Chapter 14 - May, 9th

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"É mais difícil falar sobre o que nos rompe o peito do que sobre o que nos transborda. Todos admiram o amor. Dor é reduzida ao refúgio das futilidades desses tempos. Todo mundo tem. É preciso coragem para compartilhar algo invisível. Gosto de uma frase que li recentemente: "desejo que você se cure daquilo que você não fala para ninguém".
Observação: desejo que você conte a alguém. Dividir também é caminho para cura."
@lizz_silva_

Despertei ao sentir uma pressão em minha cintura. Abri os olhos e fechei-os rapidamente quando a claridade do sol machucou minhas íris, forçando-me a colocar a mão próximo ao rosto. Engoli em seco e olhei para a janela que, por algum motivo, estava sem a proteção da cortina escura que tinha em meu quarto e permitia, assim, que a luz invadisse o cômodo. Xinguei mentalmente a mim mesma por não ter fechado as cortinas e, então, senti novamente a pressão em minha cintura.

Sorri quando minha visão delineou o braço de Jungkook envolto na região, me abraçando e me puxando para perto de si.

Eu pensava que não era possível meu coração explodir mais de amores por Jungkook até vê-lo dormindo ao meu lado. Ele ainda estava com os olhos fechados, em um sono sereno, e sua boca entreaberta deixava a respiração escapar por ali.

Eu era tão grata a ele que nem os melhores escritores do mundo seriam capazes de expressar em palavras tal sentimento.

Na noite anterior, depois que eu — desesperadamente, talvez — confessei a ele que o amava, foi de outro mundo ter escutado um "Eu também amo você." saindo de seus lábios vermelhos.

E é claro que eu não soube o que falar por um tempo, apenas fiquei lá, abraçada a ele, querendo de alguma maneira mantê-lo perto de mim, com medo de que tudo fosse um sonho e ele desaparecesse depois que eu abrisse os olhos de novo.

Mas ele continuou ali, da mesma maneira que ele continua aqui, deitado ao meu lado, com o edredom cobrindo metade de seu abdômen e seu perfume impregnado em cada tecido da minha cama. Toquei seu rosto suavemente, alisando sua bochecha e agradecendo mais uma vez aos céus por ter tido tanta sorte de encontrá-lo em minha vida.

Então, suas pálpebras se ergueram e suas íris escuras e desorientadas encontraram as minhas. Ele piscou forte e sorriu em seguida, franzindo as sobrancelhas.

— Eu poderia dizer pra não me olhar enquanto durmo, mas eu já fiz a mesma coisa com você, então... seria meio hipócrita da minha parte. — Sussurrou, com a voz rouca de sono. Ri baixo, subitamente me sentindo envergonhada por saber que ele ficou me observando dormindo. — Que horas são? — Perguntou, aconchegando mais meu corpo no seu e fechando os olhos.

Encarei o relógio digital na escrivaninha enquanto abraçava suavemente sua cabeça e acariciava seus fios castanhos.

— 7:15 da manhã. Você não tem que ir pro colégio?

— Tenho, mas não vou.

Ri mais uma vez, achando fofo o modo que aquela sentença saiu manhosa de seus lábios.

— Ok. Você já quer levantar? Eu tô com um pouco de fome, acho que vou na confeitaria comprar alguma coisa.

— Não, fica mais um pouquinho aqui comigo, Botan. — Ele escondeu seu rosto em meu pescoço, abraçando meu corpo e liberando a sentença com um tom tão manhoso que derreteria o coração de qualquer pessoa.

Recordei-me de minhas palavras na noite anterior e de como eu já estava toda sorrisos mesmo que ainda fossem sete horas da manhã. Realmente, Jeon Jungkook era alguém que me deixava leve e calma com uma facilidade incrível. Era tudo que eu estava precisando.

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