Especial de Natal: Presentes

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O ar frio da manhã trouxe consigo a euforia para muitos de Beacon Hills, aqueles que diante dos tímidos raios dourados já sentiam o calor das festas junto do aroma adocicado da mágica solidariedade tão marcante nesta época do ano.

As pequenas luzes cruzam ruas e avenidas, adornando postes enquanto retornam para dentro dos comércios, esses que motivados pelo espirito, tentam ao máximo abaixar seus preços para – vender mais – tornar mais acessível a chance de presentear entes queridos.

A neve falsa acumulada entorno do centro de patinação irá atrair as crianças pelo resto do mês, até a chegada de outra grande celebração, onde as luzes coloridas explodindo no céu conquistará boa parte dos moradores de Beacon.

Essa maioria com certeza não inclui Theo Raeken, talvez pelo fato dos estrondos o incomodarem a ponto de não o deixar dormir até a chegada do segundo dia do novo ano, – as vezes ele precisa esperar pelo terceiro – ou possa ser o fato da quantidade nula de pessoas que passam tal data ao seu lado.

Não, para o Raeken esse é o menor dos seus problemas, afinal ele já aprendeu a lidar com a solidão, acabando por torna-la uma amiga constante em sua vida.

O que de fato Theo não conseguia se acostumar, ou ao menos entender; é a persistência de uma pessoa que insiste em se fazer presente na sua vida, principalmente em datas como estas quando Raeken se isolaria em seu apartamento sem ter para onde ir.

Ao menos era o que ele fazia, até um pequeno e teimoso ser entrar em sua vida sem o seu consentimento.

Liam Dunbar é muitas coisas em sua visão: estranho, irritante, teimoso, desajeitado, ingênuo, estupidamente constante. A lista é tão extensa que se Theo continuasse a adicionar itens nela, possivelmente não passaria há fazer mais nada em seu dia a dia.

No seu emprego ele evitava completamente pensar na existência do outro, poderia ser um verdadeiro paraíso, – por mais insuportável que seu patrão fosse – se ele não levar em conta, é claro, que o causador das suas enxaquecas trabalha consigo.

Entretanto, graças a extraordinária sorte do Raeken, ele não exerce função alguma dentro da Casa, então ao menos poderia ter seus momentos de paz dentro de sua toca: O Carro.

É impressionante como Theodore Raeken é extremamente sortudo, pois em uma – fatídica – manhã daquele mês gélido, seu dever se tornou acompanhar Liam em uma entediante "hora das compras".

E então, aqui está ele, tendo serias dúvidas se não está sendo torturado enquanto anda ao lado do menor.

— Sabe, você bem que poderia me ajudar aqui — comentou Liam, ajeitando as várias sacolas em seus braços.

— Poderia, mas eu não sou pago para isso. Sou só o motorista.

— Jura? Achei que era meu guarda costas.

Vendo a sobrancelha acastanhada arquear, Liam ficou preocupado dela enganchar no cabelo do maior, porém sua preocupação se foi diante do olhar que Theo sustenta.

Por alguns longos segundos a impressão de estar sendo chamado de: "idiota", cruzou a mente do Liam, deixando com a familiar sensação calorosa em suas bochechas.

— Você veio por vontade própria, se quisesse, poderia ter ficado no carro. Pelo menos não ia ficar assustando as pessoas com esta cara de assassino — rebateu Liam, jurando a si mesmo que levaria um soco ao ver a mandíbula marcada do outro tensionar, porém o que veio lhe surpreendeu.

— Vamos logo com isso — resmungou Theo, mantendo as sobrancelhas franzidas, e agora com algumas sacolas do menor em suas mãos — Por que você comprou tanta coisa? A família deles não tão grande, caso não tenha percebido.

Ones-Shots ThiamOnde histórias criam vida. Descubra agora