D.o.i.s.

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O velho curandeiro trocava o pano cheio de ervas do rosto do cavaleiro adormecido.

Seus dedos calejados tremiam, o que não prejudicou a firmeza das suas mãos, nem sua sabedoria em cuidar de ferimentos.

A ferida no rosto de Gawain parecia melhor, contudo, seu conhecimento era bastante escasso no quesito magia.

Alguém bateu na porta da casa de madeira, no segundo seguinte, a voz profunda e cansada de Buckminster foi ouvida:

— Senhor, Arzur? Sou eu, o conselheiro real, Buckminster. Venho aqui a pedido do rei Dalibor.

O curandeiro suspirou, dando uma rápida conferida em Gawain, que ainda estava apagado.

Saiu do leito, arrastando seu corpo pesado para a porta.

Buckminster sustentava olheiras escuras no rosto marcado por linhas de preocupação.

— Boa tarde, curandeiro.

— Boa tarde, senhor. O que deseja? — perguntou, cordialmente, os olhos vividos analisando o homem com curiosidade.

— Vossa majestade quer saber como está Sir. Gawain.

Arzur balançou a cabeça e abriu mais a porta, dando espaço para ele entrar.

— Entre, por favor — pediu, sendo atendido em seguida. — Sir. Gawain está melhorando a cada dia, porém, meus conhecimentos não são abrangentes a ponto de ajudá-lo mais rápido.

— Meu mensageiro disse que ele ficava repetindo sobre uma bruxa — comentou Buckminster, seguindo o curandeiro até o leito. — Conseguiu mais informações?

— Não muitas. Ele só gritava e às vezes pedia para tirarmos a bruxa de perto dele — disse Arzur, parando perto da cama que Gawain estava. — Como pode ver, ele ainda está desacordado. Estável, mas desacordado.

O conselheiro real analisou o cavaleiro, focando no pano que cobria o olho direito.

— O corte foi profundo?

— Não muito. O que me preocupa é que ele foi feito com o uso de magia. Negra. Magia negra. — Limpou a garganta. — Preocupa-me que haja certos danos, como ele estar desacordado há quase quatro dias.

Buckminster respirou de forma audível. Aquilo era um dos últimos problemas que ele esperava ter que resolver em sua vida.

— Continue cuidando dele e qualquer mudança, avise-me.

— Avisarei, senhor — garantiu, Arzur. — Algo mais?

— Não, voltarei para o castelo antes que escureça.

Conferindo uma última vez Gawain, Buckminster saiu, sendo seguido por Arzur que o acompanhou até a porta.

— A partir de amanhã, começará o toque de recolher. E será bastante rígido, apenas cavaleiros e os soldados do rei poderão sair de suas casas — avisou o conselheiro real, do lado de fora da pequena casa. — Dalibor permitiu-me contratar caçadores de bruxas para que a normalidade em Hekseskog volte o mais rápido possível.

— E eles são bons? — questionou Arzur, nunca tendo visto algum caçador de bruxa em seus sessenta e sete anos.

— Os melhores — respondeu Buckminster, com convicção. — Meus informantes garantiram que eles são sérios com seu trabalho e rigorosos. Vão conseguir ajudar-nos.

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— Estamos quase chegando, senhora — informou Nuvem.

Scarlett sorriu levemente, mesmo que sua égua não pudesse ver.

O Natal das bruxas de HekseskogOnde histórias criam vida. Descubra agora