Chapter 2 - May, 2th

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Olá, minhas pupunhas, como vão? O capítulo ficou meio grande por conta do obs logo abaixo, e acredito que todos os capítulos conseguintes também serão.

Espero que curtam a leitura e não esqueçam que vocês são incríveis <3

Obs: mais um aviso porque a tiazinha aqui é esquecida: essa fanfic terá muita descrição de sentimentos e monólogos, então quando forem ler, leiam com calma, paz no coração e paciência (porque eu sei o quanto pode ser chato ler tanta descrição na vida, mas As Crônicas de Gelo e Fogo tão aí pra provar que esse estilo de escrita é bonzinho, até) <\3

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Quando criança, eu escutei histórias de conhecidos da família que tinham cometido suicídio, e por ser ainda tão pequena, me senti confusa com o que escutei. Me lembro de ter me questionado: Como alguém poderia ser capaz de causar a própria morte quando o que o ser humano mais teme é a morte?

Depois, já um pouco mais velha, eu me vi caminhando todos os dias com um aperto incessante no peito e passando grande parte do dia trancada dentro do meu quarto, saindo apenas para comer e ajudar minha mãe nos afazeres domésticos. Acreditei ser vítima da tão famosa puberdade. Nesse mesmo tempo, também me lembro de ter conhecido pessoas, e que uma delas em especial me fez sentir uma coisa que há um bom tempo eu não sentia: felicidade. Eu subitamente me vi ansiosa para sair todos os dias para a escola e me arrumar para encontros com os amigos pela cidade. Após isso, essa mesma pessoa também me apresentou o amor e por eu ser ainda tão jovem, acreditava nesse patético conto de fadas que é o “amor da sua vida” e o “felizes para sempre”. Então, além de me apresentar o amor, também me foi apresentado, na minha adolescência e por essa mesma pessoa, a decepção e a dor de um coração partido. Naquele tempo eu chorei bastante, e talvez posso citar isso como o empurrão inicial da minha queda infinita no buraco da depressão. Foi a partir daí que eu comecei a perceber que o que eu tive durante todos aqueles anos não foram sintomas da tão temida puberdade, e sim de uma doença perversa e destrutiva. Ela se alojou em mim desde que eu era pequena — quando fiquei ciente de que em toda festa da escola de dia dos pais meu pai não apareceria —, e apenas esperou o momento oportuno para finalmente se revelar e dizer que eu não tinha mais como vencê-la, por ter fortificado-a por tanto tempo — como um simples primeiro coração partido.

Eu não tive coragem de contar para ninguém porque acreditava ser besteira, e que logo aquela sensação incômoda passaria e eu voltaria a sentir o que minhas feições mostravam. Entretanto, o “sorriso sem estar se sentindo feliz” me perseguiu por anos. Até hoje, para ser mais exata.

Porém, apesar de todas as controvérsias existentes dentro da minha cabeça e todas as dores que eu já havia enfrentado — somado com o log da perda que eu tinha acabado de sofrer —, o suicídio em si sempre foi um sonho distante, porque minha mentalidade era constantemente atormentada pela ideia, sendo jamais prosseguida até o patamar de praticar o suicídio.

Até essa manhã.

Acordar com a sensação incômoda de se sentir inútil, cansada, sem um pingo de vontade de fazer coisas banais — como tomar um banho ou escovar os dentes —, e ser acometida por um choro incessante que poderia ser capaz de quebrar meu peito, me fez buscar uma saída em diversos cortes transversais em meu pulso e antebraço direito, não tão fundos ao ponto de me fazerem sangrar até morrer, mas fundos o suficiente para causar dor e alívio a minha mente conturbada.

E não podemos nos deixar enganar com a ideia de que praticar o suicídio é somente morrer, porque o suicídio pode ser praticado de diversas maneiras, tanto com cortes e hematomas quanto com palavras e ações.

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