Ainda sonolenta, joguei meu braço para o lado e tateei o colchão, subitamente sentindo falta do calor humano que me aquecia quando adormeci. Coçando os olhos, eu me sentei na cama e cruzei as pernas, buscando Jungkook pelo cômodo. O relógio marcava 5:15AM, e me perguntei qual o motivo para que ele não estivesse até aquele horário deitado, porque as aulas só começavam às oito da manhã. Preocupada com a possibilidade dele estar com a cara enfiada nos livros em algum outro lugar — porque ele não estava no quarto —, eu me levantei e caminhei até o corredor com passos arrastados e letárgicos, bocejando vez ou outra e tentando afastar o sono para que pudesse ter forças para encontrá-lo. Atravessei o corredor e estanquei meus pés no lugar quando escutei alguma coisa vindo de uma das portas. Semicerrei os olhos e pisquei para processar melhor as informações e ver se não estava imaginando coisas, mas a voz que passava pelas paredes e chegava até meu ouvido com certeza era real.
Aproximei-me da porta e encostei meu ouvido na madeira para clarear o som. É, eu não estava ficando louca. Mas... aquela voz era do Jungkook?
— You are all of my life, you are all of my life...
Engoli a saliva, sentindo que cada centímetro do meu corpo estava bem acordado naquele momento. Ele continuou cantarolando a música baixinho junto ao som das gotas do chuveiro, e era notável o tom afinado e bonito do garoto. Senti uma onda de sensações me invadir, e escorreguei minhas costas na parede para sentar no chão, adorando a maneira como meu corpo reagia àquela sublime e angelical voz que penetrava em meus tímpanos. Aquele ser humano realmente era bom em tudo? Inacreditável.
Permaneci ali pelo que pareceu uns dois minutos e, quando escutei o chuveiro ser desligado, eu rapidamente me levantei e voltei para o quarto, disposta a não ser pega em flagra bisbilhotando e apreciando Jungkook. Me sentei na cama e passei as mãos no cabelo, ainda afetada pelo que acabara de acontecer, mal percebendo o instante em que alguém entrou no quarto e parou na minha frente.
— Ayu-chan, você está bem? — O culpado pela minha mente conturbada questionou. Pisquei para sair do transe e poder respondê-lo.
— Ahn, sim, sim. Estou bem, Jungkook-san. — Forcei um sorriso, encarando-o e segurando as milhares de perguntas que eu tinha para fazer. E também segurando a vontade de obrigá-lo a cantar um pouquinho mais para mim. — Por que você está acordado tão cedo?
Assim que terminei de falar, gelei. Meu olhar caiu sobre a visão do abdômen definido de Jungkook bem na minha frente, e prendi a respiração, tensa, enquanto ele secava o cabelo na toalha que pendia em seu pescoço e caminhava até o closet de outro lado do quarto. Minha expressão abobalhada provavelmente não foi notada pelo mais velho — e eu estava muito feliz por isso —, então levantei o queixo caído e engoli a saliva na tentativa de não deixar transparecer o quanto eu tinha ficado afetada por uma paisagem daquelas logo após despertar.
Uma visão muito maravilhosa, convenhamos.
— Vai ter um torneio de Karatê agora de manhã. Vou precisar chegar cedo no ginásio pra treinar e me aquecer, essas coisas. — Explicou, cobrindo suas costas nuas com uma camisa branca de mangas curtas. Seu tom de voz parecia esconder alguma coisa mais.
— Um torneio de Karatê? O torneio nacional? — Questionei-o. — Você vai competir! — Quase gritei, sorrindo. A súbita felicidade que senti ao saber que ele estaria participando de um campeonato tão importante não me poupou de segurar a euforia. — Que legal!
Jungkook se virou para mim com um sorriso meio nervoso no rosto, engolindo a saliva enquanto concordava com um pequeno movimento da cabeça.
— É... — Ele hesitou antes de me olhar novamente. — Se você quiser ir, o Jimin pode te dar uma carona.
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Singularity Shop || JJK
FanfictionDesde que se entendeu por gente, Koyama Ayumi teve que lidar com a falta de seu pai ao seu lado, que havia morrido por conta de uma doença degenerativa grave. Passou parte da sua infância sendo uma típica criança saudável, mas quando chegou em seus...