A namorada

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Em um segundo terei você enrolado no meu dedo
Porque eu posso, porque eu posso fazer melhor
Não há mais ninguém, quando vai cair a ficha?

Ela é tão estúpida, no que diabos você estava pensando?



O segundo dia de aula de Sett foi marcado pelo seu primeiro atraso, e então teve de lidar com uma prova de filosofia no qual ele mal sabia o assunto. 

Entrar em uma escola no meio de maio era uma droga.

Quando terminou a prova — com quase todas as respostas chutadas —, Sett largou a caneta, apoiando a mão no queixo enquanto olhava ao redor. Seraphine estava sentada na frente de Aphelios, e parecia estar tendo dificuldades em realizar a prova. Sett simpatizou com ela nessa questão, ao menos alguém estava tão ferrado quanto ele.

Já Aphelios estava com a prova terminada e lia um livro enquanto aguardava o restante dos alunos. Não havia preocupação nem ansiedade em sua expressão, o que indicava que seu desempenho na prova fora, no mínimo, satisfatório.

Sett observou-o um pouco mais, notando as mãos cujos dedos compridos deslizavam pelas páginas do livro com cuidado, as marcas roxas em seu rosto constratando com os olhos negros que liam as palavras com atenção e o modo como ele passava a língua pelos lábios finos era extremamente belo.

E então, sem aviso prévio, Aphelios virou o rosto, pegando Sett completamente desprevenido. A troca de olhares foi intensa, e Sett não ousou desviar nem por um segundo, e Aphelios manteve-se firme em resposta. 

— Muito bem, soltem as canetas e passem as provas para frente. — A professora, uma jovem morena chamada Karma, disse.

Seraphine gemeu, virando-se para pegar a prova do namorado com a decepção estampada em seu rosto.

— Que grande merda. — Ela disse, curvada sobre a carteira de Aphelios. — Sou péssima em filosofia.

— Pensei que era de humanas. — Aphelios fechou o livro, ajeitando os óculos e olhando-a nos olhos.

— E sou, mas filosofia é praticamente uma exatas que não usa números. A gente deveria pensar, né? Mas todas as respostas da prova são exatas, a gente não pode responder o que nós achamos estar certo.

Aphelios franziu o cenho.

— Não estava tão difícil.

Seraphine bufou, amarrando os longos fios rosados em um rabo de cavalo.

— Claro que estava! Você me ajuda a estudar? Para a recuperação?

Ela o olhava com aqueles olhos azuis ansiosos, e Aphelios concordou. Não era a primeira vez que ajudava Seraphine com matérias na escola, no qual ela era ruim em quase tudo, exceto linguagens, onde ela conseguia notas acima da média por conta própria.

Ele anuiu, e Seraphine começou a tagarelar sobre o que compraria para a visita de Aphelios. Ele sempre ia à casa dela, mas ela nunca fora à casa dele. Aphelios sempre mudava de assunto quando ela perguntava sobre.

E Aphelios ouviu ela falar, mas sabia que seria a mesma coisa de sempre: começariam estudando alguma matéria enquanto comiam algo que Seraphine havia preparado, que variava de barras de cereais até sanduíches naturais com suco de alguma fruta que ela gostasse, e terminava com ela agarrando-se em seu pescoço, trocando beijos por minutos à fio.

— Ei, Phel, por que aquele cara te olha tanto? — Ela perguntou de repente, despertando o moreno do devaneio em que ele caiu durante o falatório da garota.

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