Mental

Capítulo 11

Draco pressionou os dedos nas têmporas, tentando afastar a dor de cabeça que ameaçava logo atrás de seus olhos. Era esse maldito livro, com todas as letras minúsculas estúpidas e frases em latim idiotas que Draco sabia que conhecia, mas não conseguia se lembrar.

Ele desistiu e, em vez disso, deixou seu olhar vagar pela biblioteca; havia algumas pessoas lá naquela noite, todas parecendo cansadas e infelizes enquanto tentavam vasculhar os tomos tão sombrios quanto o que Draco tinha na frente dele. Estava frio aqui também; tão frio que Draco estava usando dois moletons. Ele não queria estar usando suas vestes quando não precisava, e francamente, usar seu casaco ali apenas o faria parecer estranho, e ele não queria que as pessoas olhassem para ele mais do que normalmente faziam.

Ele se forçou a olhar para o livro novamente. Ele preferia ficar relaxado na sala comunal sem fazer nada do que trabalhando neste ensaio, mas muitas pessoas precisaram de muito esforço para mantê-lo fora de Azkaban e de volta a Hogwarts, e ele não estava prestes a meter o foda-se e falhar em seu NIEM. Ele sorriu fracamente para si mesmo, muito consciente de suas próprias percepções alteradas sobre a vida e se perguntando se alguém acreditaria que ele estava trabalhando duro para não decepcionar ninguém, em vez de tentar se colocar à frente no mundo. Ele não tinha certeza se acreditava inteiramente nisso.

"Malfoy - posso dar uma palavrinha?"

O som da voz de Harry Potter fez Draco pular; no relativo silêncio da biblioteca parecia incrivelmente alto, cortando o silêncio como uma força física. Ele não tinha ouvido Harry se aproximando por trás dele e imediatamente ficou com raiva de ser pego, seu coração batendo forte no peito. Droga, ele sabia que deveria ter trabalhado nisso na sala comunal, mas Pansy havia se tornado completamente insuportável. Ele precisava de uma pausa, não querendo ouvir mais nenhum pedido dela para saber exatamente o que Potter havia dito, quando e em que tom de voz.

"Não," Draco disse, sem se virar e continuar a olhar para seu livro.

"Por favor."

Ele fez uma pausa, imaginando o tom contido da voz de Harry e o pedido, tão diferente das demandas que ele esperava dele. Ele largou a pena e girou lentamente na cadeira. Suas sobrancelhas ergueram-se ao ver Harry; ele parecia terrível, cansado e quase miserável. O interesse de Draco foi imediatamente despertado; o que aconteceu para tal mudança no comportamento de Harry? O idiota estava praticamente pulando no domingo antes da luta.

"O que?" ele perguntou brevemente. Interessado ou não, ele ainda estava totalmente zangado com a discussão e as coisas que haviam sido ditas. Ele sabia que tinha sido tão ruim quanto Harry, mas o idiota havia começado com aquele comentário sobre Lucius. A boca de Draco se contraiu ao se lembrar do comentário; ele nem sabia mais o  que  sentia por seu pai e não suportava mais ninguém jogando suas opiniões na cara dele.

"Estou tentando encontrar você desde segunda-feira de manhã", disse Harry sem jeito, balançando na ponta dos pés. Ele passou a mão pelo cabelo, deixando-o mais bagunçado do que antes. Houve uma pausa, Draco esperando que Harry continuasse, recusando-se a lhe dar a ajuda que ele claramente precisava na arte de conversar. Depois de um tempo, Harry olhou ao redor deles e então de volta para Draco. "Posso me sentar?" ele perguntou, gesticulando desamparadamente para a cadeira ao lado de Draco.

A boca de Draco se abriu em indignação. "Não!"

Harry se sentou mesmo assim, uma expressão quase suplicante em seu rosto.

Empurrando sua cadeira bruscamente para ficar de frente para ele, Draco olhou por cima do ombro, se sentindo alarmado. "Vá embora," ele sibilou ferozmente. "Eu não quero falar com você."

"Por favor", disse Harry novamente.

Draco fez uma pausa, olhando-o com desconfiança. Não quero falar com você,  ele disse novamente pelo link, tentando fazer suas palavras soarem o mais ameaçadoras possível.