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Stephen

Ayla passou os últimos três dias na minha casa e sob minha supervisão. Eu não fui trabalhar, coloquei a Ingrid no meu lugar. Ela ainda está de folga da empresa dela, só estava resolvendo umas coisas para o dia da volta, mas aceitou de boa ir cuidar das reuniões no meu lugar. Eu passei todas as instruções para ela e fiquei aqui cuidando dessa baixinha teimosa. Ayla teve febre os três dias seguidos, mas graças a Deus doutora Sandra disse que não é nada grave, eu a fiz vir até aqui examina-la para ter certeza de que ela realmente estava bem e apta a ficar em casa. Agora estou deitado na cama enquanto Ayla está distraída com o videogame. Ela não sabia jogar, mas eu a ensinei para que ela conseguisse se distrair pelo menos um pouco durante os dias de repouso. Ela não pode mover muito o braço, e eu estou agoniado com a marca que fica no peito dela, vi algumas vezes quando a doutora veio trocar o curativo. Mas, bom, tudo bem. Ela precisa disso para ter uma vida melhor, ninguém merece passar por tudo o que ela já passou em tão pouco tempo! Em menos de um ano eu acompanhei parte do que ela já passou ao longo da vida dela, não gosto nem de imaginar o quanto ela sofreu antes do marcapasso. Enquanto ela joga, estou entretido com o site de passagens aéreas decidindo por nós dois para onde vamos. Ela deixou tudo nas minhas mãos, disse que não está em condições para decidir alguma coisa e que prefere ser surpreendida. Para alguém que se submeteu a uma cirurgia tão grave e prezava tanto pela vida animada, ela está bem. Não exatamente bem, mas está se adaptando a essa "nova vida" para ter uma melhor condição. Eu sei que vai demorar um tempo até a ficha dela cair, mas são poucas exigências, com o tempo ela se acostuma e volta a ser a garota animada de sempre. Ela não quer mais usar as roupas dela, Ayla está se negando a todo ponto colocar algo que seja dela. Tanto que está usando apenas meus moletons todos os dias já que também se nega a sair da cama e ir dar uma voltinha em casa. Doutora Sandra disse que é primordial que ela se mexa um pouco, mas é claro que Ayla como sempre prefere um caminho complicado e está se negando a seguir as recomendações médicas. Eu estou a apoiando, apesar de tudo. Minha preocupação é com a saúde mental dela, porque a saúde física eu sei que está boa, mas não posso dizer o mesmo para sua cabeça cheia de ideias conturbadas.

A Indonésia me parece um ótimo lugar, ou mais especificamente, Bali. Estou separando um hotel bom por lá, acho que fará bem a ela passar um tempinho desligada de toda essa loucura que vem acontecendo em sua vida, e a praia é um ótimo lugar. Ela adora a praia, então será um momento de paz para aquele coraçãozinho tão amargurado. Pressiono o botão e clico em comprar passagens. Eu poderia pegar emprestado o avião da empresa, mas não vou fazer isso, ainda mais para privilégios pessoais. Além do mais o pessoal tem uma reunião importantíssima em Nova Iorque ainda essa semana, deixarei o avião sob comando da Ingrid para que ela leve a equipe até lá. Ela vai cuidar da empresa por mim, não tem absolutamente ninguém melhor do que ela para fazer isso no lugar. Eu até poderia dar o privilégio de deixar Tyler no comando, mas aposto que ele abusaria do poder e acabaria brigando com um dos meus funcionários, então é melhor manter distância da minha sala. E nele eu não poderia confiar cem por cento os meus documentos importantes, ainda não confio naquele sujeito depois do que ele fez com a Ayla, uma amiga tão próxima dele, imagina o que poderia fazer comigo.

- O que acha de Bali? - sussurro para Ayla, atraindo seus belos olhos azuis aos meus. Ela está tão viciada no jogo que debaixo dos olhos há uma pequena bolsa escura de olheiras. Ela não tem dormido muito bem, já reparei seu incômodo por não poder dormir de lado por enquanto. Ela tem tido que dormir de barriga para cima, o que para ela deve ser como tortura já que ela sempre dorme agarrada a um travesseiro e com um travesseiro debaixo da perna. Ou agarrada comigo, que seja. - é um bom lugar para relaxar e eu acho que você vai adorar as praias!

- Você já foi para lá?

- Uma vez. Eu ainda era novo, fui com meus pais em uma viagem de férias e curti bastante! Só não tanto porque estava longe das redes sociais, e como você deve imaginar isso é a morte para um adolescente! - sorrio. Ela não retribui, apenas volta a olhar para a televisão onde volta a jogar - mas como agora tenho você comigo, ficar longe da internet não será um problema. Depois de adulto eu entendi que momentos de paz são raríssimos!

Eu Te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora