Aquele em que encontro um Malfoy

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Desde o desaparecimento repentino de minha mãe e um ritual bastante suspeito e desconhecido encontrado no chão de minha sala, todo o Coven suspeitava do meu envolvimento no sumiço dela, como se eu a tivesse sacrificado para um "bem maior", como se eu tivesse a capacidade de tal crueldade com alguém do meu próprio sangue.

O problema não era essas falsas acusações mas sim a sensação de solidão e vulnerabilidade que aquela casa gigante me proporcionava sem ela, era quase impossível manter os feitiços de proteção, os negócios da família e procurar por ela tudo em apenas 24 horas de um dia normal, sem contar a punição que o Coven havia aplicado em mim pelo medo repentino de que eu conhecesse um feitiço poderoso e eles não, que eu não lhes contassem (algo que eu evidentemente não sabia) mesmo a base de tortura intensa e acredite, eu ainda tenho pesadelos com essas semanas sombrias. A primeira opção foi a minha expulsão do Coven, o que eu não poderia considerar de todo mal, conseguiria sobreviver tranquilamente no mundo humano apenas com as poções estocadas de mamãe, mas a ideia foi desconsiderada rapidamente, era engraçado vê-los com medo de praticamente uma criança em relação a eles, a segunda opção foi a prisão domiciliar indeterminada, achei entediante porém válida mas a opção escolhida foi o meu matrimonio com o filho mais velho do sumo sacerdote, uma tortura psicológica pela eternidade eu diria.

Encarei levemente enojada o anel de uma pedra única e brilhante no meu dedo, simbolizando o meu noivado com Gael, havia algum tipo de feitiço de ligação nele visto que eu não conseguia tirá-lo do meu dedo desde que o rapaz o colocou ali, no entanto, me certifiquei que aquilo não era nenhum tipo de feitiço de espionagem ou algo do tipo, com um ritual que quase arrancou a minha mão mas infelizmente Gal conseguia falar comigo de qualquer lugar e em qualquer hora do dia, como se aquele anel que usávamos simbolizando nossa futura união nos permitisse uma linha direta um para o outro, essa ligação eu ainda não consegui quebrar porém trabalhando nisso...

Orpheu, o meu familiar e também uma calopsita pequena e gordinha, voou desesperadamente para o meu ombro enquanto eu retirava um caldeirão do fogo, piando em meu ouvido como se estivesse gritando algo muito importante.

-Ei, ei carinha! –Tentei esconder o ouvido em que ele gritava enquanto colocava o caldeirão no lugar mais próximo desajeitadamente – Você poderia ter se queimado sabia? – Levei a mão até o seu peito tentando fazer um carinho mas Orpheu começou a voar em círculos em direção a sala, como se quisesse que eu o seguisse.

Orpheu como meu familiar, sempre me acompanhava para todos os lados e algumas vezes tentava inutilmente me proteger, o que eu achava fofo porém o seu extinto de calopsita barulhenta falava mais alto na maior parte do dia e ele simplesmente piava para tudo e todos que entrava na parte externa da casa, a botica de mamãe.

Respirei fundo e o acompanhei, já imaginando que seria mais um cidadão desesperado da cidadezinha vizinha, não respeitando as placas que nitidamente diziam que estavamos fechados.

-Eu ainda vou encontrar um feitiço para isso...- Murmurei para mim mesma enquanto virava a esquina do corredor que separava a cozinha da grande sala.

Para a minha enorme surpresa, havia um rapaz parado bem no centro da minha sala, um pouco atordoado e muito bem vestido com um terno preto um pouco amarrotado e sujo, aparentemente ele havia caído em algum lugar, os cabelos eram de um loiro quase branco e estavam desalinhados, sua pele extremamente pálida possuía leves arranhões em sua bochecha, deixando-as com um tom avermelhado no local. A presença dele ali me incomodou um pouco, os clientes não passavam da botica, nunca, havia um boato antigo de que a casa era assombrada, então os cidadãos chegavam no máximo até a botica apenas por motivos extremos, eles realmente precisavam das poções para algo e definitivamente ele não se vestia ou se comportava como um dos camponeses.

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