Somente quando a luz fraca do amanhecer adentrou o quarto é que eu finalmente consegui fechar os olhos e dormir. Passei a noite pensativa, atormentada com a confusão que se criava dentro da minha cabeça e do aperto incessante que tomava meu peito. Por que eu me importava tanto com Jungkook? Por que a ideia de vê-lo triste me entristecia mais do que a ideia de ver minha tia triste? O que estava acontecendo comigo?
Escutei batidas na porta por volta das dez da manhã. Tia Teruko me chamou para ir comer alguma coisa, avisando que iria sair dali a uma hora. Apesar da sonolência e da dor de cabeça, decidi me levantar e ir tomar café com ela, visto que eu pretendia voltar para casa hoje.
Sim, a madrugada me fez chegar à conclusão de que fugir de Jungkook — como minha tia já havia dito — era uma tremenda baboseira. Me afastar dele fisicamente não faria ele se afastar dos meus pensamentos. Que droga, isso soou tão ridiculamente apaixonado.
Assim, utilizando os prováveis únicos neurônios que ainda funcionavam na minha cabeça, eu decidi retornar para casa.
Após terminar minhas higienes matinais, me sentei na sala de jantar junto com minha tia para um café da manhã, mesmo que eu não estivesse, mais uma vez, com um pingo de fome.
— Bom dia. — Ela me saudou.
— Bom dia, tia. — Sorri e tomei a chaleira nas mãos, enchendo uma das xícaras e separando alguns onigiris em meu prato.
— Você está melhor?
— Aham. — Murmurei, ajeitando os hashis entre os dedos. — Um pouco. E a senhora, dormiu bem?
— Sim. — Respondeu, pegando um manju no centro da mesa e estendendo-o na minha direção. — Tome.
Revirei os olhos com sua atitude e ri, tomando o doce de sua mão e mordendo-o.
— Vai falar com o Jungkook hoje? — Perguntou, com a boca cheia de arroz.
— Sim.
— Boa garota. — Ela deu dois tapinhas em meu ombro, gentil.
O café seguiu calmo, com nós duas apenas comendo, interessadas em nossos pratos de proteínas matinal. Após 15 minutos, finalizamos nossa comida e tia Teruko se ofereceu para me levar em casa quando avisei que voltaria hoje. Subi as escadas e reorganizei minhas poucas roupas, checando meu celular.
Cinco mensagens não lidas.
Jungkook-san:
Ayumi-chan, você se importa se eu passar na sua casa mais tarde?
(Sábado, 08:00AM, 4 de maio)Jungkook-san:
Você está bem?
(Sábado, 12:00PM, 4 de maio)Jungkook-san:
Preciso falar com você.
(Sábado, 12:01PM, 4 de maio)Jungkook-san:
Ayumi-chan, por favor, responda.
(Sábado, 11:12PM, 4 de maio)Jungkook-san:
Sei que já disse isso, mas se precisar de qualquer coisa, Ayu-chan, pode me chamar. Por favor, espero que você fique bem. <3
(Sábado, 11:14PM, 4 de maio)Sentei na cama quando terminei de ler a última mensagem, completamente despedaçada por dentro. Funguei para evitar o choro iminente, triste por cada palavrinha contida naquelas mensagens, e culpada por cada segundo que agi como uma idiota.
Passei a costa das mãos sobre os olhos, lutando contra as lágrimas. Eu estava tão estupidamente sensível esses dias, que merda.
— Ayumi, vamos, querida! — A voz de tia Teruko me assustou, e tratei de fungar mais uma vez, respirando fundo para traçar o corredor até ela.
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Singularity Shop || JJK
FanficDesde que se entendeu por gente, Koyama Ayumi teve que lidar com a falta de seu pai ao seu lado, que havia morrido por conta de uma doença degenerativa grave. Passou parte da sua infância sendo uma típica criança saudável, mas quando chegou em seus...