Capítulo VII

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Charlotte estava descansando, deitada na espreguiçadeira olhando para o céu azul através das folhas da videira. Bocejando olhou as horas no relógio de pulso, e reparou no bronzeado de sua pele muito satisfeita. As caminhadas que dera até a casa da avó de Alex e os banhos de mar douraram sua pele; além disso, graças à saborosa comida, engordara um pouco. Sabia que nunca se sentira tão bem e estivera tão bonita como agora.
Mas este tempo de autocontemplação estava começando a despertar dentro dela uma certa ansiedade. Já fazia mais de seis semanas desde a partida de Alex e, além daquela visita de George, não tinha recebido notícia sobre ele ou sobre quando pretendia voltar. Já disse­ra a si mesma uma centena de vezes que não se importava, que não desejava que ele voltasse, mas bem no íntimo isabia que estava adiando o inevitável. Mais cedo ou mais tarde ele voltaria ou as razões pelas quais ela estava na ilha se cumpririam, e até serem.
  
 
Ao mesmo tempo, havia horas em que se lembrava do que Eleni dissera a respeito de ele não querer voltar. Aquelas eram coisas duras de aceitar. Ao mesmo tempo, também, não conseguia entender por que isto a perturbava tanto, exceto pelo fato de o tempo ser o maior remédio, pois já fizera apagar os aspectos mais terríveis daquela madrugada. Não podia realmente ser tão ruim, pensava ela zangada, ou as pessoas não continuariam a se reproduzir com tanto entusiasmo. Mesmo assim, estremecia ao pensar no que Alex tinha feito.
Ouviu passos no pátio e viu Tina, que trazia um bule de café. Ultimamente Charlotte tinha aversão a café, mas chocolate lhe fazia muito bem.
Sorrindo, jogou as pernas para fora da espreguiçadeira, pondo os pés no chão e sentando-se, mas imediatamente teve que se segurar porque ficou completamente tonta. Sentiu então um pouco de enjôo e ficou muito pálida.
— Kyria! — Tina colocou a bandeja na mesinha e aproximou-se dela. — Kyria, está se sentindo mal?
Charlotte sentiu que a tontura diminuía e, conseguindo olhar para Tina, procurou acalmá-la:
— Eu... eu estou bem. Tina — respondeu, passando as costas da mão na testa úmida. — Não sei o que aconteceu. Senti uma tontura de repente. Acho que foi o sol. Estive aqui fora muito tempo. Vou tomar o chocolate no salão.
— Posso ajudá-la em alguma coisa? — falou Tina, olhando para ela com preocupação.
— Não, obrigada! — e se levantou, sentindo-se mais aliviada. — Estou bem.
O salão estava agradável; Charlotte sentou-se confortavelmente num sofá. Tina colocou o chocolate na mesinha ao lado e insistiu:
— Está certo de que não deseja que eu chame Maria, Kyria?
— Certíssima. Não se preocupe, estou me sentindo muito bem. — E, forçando um sorriso: — Provavelmente estou engordando mui­to com toda esta comida que vocês me dão.
Mas, depois que a criada saiu, Charlotte não pode esquecer o que acontecera. Uma suspeita inquietante crescia dentro dela. Seria possível que alguma coisa estivesse causando esta letargia, esta súbita aversão a coisas de que anteriormente gostava? E agora esta tontura? Não era tola, mas inexperiente, enfrentando uma realidade até então desconhecida para ela. Sua mão percorreu a pele macia do ab­dome, que aparecia sob a calça de cintura baixa. Não sentiu nada, mas o que poderia ser depois de apenas seis semanas?
Agora tremia, quando um pouco antes sentira calor. Será que estava grávida? Será que um acontecimento tão importante teria tido um começo tão desastroso? Seus joelhos tremiam. Sentia-se assusta­da, pura e simplesmente assustada, e não havia ninguém a quem pudesse se dirigir e explicar seus temores.
Evidentemente, era sua culpa não ter pensado nisto antes. Mas, como tinha repentinamente mudado de vida, havia pensado que tal­vez isto tivesse afetado suas funções fisiológicas. Era o que imaginava. E não era bastante experiente para descrer de uma confidente na escola, supostamente muito bem informada, que lhe tinha dito que a fertilização do óvulo só se dava quando a mulher sentia tanto prazer quanto o homem nas relações sexuais... Era difícil acreditar que um ser humano pudesse resultar daquela brutal possessão de Alex, e certamente ela não sentira nenhum prazer.
Pensou em Eleni, mas rapidamente afastou essa possibilidade. Por mais que gostasse e respeitasse agora a velha senhora, era ainda a avó de Alex, e este assunto Charlotte não tinha coragem de abordar. Era algo muito pessoal, muito íntimo, e se recusava a discutir com qualquer pessoa. Entretanto sabia que teria que discutir um dia!
Mal prestando atenção no que fazia, derramou um pouco de chocolate na xícara e tornou a bebida automaticamente. O que uma pessoa fazia se ficasse doente em Lidros? Se alguém quisesse ir ao médico? Não acreditava que existisse algum médico na ilha, mas certa­mente uma pessoa não precisaria ir até o Pireu ou a Atenas para ver um médico!
Franziu a testa, preocupada. Teria que perguntar a uma das moças ou a Maria. Quem sabe a uma das moças seria melhor. Maria era muito esperta e, com um pouco de imaginação, descobriria o que estava tentando esconder.
Depois do almoço, Charlotte foi fazer a sesta, como sempre costumava fazer, em seu quarto.
Mas hoje estava muito excitada para dormir. Todos os tipos de pensamentos e possibilidades voltaram à sua cabeça, e ela olhava para o teto, imaginando qual seria a reação de Alex. Naturalmente, ficaria encantado. Era o que ele queria, afinal de contas. A razão de sua presença ali tornara-se realidade. Agora saberia que era só questão de tempo conseguir o herdeiro que tanto desejava.
Charlotte achou curiosamente desagradável tal constatação. Pas­sou a mão por seu corpo e se espichou sensualmente. Era impressionante pensar que podia haver a presença de outro ser crescendo dentro dela. Um sentimento de proteção e posse tomou conta dela, uma constatação maravilhosa de que era capaz de gerar um filho. Acabou dormindo, e acordou no fim da tarde, as sombras do sol alongando-se nos tapetes que forravam o chão. Espreguiçou-se e sentou-se na cama, mas sentiu a mesma tontura que tivera no pátio pela manhã. Estava com enjôo novamente e esperou até que a tontura passasse antes de tentar sair da cama. Então, pensou, a evidência está cada vez maior. Mas aquilo a deixava muito insegura.
Quando chegou ao pátio, depois de tomar um chuveiro e vestir um vestido leve de linho verde, encontrou Eleni esperando por ela. Ficou surpresa. Não tinham combinado se encontrar, e a princípio imaginou que talvez ela trouxesse notícias de Alex. Seus lábios tremeram. Será que tinha acontecido alguma coisa?
Mas Eleni estava calma, quando, desviando os olhos das flores que estivera apreciando, voltou-se para cumprimentar a esposa de seu neto.
— Oh, como vai você, Charlotte? Tem dormido até tarde estes dias, não? — exclamou sorrindo.
— É preguiça, yaya — respondeu com firmeza. — Maria já lhe ofereceu chá?
— Chá? Não, não quero chá. Estou aqui porque Maria mandou me avisar que você não passou bem esta manhã.
— Oh, oh, entendo! — exclamou Charlotte, apanhada de surpresa.
— Mas devo dizer que você me parece muito bem, agora — murmurou Eleni.
— Estou bem, estou bem — falou Charlotte, um pouco sem jeito. — Não era, não era nada. Um pouco de sol demais, só isto. Maria se preocupa muito. E agora, aceita um pouco de chá?
— Se insiste, acho que devo — Eleni ainda estava preocupada. — Tem certeza de que está bem?
— Já lhe disse. Estou ótima. Não se preocupe. Nunca se sentiu indisposta?
— Lógico que sim — respondeu Eleni, mais calma. — Muito bem, Charlotte, sinto muito, mas o bilhete de Maria me assustou. E também... Está uma tarde muito bonita para se ficar sozinha.
Apesar de tudo, depois que Eleni partiu, Charlotte ficou imaginando o que Maria teria escrito, e do que as duas mulheres estariam suspeitando. Agora, visitar um médico sem levantar suspeitas era praticamente impossível.
Na manhã seguinte, Charlotte sentiu-se violentamente enjoada e tonta, logo que tentou sair da cama. Sentou-se, o quarto girava a sua volta; admitiu então que não conseguiria manter o segredo por muito tempo.
Infelizmente, Tina escolhera aquele momento para bater à porta e, embora Charlotte não tivesse forças para responder, entrou. Levou segundos para perceber o que tinha acontecido e, sacudindo a cabeça, insistiu para que Charlotte voltasse para a cama. Charlotte ten­tou protestar, mas não adiantou. Além disto estava se sentindo mui­to mal para reagir. Teve a vaga impressão de que Tina saíra e volta­ra. Sentiu, então, no ar, o cheiro de um desinfetante de limão. Estava recostada nos travesseiros com os olhos fechados, doente, assustada e desoladamente sozinha.
Sentiu uma mão fria em sua testa e, abrindo os olhos, viu Maria, que olhava para ela, ansiosamente. O carinho da velha criada a desarmou e Charlotte sentiu as lágrimas rolarem pelas faces pálidas. Maria, balançando a cabeça, acariciou os cabelos de Charlotte, afastando-os da testa e prendendo-os atrás das orelhas. Depois perguntou:
— Agora está se sentindo melhor, não está?
— Um pouquinho — respondeu Charlotte, soluçando muito.
— Então, por que está chorando? Sabe que o que está acontecendo não é motivo para chorar, não sabe?
— O que, o que está dizendo?
— Já tive muitos filhos. Então pensa que não sei por que uma jovem tem enjôo? Kyrios Alexandros vai ficar tão feliz. Kyria Eleni. Vou mandar chamá-la...
— Não! Não, por favor, Maria — protestou Charlotte, agarrando, a mão de Maria. — Não diga nada a ela. Eu... Eu mesma vou lhe contar, mas... Ainda não!
— Ah, entendo, Kyria, quer que Kyrios Alexandros seja o primei­ro, a saber, sobre seu filho. E por que não? É assim mesmo que deve ser. Vou dizer a Sofia para ir até a vila e contar a Vittorio. Ele pode ir até o continente mandar uma mensagem... 
— Não! — e Charlotte mergulhou a cabeça nos travesseiros. — Isto é... Bem, não há pressa. Alex... Alex vai voltar o mais cedo que puder. Não quero preocupá-lo.
— Preocupá-lo, Kyria? — Maria estava atônita. — Ele não vai considerar isto uma amolação! Há muitos anos, Kyria Eleni está esperando que ele se case, esperando por um bisneto. Ambos vão ficar... encantados!
— Bem, eu não estou encantada — murmurou Charlotte.
— Mas vai ficar — falou Maria, sorrindo. — Todas nós temos que sofrer um pouco no começo.
— Um pouco? E por quê? Por que nós? — reclamou Charlotte, indignada. — Por que os homens podem passar por isto sem sofrer nada?
— Por que o mundo é assim — respondeu Maria, calmamente.  — Agora, descanse um pouco. Logo vai se sentir bem novamente.
E foi assim. Como Charlotte tomasse muito cuidado, ao se levantar pela segunda vez, não sentiu mais tontura, somente o estômago vazio lhe causou certo mal-estar.
Apesar disto, nas manhãs seguintes, relutava em se levantar. Descobriu que passava muito melhor se comesse alguma coisa antes de sair da cama; um simples biscoito seco fazia maravilhas. Ao cabo de uma semana estava acostumada a esta espécie de precaução e podia sentir que seu corpo se adaptava à nova condição.
O que mais a preocupava agora era a prolongada ausência de Alex. A cada dia que passava, mais se convencia de que o que Eleni dissera  era verdade. Ele estava ausente propositalmente. Mas, por quê"? Que razão poderia ter? E por que ela não mandara a mensagem, como Maria tinha sugerido? A velha criada a reprovara, mas por outro la­do não tinha elementos para entender as razões de Charlotte. Numa das noites seguintes, já bem tarde, Charlotte ouviu um ruído de motor de lancha. Naquele silêncio, qualquer barulho se tornava audível, e Charlotte ficou de bruços para ouvir melhor. Pensou em bandidos e terroristas, mas logo abandonou estes pensamentos. Certamen­te não era a única a ouvir e, além do mais, a vila ficava bem mais próxima do canal. Ao mesmo tempo, era enervante ficar ali deitada no escuro, imaginando quem poderia ser. Pensou em Alex, mas ele sempre usava o helicóptero e além disto tinha certeza de que manda­ria avisar, se fosse voltar.
O motor parou e o silêncio voltou outra vez. Charlotte suspirou desapontada. Quem quer que fosse, não poderia querer encontrá-la de pé àquela hora. Era quase meia-noite. Naturalmente, poderia ser George, para avisá-la que Alex ia voltar.
Virou de costas outra vez e atirou longe as cobertas. Estava uma noite quente e a camisola já lhe oferecia proteção suficiente. Abriu os olhos na escuridão. Se fosse George, será que alguém viria lhe avi­sar? Ou ele iria esperar até de manhã. Ela se mexia, sem sossego. A curiosidade fez com que se levantasse naquela hora mesmo para ver quem era.
Não tinha ouvido mais ruído algum e respirou aliviada. Quem sa­be tinha se enganado?
Quase desmaiou de susto quando a porta do quarto se abriu e um vulto alto entrou no quarto, fechou a porta e encostou-se nela. Ime­diatamente Charlotte soube quem era!
— Alex?! — exclamou surpresa. E, com um suspiro, ele atraves­sou o quarto e acendeu o abajur da mesinha de cabeceira.
Sua primeira impressão foi de que ele estava bêbado. Ele se balan­çou um pouco ao olhar para ela ali deitada. Então percebeu que ele estava exausto. Estava com olheiras, mais magro, o rosto com rugas de preocupação.
— Acordei você? Sinto muito — falou com voz inexpressiva.
— Por que não me avisou que vinha? — perguntou Charlotte. — George está com você? Você veio na lancha?
— Vim numa lancha, sim. — Alex estirou as espáduas, com um gesto cansado. — E George não está comigo. Estou sozinho.
Sozinho?
— Sim, sozinho — falou pesadamente. — Você vai bem? — E, vendo que ela se protegia com as mãos, falou com um olhar cínico.
— Não se preocupe. Não vou exigir meus direitos conjugais. Estou muito cansado.
— É melhor você se sentar, senão vai cair. Quer que eu arranje alguma coisa? Um café, um sanduíche?
— Não, nada, obrigado — respondeu Alex, sentando-se pesada­mente na cama.
— Comi agora há pouco, no avião. — Apoiou a cabeça nas mãos.
— Só preciso dormir um pouco, mais nada.
Charlotte olhou para sua cabeça pendida. Agora não era hora de fazer ou responder perguntas. Não sabia por que ele tinha resolvido vir sozinho e por que tinha vindo para seu quarto e não para o dele. A não ser que quisesse saber se ela ainda estava lá. Sua respiração se acelerou e viu, para seu espanto, que ele estava adormecido. Ador­mecido... e ali! Em sua cama!
Olhou para ele, desorientada, por mais alguns momentos e, como viu que não despertava, tirou-lhe o paletó e ajeitou-o na cama. Ele gemeu e descontraiu-se, enterrando a cabeça nos travesseiros, sem ao menos abrir os olhos. Charlotte ficou de pé, com o paletó nas mãos, indecisa, Depois, com um gesto de impaciência, jogou-o numa cadeira.
Em seguida tirou-lhe os sapatos, colocando-os sob a cama, olhou para suas calças com dúvidas. Ela devia ou não devia? E, afinal, ele usava cuecas, não era? Não podiam ser mais reveladoras que um calção de banho. Pondo de lado as dúvidas, desafivelou o cinto, bai­xou as calças até os quadris. Parou por momentos e por fim desnu­dou-o colocando as calças na cadeira.
O que poderia acontecer? Alex estava exausto e dormia. Charlotte deu um suspiro, apagou a luz e subiu para a cama, ao lado dele. Ele nem se mexeu e a cama era bastante larga para permitir um espaço entre eles. Charlotte virou para o lado e fechou os olhos.
Acordou com o peso de um braço sobre seus seios e as pernas de Alex estavam sobre as suas, o calor de um corpo a seu lado. Imedia­tamente lembrou-se do que aconteceu na noite anterior e virou a ca­beça procurando ver se Alex estava acordado. Mas não estava.
Com ele ao lado, o peso de seu braço sobre ela, sentindo o cheiro quente de seu corpo, Charlotte teve uma curiosa sensação de segu­rança. Teve que se controlar para não levantar a mão e tocar seu rosto.
Desprezando sua fraqueza, tentou tirar as pernas debaixo das de­le, mas isto o despertou. Seus olhos se abriram e olharam dentro dos dela, e o desejo incontrolável que demonstravam a fez estremecer. Ela sabia que tinha de se mexer, de fugir dele, mas parecia hipnoti­zada por seu olhar. Quase em câmara lenta, sentiu o braço sobre seus seios se moverem até sua nuca. Vagarosa, mas intensamente, ele trouxe seu corpo palpitante mais para perto e, sem pressa, come­çou a beijar seus ombros de pele sedosa. Afastou as alças da camisola e beijou seu pescoço, descendo até o vão entre os seios.
— Alex... — falou chocada. — Alex, por favor. — Mas ele não prestou atenção a seus protestos. Ele estava preocupado em desper­tar nela o conhecimento de seu próprio desejo e uma estranha letargia se apossou do seu corpo e não teve força de fugir dele. Sentia-se atraída para ele, seu desejo aumentava e suas mãos começaram a procurar aquele corpo firme e musculoso que a puxava para debaixo dele. Suas bocas então se encontraram e toda a resistência acabou.
— Meu Deus, Charlotte — murmurou, enterrando o rosto em seus cabelos —, como pude ficar longe tanto tempo?
Charlotte não respondeu. Ela não era mais responsável pelo que fazia, seus braços em volta do pescoço de Alex, segurando sua cabeça e trazendo sua boca para a dela. Ela queria que continuasse e, se pensasse o que estava provocando, não se importava. Não naquela hora, pelo menos. Seu corpo pedia satisfação e seu raciocínio estava inteiramente dominado pelo desejo. Quando ele a possuiu, estava disposta a sofrer em silêncio, mas foi dominada por forças que não sabia existirem dentro dela. Foi envolvida por uma onda de prazer, transportada a um mundo dourado que Alex parecia compartilhar. Com um grito abafado, ela abraçou-se mais a ele, sem se importar com mais nada.

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