Aquele em que enfrentamos cães infernais

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-Você é teimosa em níveis que eu não consigo compreender – Sua voz demonstrava indignação enquanto me apoiava contra uma arvore, aparentemente enquanto eu tentava me comunicar com Nick devo ter perdido a consciência. Isso me deixava irritada, não estava tão machucada assim para não conseguir realizar magia sem desmaiar, era um ferimento na coxa que não deveria interferir em nada na minha habilidade magica, mas ainda assim, feitiços ficaram complicados e rituais exaustivos. – Se você está tentando se matar, eu poderia tê-la deixado naquela casa.

-Você não faria isso – Dei uma risada fraca, quase inexistente.

-Não é a primeira vez que deixo pessoas morrerem ao meu redor – Existia certa amargura em sua voz e talvez até arrependimento. – Eu...

Draco simplesmente desviou o olhar e se virou para frente, me impedindo de ver seu rosto. Era revoltante tentar manter qualquer tipo de conversa com ele, ou ele estava irritado e resmungando xingamentos silenciosamente, ou ele simplesmente cortava o assunto e fugia, nitidamente ele não lidava bem com diálogos.

-Você? – Tentei, mesmo já sabendo o que iria acontecer, retomar o assunto que ele havia cortado.

-Não é da sua conta.

Garoto arrogante.

-Você salvou a minha vida mas eu arrisquei ela por sua causa Draco Malfoy, acho que tenho o direito de saber quem é o rapaz pálido e metido que surgiu na minha sala de estar e eu estou tentando proteger!

-Você está tentando me proteger? Não consegue nem ficar em pé sem a minha ajuda! – Ele se virou novamente para mim, enraivecido, fazendo surgir uma veia pulsante em sua testa – É deplorável ver você aí, eu apenas sinto pena.

Draco não tinha noção de como as palavras poderiam machucar alguém. Meus olhos começaram a lacrimejar incontrolavelmente.

- Deve ser por isso que você estava testando um feitiço desconhecido não é? Não tem ninguém que faça a sua vida lá em seu mundo valer a pena, ninguém deve conseguir ficar tanto tempo perto de alguém como você Malfoy.

-O que você...

-Nina? – A alguns poucos metros de onde eu estava, consegui enxergar Nick caminhando tranquilamente com Orpheu em seu ombro pela floresta, meio desnorteado para onde ir. O rapaz tinha a pele branca e cabelos negros levemente encaracolados, as marcas faciais bem definidas e olhos negros, sempre vestia trajes completamente negros dando um ar sombrio a sua presença. Mesmo que eu os visse a essa distância, parecia que eles não me viam pela maneira como andavam em zigue zague.

-Nick! Orpheu! – Gritei de volta respondendo os repetitivos chamados de Nick pelo meu nome.

-Eles não escutam você, nem te vêem – Draco me informou secamente – Faz parte do feitiço que eu fiz.

-Então desfaça! – O olhei indignada.

-Não, não sabemos se podemos confiar nele e se...

-Sinceramente Draco, as vezes eu tenho vontade de amaldiçoar toda a sua linhagem... – Revirei os olhos e respirei fundo, agarrando o tronco de árvore para que pudesse me dar sustentação, senti uma fisgada junto com uma queimação na área machucada e soltei um gemido involuntário, Draco já estava de pé e se aproximando para me auxiliar – Eu não preciso da sua ajuda! – O empurrei o mais forte que pude.

-Para de ser assim tão teimosa!

-Cala a merda da boca!

Uma vez em pé, me arrastei em direção a Nick que ainda chamava meu nome e andava perdido junto a Orpheu. Eu não sabia até aonde ia ou como funcionava esse feitiço lançado pelo Draco então eu apenas caminhei em linha reta tentando sair dele o mais rápido possível.

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