Algo sobre Revolução e você

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Joga tão sujo, mas seu amor é tão doce

Fala tão bonito, mas seu coração tem dentes.

ᕦ⁠⊙⁠෴⁠⊙⁠ᕤ

Era 16:27 Aphelios chegou no endereço. Verificou o celular, checando o local exato e o número. Felizmente não estava um dia tão quente, do contrário teria suado no metrô e chegaria completamente morto na casa de Sett. Guardou o celular somente quando parou na frente de um prédio de classe média, soltando um suspiro pesado assim que se aproximou da portaria. 

Informou seu nome ao porteiro e o número do apartamento, e após alguns segundos com ele no interfone, logo liberou Aphelios para subir. No elevador, deixou-se distrair pela sua imagem no espelho, ajeitando a camiseta preta e os fios rebeldes que insistiam em incomodar seus olhos. Quando percebeu que estava literalmente se arrumando para ver Sett, parou. Aquilo estava beirando o ridículo.

O apartamento ficava no sexto andar, então Aphelios teve tempo de sobra para se recostar na parede do elevador e tentar se acalmar. Não entendia o motivo de estar nervoso, e concluiu que era por quase não sair de casa. Seus únicos destinos eram a escola, a casa de Seraphine, mercado e hospital. Ele cerrou levemente os punhos ao lembrar do último item. No fim, provavelmente o fato de estar indo para um destino diferente, nem que seja para fazer um trabalho, esteja o deixando eufórico. E era Sett, o novato que lhe arrancou vários beijos e não tinha pudor algum em revelar suas intenções.

Pensando nisso, Aphelios acabou checando o próprio hálito ao sair do elevador. Não que ele esteja esperando por um beijo, é claro, mas ninguém gosta de mau hálito, certo?

— Aphelios? — Uma moça o chamou, acenando para ele na porta de um dos apartamentos à direita.

O moreno assentiu, indo até ela. Bem que pensou ter ouvido uma voz feminina falando com o porteiro pelo interfone. A mulher era jovem, mas seu rosto expressava uma maturidade admirável em seus belos traços. Perguntou-se quem era ela, afinal com certeza não era a mãe de Sett.

— Bem-vindo, Sett falou que você viria. Está com sede? Quer usar o banheiro? — Ela sorriu, simpática.

— Não, obrigado.

— Fome?  — O sorriso da mulher não se abalou. — A propósito, sou Anika, prima do Sett.

Dessa vez, Aphelios hesitou alguns segundos.

— Já entendi, daqui a pouco levo um lanche para vocês. — Anika apontou para uma das portas no corredor. — Aquele é o quarto dele. Nem adianta bater, ele provavelmente está de fone, só entre e sinta-se à vontade para fazer o que quiser.

Anika disse isso em um tom maldoso, e não foi no sentido malicioso. Foi algo como “entre e o espanque caso ele não te obedeça”. Aphelios gostou de imaginar isso, embora duvidasse de que era capaz de desferir sequer um tapinha em Sett. Querendo ou não, a diferença de massa muscular era gritante e, caso Seraphine estivesse certa, ele estava acostumado a brigar.

Ouvindo Anika, Aphelios apenas abriu a porta e entrou, mas nem isso serviu para chamar a atenção do meio-vastaya. Ele de fato estava com um fone de ouvido com um formato engraçado graças às orelhas felinas, um fone adaptado, por assim dizer. Como se não bastasse, seus olhos estavam vidrados na tela de um computador, jogando sabe-se lá o quê. Aphelios não entendia muito de jogos, não era exagero dizer que ele só conhecia Pou e Super Mario, e o que Sett estava jogando com certeza não era um desses.

Mesmo com todo o barulho que fez para entrar e fechar a porta, nada de Sett virar o rosto, e o moreno aproveitou para dar uma olhada no quarto. Típico de um adolescente, ele diria, com inúmeros posters espalhados pelas paredes, desde astros de rock, mulheres seminuas e animes aleatórios. A cama de solteiro era uma bagunça de cobertores, travesseiros e roupas, não havia lugar sequer para sentar, e havia pacotes de salgadinho e latinhas vazias pela escrivaninha em que ele estava.

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