Capítulo 3

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Tivemos que esperar em uma fila para entrar no baile, atrás de uma divisão colocada no fundo do ginásio. A vice-diretora Lessa estava recebendo os ingressos e supostamente checando para ver se estávamos com hálito de bebida alcoólica, mas o sorriso de vencedor de Luke e uma tremenda temporada de futebol conquistaram um vigoroso cumprimento com a cabeça e um sorriso da mulher, e então nós quatro estávamos lá dentro, no baile.

As fotos dos formandos estavam sendo logo na entrada, quando chamaram nossos nomes, eu e Jamie fomos de mãos dadas, sorrimos para as câmeras – havia duas de fotografia e uma de vídeo que transmitia tudo para um telão pendurado na parede - e saímos juntos. As arquibancadas do outro lado do ginásio estavam lotadas de alunos do último ano animados e alguns doidões, uma parte torcendo para seus casais favoritos, mas a maioria zoando toda a produção do baile.

Durante os cinco segundos de fama de Luke e Brianna, ele deu nela o que foi descrito por duas meninas ao meu lado como um beijo no rosto "perfeito", e Brianna preencheu o telão com um sorrido doce e incrível, e o pessoal da arquibancada, até o pessoal rancoroso que estava sem par na fileira de trás, fizeram um aaawwww como as pessoas fazem quando um filhotinho de cachorro aparece em algum filme na televisão. Só que esse não foi o momento do baile que me marcou.

Outros momentos que não me marcaram incluíram a primeira dança, cujos pais e curiosos tiveram permissão para assistir e que foi ao som de "Wonderwall", do Oasis, que eu amava, mas não fez o momento ser menos vergonhoso. Luke e Brianna não tiveram muito tempo para intimidades, já que a mãe dela ficava interrompendo os dois a cada dois segundos para sorrir e posarem. Porém, quando olhei para o casal, eles pareciam muito felizes e totalmente bêbados. Jamie e eu estávamos recebendo o mesmo tratamento fotográfico de Mary e da mãe dele, mas eu ficava nos girando ao redor de outros casais para nos manter longe das lentes. Fiz isso tantas vezes que Mary, em um momento, puxou meu paletó, perguntando por que nós dois não podíamos "simplesmente dançar como pessoas normais para que ela pudesse tirar uma foto, cacete".

Depois que os pais foram embora e começaram a tocar um monte de músicas mais agitadas, descobri que Jamie sabia de fato dar dançar, o que nunca imaginei que ela soubesse. E então discretamente fomos para o banheiro feminino do corredor do segundo ano, o mais longe do ginásio, onde nós quatro facilmente chegamos sem sermos descobertos, para beber o resto da garrafa de Jim Beam, mas tivemos grande dificuldade de voltar. Apesar das salas de aula e os corredores da escola estarem "estritamente proibidos", provavelmente para prevenir o tipo de atividade que estávamos fazendo, havia apenas alguns poucos inspetores nos corredores, já que a preocupação maior era a fonte de ponche.

Enquanto Jamie fazia jus ao seu vestido todo preto, deslizando em silêncio pelo corredor e pelas escadas para garantir que a área estava limpa, Luke e Brie aproveitaram o momento e se beijaram mais naquele banheiro do que já tinham se beijado antes na minha presença. E ainda assim, aquele não foi o momento que me marcou, apesar de ter doido muito.

O momento que mais me marcou foi algumas músicas, talvez sete, antes do DJ nos agradecer pela presença e acender as luzes do teto, indicando o final da festa. Brianna, e até mesmo Jamie, estavam reunidas com outras amigas tirando fotos e mais fotos, Luke me chamou para ir com ele até o carro, com um sorriso no rosto, e disse baixinho:

— Eu trouxe algo para a gente, mas as meninas não podem saber.

Ele não precisou perguntar duas vezes, além de estar curioso, eu sempre dizia sim para tudo que Luke pedia.

O carro estava estacionado muito longe e fomos quietos até o local. Chegando no local, Luke tirou dois baseados do bolso, agitando os no ar.

— O irmão de Emma Bennet que me arrumou essa merda — disse sorrindo — Aparentemente esse negócio é o melhor que ele já fumou antes — garantiu ele, e então pegou um isqueiro Bic verde e acendeu um dos baseados, dando o primeiro tapa, segurando a fumaça e soltando com uma tosse.

— Desde quando você fuma? — Perguntei, um pouco magoado por ele nunca ter me contado.

— Nunca fumei, bobo, e eu quis fazer isso com você, por isso te chamei aqui.

Não consegui evitar de sorrir como que ele disse, estiquei a mão para pegar o baseado e dar meu primeiro tapa. Fiz exatamente como Luke, traguei segurando a fumaça nos pulmões e soltei depois de um tempo, conseguindo, satisfeito comigo mesmo, não tossir. Me senti leve, feliz e relaxado, tudo parecia tão distante e, ao mesmo tempo, mais próximo que o normal.

Luke estava me entregando o baseado para eu dar o segundo tapa quando do nada, começou a chover e tivemos que entrar no carro. Na hora não me importei com o cheiro que iria impregnar no carro do vovô e continuamos a tragar no banco traseiro do carro.

— Você e a Brianna já... transaram? — perguntei sem pensar, me arrependendo instantaneamente e me xingando por estar chapado.

Luke pareceu não ligar para a pergunta.

— Não, a Brie quer esperar, já estamos juntos há quase um ano, ela disse que seria em algum momento nesse verão... Você e a Jamie já? — ele perguntou olhando nos meus olhos

Suspirei antes de falar:

— Você sabe que eu e Jamie somos só amigos, ela é como se fosse minha irmã.

Luke sorriu com a resposta

— Você não se incomoda de ainda ser virgem?

— Não, você incomoda que eu ainda seja?

Silencio, isso que se seguiu pelo próximo minuto que mais se pareceu uma eternidade. Resolvi dar mais uma tragada no baseado.

— Você se lembra daquele verão? — Luke falou tão baixo que quase não percebi que estava falando — Aquele em que a gente se beijou.

Meu coração se acelerou, não tocávamos nesse assunto desde que ele tinha criado uma regra pedindo para esquecermos o que tinha acontecido.

— Lembro

— Por que a gente parou? Digo, por que a gente parou de se beijar? — Luke olha intensamente para mim e meu coração se acelera mais ainda.

Inspiro profundamente antes de responder, mesmo depois de três anos, ainda doía muito tocar nesse assunto.

— Porque você decidiu que o que a gente fazia era errado e duas semanas depois tava saindo com a... qual era o nome dessa mesmo? Amanda.

— Eu me arrependo disso.

E de repente meu coração, que estava tão acelerado, parecia que tinha parado de bater, senti vontade de chorar, mas segurei pra não fazer isso na frente dele.

— Eu me arrependo de ter parado de te beijar.

Não tive tempo nem de assimilar o que Luke tinha acabado de falar, porque ele me puxou pela nunca e me beijou. E eu o beijei de volta. O Luke estava me beijando. O meu melhor amigo por quem estou apaixonado há mais de três anos estava me beijando.

O beijo dele era melhor que qualquer droga. Merda, como senti falta da sua boca na minha. Sentia arrepios enquanto ele passava suas mãos pelo meu corpo. Senti a eletricidade passando para minhas mãos enquanto as passava pelo seu corpo. Eu tinha certeza de que tinha morrido e ido pro céu, não queria parar de beijá-lo nunca, e acho que nem ele queria, pelo jeito que me segurava em seu colo.

— Deus, como eu senti falta dos seus beijos — Luke falou enquanto tentava recuperar o folego

Eu não conseguia evitar sorrir que nem um bobo.

— Eu tamb...

— MAS QUE PORRA É ESSA? 

Misbehaving - EDITANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora