Undercover - Jace x Simon

The one where the vampire got the pov

  Simon passava a mão no cabelo de forma obsessiva, começando a se sentir frustrado por não conseguir arrumá-lo depois de uma hora. O topete não estava ficando da maneira como deveria, seu rosto parecia estranho, ele já estava se arrependendo da roupa que tinha escolhido, nada estava certo. No momento em que ele mais precisava ficar impecável, nada funcionava. Mas porque, exatamente, ele precisava ficar impecável? Jace. Era sempre ele. Simon havia recebido uma chamada de Clary, avisando que eles estavam convocando submundanos para o Instituto para a discussão de alguma coisa sobre a lei, mas essa não era a parte importante. A parte realmente importante é que Simon encontraria Jace de novo, e ele não podia o ver como a pilha de roupa suja de sangue animal e cabelo desgrenhado de quem não levanta da cama a três dias. Então nas últimas duas horas desde que soube que sua presença era necessária no local, Simon está na frente do grande espelho que ele fez questão de colocar no contêiner apelidado de "casa". Já havia colocado cinco combinações de roupa diferentes, parando diversos minutos na frente do espelho em cada uma. Ele tinha que admitir, não estar vendo Clary com frequência era muito difícil, agora que a garota estava ocupada com todo o seu dever de Shadowhunter iniciada, ele teve que começar a tomar as decisões de sua vida por si só, sem mandar quatrocentas mensagens para a melhor amiga sobre. E também tinha o detalhe de que Simon não conseguia guardar segredos e não queria expor Jace assim, e tem certo receio da reação que Clary teria ao descobrir o relacionamento.
  Quando o vampiro finalmente colocou o cadeado no enorme contêiner, a noite já havia caído a um bom tempo, e ele sabia que se atrasaria um pouco, mas a super velocidade ajudava nessa questão. Mundanos não o percebiam por conta do bloqueio, e ele podia se locomover por Nova York como se estivesse montado em um foguete. E assim que ele parou na frente da linda catedral abandonada que servia de sede para o instituto de Nova York, Simon colocou as mãos no joelho, subindo e descendo o peito ofegante. Ele não entendia o porquê, mas seu corpo ainda tinha reflexos humanos. Como vampiro, obviamente não tinha coisas como cansaço de correr, mas seu corpo automaticamente se curvava como se ele não aguentasse mais dar um passo. Simon precisou pensar por um segundo para perceber o quão idiota era um vampiro parecendo ofeguante, mas felizmente não tinha ninguém na porta do Instituto. Felizmente em partes, porque isso também significava que ele estava definitivamente atrasado.

— Pelos anjos, eu achei que você tinha esquecido de vir. — Clary disse assim que abriu a porta, antes mesmo que Simon tivesse a oportunidade de bater. — Eu tava vigiando nas câmeras pra ver se você ia aparecer ou não.

— Ah. — Simon estava um pouco surpreso com aquilo, era estranho encarar a melhor amiga sabendo que ele havia beijado Jace. — Eu que achei que você tinha se esquecido de mim.

  A ruiva espremeu de leve os lábios meio triste, abrindo os braços em seguida e deixando que Simon a abraçasse com força. Como ele sentiu falta daquele abraço.

— Eu queria ficar assim pra sempre, mas infelizmente… — Clary disse depois de longos segundos, se afastando e deixando espaço para que o melhor amigo entrasse finalmente no instituto. — A reunião está prestes a começar, você chegou literalmente em cima da hora.

— E só cheguei porque eu não tive que pegar metrô. — ele brincou, entrando casualmente na igreja abandonada, já conhecia bem o lugar.

— Então, podemos dizer que ser um submundano tem suas vantagens?

  Simon deu uma risada nasal, olhando para a amiga e sorrindo, feliz por ter passado algum tempo com ela. Eles caminharam até o salão principal do Instituto, onde acontecia a maioria das reuniões formais de diplomacia. Quando Simon entrou, ele pôde ver uma grande mesa repleta com todos os submundanos mais conhecidos de Nova York, basicamente os líderes de grupos e seus mais fiéis escudeiros. O murmúrio das diversas conversas era surpreendentemente baixo, era algo de outro mundo ver todos ali conversando e rindo, colocando suas diferenças de lado por um momento.