Aquele em que Malfoy me salva

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Gael me esperava no pé da escadaria, como sempre, seus cabelos castanhos e mais compridos do que o normal estavam alinhados em um topete discreto, a barba dando indícios de crescimento e os olhos cor de mel semicerrados em minha direção. Diferente do costume ele não vestia um terno completo, o paletó deveria ter ficado em algum lugar e ele vinha apenas com a camisa branca dobrada até o cotovelo e o colete preto por cima.

Jaime se aproximou da escadaria assim que percebeu a minha presença, aparentemente estava dando a boa e rápida vasculhada pela casa. Diferente do filho, vestia um terno completo, com desenhos profanos dourados marcando o tecido preto de seu paletó, os cabelos estavam devidamente cortados e um alto topete subia em sua cabeça, com fios brancos perdidos aqui e ali, nenhum resquício de barba em seu rosto e seus olhos negros evitavam olhar diretamente para mim.

-Nina... – Jaime Pandolfi, o atual sumo sacerdote da igreja da noite não se diferenciava muito do ultimo, eles costumavam andar sempre muito parecidos com os padres do falso Deus, diferenciando-se somente com a elegância que faziam questão de esbanjar, em suma maioria eram arrogantes o suficiente para se acharem superiores a qualquer um e isso era perceptível desde a maneira como ele parava em pé até a maneira como respirava – Sempre com roupas tão coloridas... – Seu tom era de desaprovação.

Olhei rapidamente para baixo apenas para conferir que não havia feito uma combinação estranha na pressa de se vestir pela manhã e encontrei uma blusa turquesa e calças pretas simples, o pingente de pedra vermelha brilhando em meu peito como de costume. Em comparação a Jaime e seu filho, eu realmente era um arco-íris.

-E os cabelos sempre selvagens querida. – Gael se aproximou, enrolando na ponta dos seus dedos um dos meus cachos de molinha, talvez eu realmente não os tivesse alinhado depois de acordar mas isso não importava, estavam tão macios nos últimos dias para Gael encostar sua mão sebosa neles. A retirei com um tapa. – Não seja rude. – Sua mão apertou meu pulso, sua voz demonstrava raiva mas seu gesto foi totalmente oposto, ele apenas me deu um beijo na bochecha, por Satã eu queria tanto limpar a baba que ele deixou em minha bochecha!

-Os cabelos cacheados fazem parte da moldura filho, realmente é um belo e delicado quadro habitado por uma jovem selvagem – Jaime segurou a ponta de meu queixo, me forçando a olha-lo – Olhos verdes como o de sua mãe...

-Se os senhores vieram aqui para analisar a minha aparência eu poderia ter-lhes mandado uma foto, tenho coisas mais importantes a fazer – Me desvencilhei bruscamente do toque do sumo sacerdote e caminhei em direção a área externa, na intenção de ir até a botica.

-Receio que terá de adiar seus compromissos por algumas horas Bridget Bishop...

-Viemos acertar alguns detalhes do casamento e... – Gael andava pela sala, analisando-a, procurando algo diferente.

-Não vejo para que tanta preocupação, irei lhe matar durante nossa lua de mel – Sorri com desdém.

-Não se eu lhe matar primeiro – Gael possuía fúria nos olhos.

-Veremos quem enterra quem primeiro, querido.

-O senhor das Trevas me incumbiu, pessoalmente eu devo ressaltar,– Padre Pandolfi se orgulhava de dizer aos quatro cantos do mundo que Lúcifer, o arcanjo caído o visitava periodicamente em sua forma carnal, ou quase carnal - de obter respostas da senhorita Bishop antes do casamento, para que não reste desconfianças entre os recém casados e todo o coven, isso poderia ser prejudicial a todos, você compreende Bridget? – A calmaria em sua voz me irritava – Se cooperar, não precisarei utilizar todo o arsenal que lhe preparei.

-E estragar a brincadeira? – Perguntei olhando-o nos olhos, o queixo na mesma altura do seu, tentando passar uma linguagem corporal de que ele não era superior a mim, apesar de seu cargo – Mas me responda uma pergunta antes Padre Pandolfi...

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