Mental

Capítulo 27

A viagem de volta à Torre da Grifinória foi a mais longa da vida de Harry. Sim, ele ainda tinha Draco ao seu lado, seguindo Harry sem reclamar ou discutir, mas algo ainda não parecia certo. O silêncio que antes podiam compartilhar agora parecia tenso e desconfortável, sabendo que não haveria possibilidade de palavras baixas no link para quebrá-lo.

Ele sentiu como se estivesse faltando um membro. Ele não tinha percebido o quanto Draco havia se tornado parte dele; não era apenas sua mente que agora parecia muito vazia, mas cada parte dele. Até seus dedos sangrentos sentiram falta de Draco.

Surpreendeu-o o quão potentes eram os afetos físicos, ao lado dos mentais. Era quase como se uma camada de roupa que ele usava dia após dia tivesse sido roubada dele, deixando-o com frio e desprotegido. Deus, ele e Draco realmente estavam presos no vínculo, mais do que ele realmente percebeu.

Era realmente ridículo, como Harry detestava soltar a mão de Draco até mesmo para deixá-lo passar pelo buraco do retrato quando eles o alcançassem. Era como se ele agora precisasse da conexão física com ele para compensar a perda da mental. Draco não pareceu se importar; no momento em que eles passaram pelo buraco do retrato, ele estendeu a mão para a mão de Harry novamente, entrelaçando seus dedos e então segurando com a outra mão também.

Ele não olhou para Harry; ele manteve os olhos desviados e voltados para o chão enquanto eles cruzavam a sala comunal e subiam as escadas para o dormitório. Ele parecia tão fechado; Harry estava acostumado com Draco educando suas feições em indiferença, mas antes ele sempre poderia dizer o que estava acontecendo por baixo, e agora ele só podia adivinhar. Harry ficou tentado a sacudi-lo ou gritar com ele para fazê-lo encontrar seus olhos, para fazer Draco mostrar algo na superfície, mas ele se conteve. Toda a atmosfera estava frágil e tensa e de alguma forma ele sabia que a agressão só iria piorar tudo.

Depois de fechar a porta do dormitório, ele sacudiu as mãos do aperto de Draco para tirar seu suéter. Indiferente, ele o jogou no chão e então se moveu para se sentar na beira da cama, estendendo as duas mãos na expectativa. Os olhos de Draco piscaram e então ele lentamente se moveu para frente para cruzar o espaço entre eles e deslizar suas mãos nas de Harry.

"Fique", disse Harry, sua voz rouca, e Draco concordou. Harry afastou as pernas e puxou-o para frente para que Draco ficasse entre seus joelhos. Harry deslizou suas mãos nos quadris de Draco e se inclinou para frente, pressionando sua bochecha na barriga de Draco, fechando os olhos e se sentindo exausto. Depois de um momento, dedos longos passaram pelo cabelo de Harry, puxando e puxando suavemente.

O silêncio parecia menos opressivo quanto mais próximos eles estavam. Quando eles estavam se tocando assim, Harry não sentia que precisava falar, então o peso do elo perdido pareceu diminuir.

Draco arrastou seus dedos gentilmente pela nuca de Harry e então de volta em sua orelha antes de enfiar para trás em seu cabelo. Harry engoliu em seco e seus dedos se apertaram nos quadris de Draco, querendo que ele ficasse na posição reconfortante um pouco mais, mas não querendo parecer fraco perguntando em voz alta.

Draco não pronunciou uma palavra de reclamação; ele apenas ficou parado e continuou passando os dedos pelo cabelo de Harry, ocasionalmente tocando seu pescoço e rosto com dedos gentis. Ele continuou pelo que pareceram horas, até que Harry se sentiu forte o suficiente para mover seu rosto para longe do corpo de Draco, sem palavras, puxando Draco para sua cama para que eles pudessem se abraçar.

"Não vá," ele disse enquanto Draco se acomodava ao lado dele, observando Harry com olhos cuidadosos.

Draco bufou cansado, mas quando falou suas palavras foram sufocadas. "Você não está parecendo muito heróico."