Reencontro

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04 de Junho, de 2013

Chris abriu os olhos. Estava deitado em uma cama, num lugar onde parecia ser uma clinica. Sua mente ainda estava um pouco confusa sobre tudo que havia acontecido, mas ele lembrava com clareza o momento no qual Piers surgira em sua frente com o braço e olho direito completamente mutados. Eles nunca haviam visto uma coisa tão horripilante e maligna como aquela B.O.W. Com certeza, aquilo ficaria gravado na mente de Chris para sempre, e no corpo de Piers principalmente.

Chris levantou da cama, ainda se recuperando do estresse que sofreu. Vestia apenas uma camisa, e uma calça larga de cores claras. Um medico apareceu na porta, dando um sorriso.

- Ora, bom dia! Vejo que acordou disposto hoje.

- E que dia é hoje? - Chris perguntou.

- Hoje completa três dias que você e seu parceiro foram resgatados. Você está na base da BSAA. Dormiu por dois dias, mas vai precisar ficar em observação até vermos que você está apto para voltar às atividades.

- Onde ele está...? Piers...

- Sinto muito, não posso deixá-lo vê-lo ainda.

- Como assim? - Chris começou a ficar tenso.

- Fique calmo. Uma equipe preparada o neutralizou no resgate. Desde então ele vem recebendo doses constantes da vacina do C-vírus.

- Se é assim, por quê não posso vê-lo?

- O estado dele ainda é preocupante. Seu braço ainda encontra vestígios do vírus, além da maioria dos ossos estarem comprometidos. A única coisa que você conseguia dizer ontem era que aquele garoto injetou em si mesmo uma espécie de variante do C-vírus, e que com isso conseguiu derrotar uma criatura com o poder muito elevado à B.O.Ws normais. - O médico suspirou. - Acreditamos em uma cura, porém, o risco de não dar certo com este rapaz é enorme.

- Eu não ligo! Quero vê-lo agora.

- Como quiser, senhor Redfield. - O médico deu mais um suspiro, conduzindo Chris até o corredor.

Depois de passarem por alguns quartos, chegaram em um onde haviam dois soldados parados na porta, com armas equipadas. Chris franziu o cenho, olhando em seguida para o doutor.

- Deixem-no entrar. - Disse ele aos soldados.

Eles se afastaram, enquanto Chris se aproximou da porta, girando levemente a maçaneta. Quando abriu completamente, avistou Piers dormindo em uma cama, sem sua roupa de soldado, sendo monitorado por vários aparelhos, o olho direito enfaixado com gazes, o rosto ainda com sinais do C-Vírus, e o braço direito escondido por baixo dos lençóis, formando uma alta elevação ao lado do jovem. Provavelmente ainda estava mutado. Uma agulha comprida repousava no antebraço esquerdo de Piers, possivelmente mandando as doses para a cura que ele precisava.

Chris fechou a porta atrás de si, e não hesitou em chegar mais perto. Ainda de pé, segurou o rosto do mais novo, encostando sua testa na dele. Não conseguia expressar o tamanho da felicidade que sentia por ver seu parceiro novamente. Depois de tantas dificuldades que passaram juntos, Chris só queria um momento tranquilo com ele.

- Meu garoto. - Disse Chris.

Foi quando Piers abriu o olho devagar e se deparou com Chris praticamente em cima dele.

- Capi..tão! - Disse, corado. Sua voz saiu meio fraca, devido a sedagem, logo em seguida desviou o olhar, tendo vergonha de ser visto daquele jeito pelo mais velho, assim tão de repente.

- Que bom que você acordou, Piers. Estava muito preocupado. Não sabia se veria você de novo...

Houve um momento de silêncio.

- Como estão as coisas do lado de fora? - Perguntou Piers olhando pro lado, claramente preocupado. - O Haos... Ele morreu com certeza, não é mesmo?

- Creio que sim, e isso graças a você. Nem sei como retribuir... Você me salvou. Salvou a nós dois. Você teve muita coragem. - Chris falou pousando a mão no ombro bom de Piers, o encarando com serenidade.

- Não acho que ter injetado um vírus letal no próprio corpo tenha sido coragem... Foi mais desespero. - Piers encontrou os olhos do capitão. - Eu não pensei em mim. Apenas consegui pensar em você, nos nossos companheiros que morreram combatendo esses malditos... Na humanidade... Eu não tive escolha, Chris.

- Eu sei. Foi algo super arriscado. Mas você está aqui. Estão tratando de você, e logo vai embora desse lugar.

- Ei, capitão. - Piers sorriu de leve. - Se eu conseguir sair dessa, será que conseguirei voltar a atirar? Meu braço foi pro saco...

Ele tentava levar aquilo com a maior tranquilidade possível. Chris admirava isso nele.

- É. Me disseram que as chances de reverter o vírus completamente é muito baixa. Provavelmente se conseguirem, terão que fazer uma reconstrução total, eu acho. Depois disso quem sabe algumas sessões de fisioterapia. - Chris respondeu.

- Tudo isso, doutor? - Piers sorriu divertido. Logo em seguida, Chris também riu pela forma com que falou. - Parece até um profissional.

- Quando se trata de você, eu preciso ser. - Chris diminuiu o riso. - Não precisa se preocupar. Você já conhece os princípios desde o básico ao avançado. Com um pouco mais de treinamento especial, vai ser fácil pra você. Além disso, ainda é possível atirar, mesmo com um olho.

- Você é tão otimista que acaba ofuscando minha lógica. - Piers não conseguiu segurar uma risada, mesmo fraca.

- Sei que dei muitos problemas pra você. - Disse Chris, sério. - Te fiz revirar cidades por seis meses atrás de mim, e tudo isso, pra me trazer de volta à ação. Eu não estava nenhum pouco otimista naquele momento. Nem sabia quem eu era. Você acreditou no meu potencial. - Ele abaixou a cabeça, mas continuou a falar. - Essa vida é dura. Eu não aguento mais perder as pessoas que são importantes pra mim... Pessoas que confiam suas vidas a mim.

Piers ficou observando com atenção enquanto seu capitão falava. Aquela era a conversa mais longa que os dois tinham desde muito tempo, mesmo antes da última missão.

- E isso se aplica a você também, Piers. Se eu te perder, não sei o que faço. Acho que desistirei de tudo. Eu prometi a você nas instalações que se saíssemos de lá, tudo seria diferente. Não deixaria que meus momentos de impulso pusessem-nos mais em perigo. - Ele voltou a olhar para o rapaz. - Eu quero você sempre do meu lado... E não esqueça - Chris continuou. - do pedido que lhe fiz.

- Mas, capitão... - Piers respondeu um pouco indignado. - Chris... - Corrigindo em seguida. - Eu disse que não me sentia preparado para isso. Mesmo tendo consentido... Olhe o meu estado. Eu não posso ser capitão. Não posso te substituir, você precisa continuar. - Ele suspirou. - Eu estarei sempre ao seu lado.

Os dois se entreolharam por alguns instantes. Chris tentou lhe dizer algo, quando a porta foi aberta.

- Senhor Redfield. - Era o doutor. - Preciso que venha comigo para procedimentos médicos.

- Que bobagem... - Chris sussurrou apenas para que Piers ouvisse. - Estou indo. - Disse por fim ao homem. - Eu volto aqui amanhã pra ver como você está, okay?

- Por mim, tudo bem. Acho que não vou sair daqui por um bom tempo. - Piers sorriu.

- Até logo. - Chris respondeu, se afastando aos poucos da cama, indo de encontro ao médico.

Antes de saírem, ele deu uma última olhada naquele garoto valente. Chris tinha esperanças de que ele pudesse voltar a ter uma vida, um futuro maravilhoso na BSAA, sendo sempre seu fiel e honrado parceiro. E essa esperança era tudo que importava.

O capitão fechou a porta atrás de si, começando a caminhar junto ao médico pelo corredor. Logo em seguida os soldados se posicionaram novamente com suas armas em mãos.

Juntos outra vez (NIVANFIELD)Onde histórias criam vida. Descubra agora