Mental

Capítulo 18

A vida como Harry conhecia havia acabado. Tinha que ser. Ele estava parado na parte mais fria das masmorras no escuro sangrento e estava cara a cara com Draco Malfoy, e ele tinha acabado de beijá-lo. Ele ainda estava tão perto de Draco que seus lábios estavam roçando e ele quase podia sentir o peito de Draco se movendo enquanto ele respirava, mas por alguma razão que Harry não conseguia compreender, eles não estavam mais se beijando.

Ele não ousou falar, nem mesmo pelo elo. Ele tinha certeza de que algo incrível tinha acabado de acontecer, um momento que de alguma forma definiria sua vida para melhor, e ele não queria estragar tudo dizendo algo estúpido.

Abrir os olhos também não era uma opção. Se o fizesse, provavelmente tiraria a magia de Draco, considerando que eles ainda estavam cara a cara. Era uma posição em que Harry queria muito permanecer, o que seria reconhecidamente problemático se ele quisesse fazer qualquer coisa além de beijar Draco em um futuro próximo.

Uma parte dele ainda estava em choque, apesar do consenso geral em sua mente que dizia que o que acabara de acontecer era muito bom. Essa pequena parte dele não conseguia acreditar. Ele beijou um cara. Ele colocou a boca em outro cara, e foi brilhante. Mais que brilhante. Seus lábios ainda estavam formigando - se beijar Ginny tinha sido bom, então isso tinha sido simplesmente alucinante, algo que ele sentia em todo o corpo, desde os olhos até os dedos dos pés.

Era como se uma imagem que ele vinha tentando ver há muito tempo tivesse ficado clara de repente. Ele finalmente tinha respostas para todas aquelas coisas sobre as quais se perguntava - bem, a maioria delas, pelo menos. O cheiro -  o  cheiro de Draco - pelo qual ele estava tão fascinado o deixava completamente selvagem quando combinado com aqueles beijos quentes de boca aberta. Harry sentiu o calor em suas bochechas ao lembrar o quanto havia gostado; ele ainda estava meio duro e não podia negar o quão bom foi se pressionar contra o quadril de Draco.

Potter…

Seu corpo ficou ligeiramente tenso e ele recuou um pouco, mas ainda não abriu os olhos. Ele não queria que Draco dissesse nada, porque conhecê-lo seria cheio de sarcasmo ou algum comentário depreciativo sobre as habilidades de beijo de Harry.

Eu tenho que ir para Aritmancia.

Oh. Bem, isso não foi nada mau. Harry sentiu uma preocupação que não percebera ser tirada de seus ombros, tornando muito difícil não sorrir.

É, mas você não quer,  ele respondeu, inclinando-se ligeiramente para frente de modo que seus lábios quase tocassem os de Draco novamente. A boca de Draco se curvou em um sorriso antes de mover suavemente a cabeça para que pudesse beijar Harry novamente, um beijo longo e persistente que fez os dedos dos pés de Harry se curvarem. Sua respiração ficou presa na garganta e seus dedos se contraíram no peito de Draco, e então Draco se afastou, dando um passo para trás.

Falo com você mais tarde. Vá e termine os Feitiços.

Harry finalmente abriu os olhos e quando o fez, seu coração deu um pulo engraçado dentro de sua caixa torácica. Draco estava olhando diretamente para ele, seus olhos cinzas arregalados e cheios de algo que ele nunca tinha visto na expressão de Draco antes. Parecia estranhamente com esperança.

Ele sorriu fracamente e Draco piscou no que poderia ter sido surpresa, antes de se inclinar para beijar Harry novamente. Harry sentiu um arrepio percorrer seu corpo antes de Draco se afastar rapidamente; parecia que Draco não pôde evitar beijá-lo, e isso foi definitivamente um impulso bem-vindo para seu ego.

Infelizmente Draco parecia reinar em algum autocontrole porque ao invés de beijar Harry mais um pouco, ele suspirou e se afastou, seus olhos no chão.