez ele dê mais valor aos primeiros eu te amo, ou a aqueles momentos em que o tempo simplesmente para, em que tudo simplesmente some, e no fim são só vocês três, você, a pessoa que você ama e o amor. Eu tenho uma teoria: Talvez ele goste de assistir a todos os meros detalhes que fazem alguém se apaixonar, talvez até ele suspire com os beijos e chore com as brigas.
Talvez isso fosse o que faltava em nós, simplicidade, observar os meros detalhes, no fim tudo virou rotina, era cômodo estarmos juntos, fazermos sempre as mesmas coisas, era simplesmente mais fácil sentir o básico do que provocar todos os hormônios dos nossos corpos só para testar os limites do amor, se é que houvesse algum...
E por fim, eu tenho uma última teoria, talvez o próprio amor não aguente ver pessoas se perdendo nele, a minha maior teoria é que ele acompanha cada detalhe da nossa história brega de amor e torce por nós, mas ele também nos põe limites quando percebe que nem todo mundo consegue lidar com a ideia de transbordar de amor e acaba, se afogando nele, aí ele simplesmente seca; suspira decepcionado; compreensível e se vai, possivelmente pretendendo voltar mais tarde, depois que aprendermos a amar ou, quem sabe até nadar.
No fim das contas o amor só quer amado, mas quem da a garantia de que se pode amar em meio a superficialidade?
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Cartas Para A Droga Do Amor
PoetryEssas são linhas escritas para os amores da minha vida boba. São para aqueles amores que me fazem suspirar; Para aqueles amores que me arrancaram o coração; Para aqueles amores que poderiam ter sido incríveis; Para os amores que nunca serão; E para...