Sempre achei que não conseguir se apegar era normal. Para mim, eu apenas nunca tinha encontrado a pessoa certa. Até encontrar Camila no meio do caminho.
Mila foi completamente incrível desde o começo. Ela não é apenas linda de aparência, a menina é gentil por natureza e eu nunca havia me sentido tão acolhido por alguém.
Quando a loira aceitou namorar comigo, eu senti meu coração prestes a explodir de felicidade e eu estava disposto a fazer de tudo para fazê-la sorrir.
Até me deparar com que sempre me perseguiu: o medo de não ser bom o suficiente para ela. Isso passou a me causar ansiedades e uma aflição de aprofundar minha relação a ponta dela saber meu lado mais sombrio.
A decepção que eu a causei, me quebrou ao meio e foi quando percebi que precisava de ajuda. Não poderia ser normal não conseguir não ser um otário e estragar tudo.
Chego na clínica psicológica que a universidade oferece aos alunos e me sento para esperar ser chamado. Abro o livro que eu trouxe e começo a ler. Assim que Harry Potter chega a Hogwarts pela primeira vez, um cabelo azul me tira da minha leitura.
Uma garota entra e vai até a recepcionista. Ela está usando uma jardineira preta, com correntes pendendo de seus bolsos. Seus cabelos pintados vão até o meio das costas e recheados de dreads que combina com seu estilo. Sua pele negra reluzente contrasta com o azul das madeixas.
— É só aguardar que você já será chamada. — escuto a recepcionista falar.
— Valeu. — a menina responde.
Abaixo meus olhos para o livro rapidamente para não ser pego a olhando. Ela se senta duas cadeiras longe de mim, encosta a cabeça na parede e fecha os olhos.
Arrisco uma olhadela discreta e sou pego no flagra.
— Algum problema? — ela pergunta.
— Não... Não... Só gostei do seu estilo. — gaguejo, nervoso.
— Valeu. Eu gostei do seu livro.
— Já leu Harry Potter? — puxo assunto.
— Para mim, se a pessoa nunca leu, ela tem um caráter suspeito.
Concordo com a cabeça.
— Tem todo sentido. — confirmo.
— Ei, você não é o menino que traiu a namorada na cara dura?
Respiro fundo e passo a mão no rosto.
— A universidade toda está sabendo, então.
— Óbvio que sim. Uma traição não pode sair impune não. Aliás, você está aqui por isso?
Assunto com a cabeça.
— Uma traição não pode sair impune. — repito suas palavras.
— Isso é bom. Essa história de "sou quebrado, porque sofro na vida" é chato para um cassete.
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Resenha Paixões | Livro de contos
RomanceUm livro de contos que traz história hilárias e fofas de personagens secundários que também merecem que sua história seja contada. Resenha Paixões traz contos de dores e amores.