Mental

Capítulo 14

"Draco, você tem que ir às aulas hoje. Ou pelo menos pegar suas coisas de volta com Potter."

"Não," Draco respondeu imediatamente, parecendo entediado, seus olhos fixos em seu livro de Poções. Ele estava deitado na cama, ainda de pijama, sem intenção de ir a qualquer lugar naquele dia, exceto talvez ao banheiro.

"Já se passaram três dias. Vamos, você teve o fim de semana para se acalmar-"

"Eu não quero", ele interrompeu Theo antes que pudesse expor seus milhões de razões para Draco ir falar com Potter. Ele  não  iria falar com Potter, e ponto final.

"Você sabe que não deve perder Defesa," Theo tentou sem entusiasmo, olhando para baixo enquanto amarrava a gravata, os dedos movendo-se lentamente.

"Eu ouvi você ontem, agora esqueça", Draco disse irritado, a raiva imediatamente borbulhando dentro de seu peito. Ele se levantou da cama, jogando o livro de lado, e caminhou em direção ao banheiro e longe das perguntas. Ele estava zangado com Theo por ir atrás dele e fazê-lo explodir; Theo sabia muito bem o que aconteceria se ele continuasse a tagarelar sobre a situação, e Draco não gostava de se sentir culpado por brigar com seu amigo, mesmo que  fosse  culpa de Theo.

"Acho que ele tem razão," disse uma voz entediada assim que ele entrou no banheiro.

Draco gemeu, seus passos vacilando quando percebeu que o banheiro não seria um abrigo seguro para seus nervos em frangalhos. "Cristo. Você também não."

Blaise ergueu uma sobrancelha enquanto olhava seu rosto no espelho, a navalha mágica na mão. "Acho que ele está sendo muito paciente com você. Eu teria dito que você está sendo estúpido há muito tempo."

"Eu não estou sendo estúpido," Draco insistiu, passando as mãos pelos cabelos e franzindo o nariz em desgosto. Merlin, ele precisava de um banho. "Potter ainda quer falar comigo, e aposto que ele está apenas esperando para tirar sarro de mim-"

"Theo?" Blaise chamou, interrompendo Draco. Draco olhou feio para ele.

"Sim?"

"Potter chamou Draco de algum nome?"

Houve uma pausa, e então, "Não, acho que não. Não de acordo com Draco, de qualquer maneira."

Blaise acenou com a cabeça em falsa reflexão. "Isso é interessante", disse ele, e então ergueu a voz novamente, ignorando o olhar mortal de Draco.

"A escola inteira começou a fofocar descontroladamente sobre Draco?"

"Definitivamente não", foi a resposta.

"Tudo bem, chega," Draco disse, balançando a cabeça e caminhando até o balcão de pedra onde as pias estavam embutidas. Ele ignorou seu reflexo no espelho acima das pias. "Eu entendi o ponto."

"Entendeu?" Blaise comentou. "Vá em frente, explique o ponto para mim."

"Foda-se, Blaise," Draco murmurou, virando as costas para o balcão e colocando as palmas das mãos na superfície de pedra, pulando para trás para se sentar ao lado da pia onde Blaise estava se barbeando. Ele estendeu a mão e passou a mão preguiçosamente sobre uma das torneiras, pedra esculpida em forma de uma serpente sibilante.

"Potter não dá a mínima se você é esquisito", Blaise disse abruptamente, mergulhando a navalha na bacia de água e girando-a preguiçosamente. "Agora, se  você  simplesmente parasse de se importar por ser gay, isso tornaria a vida mais fácil para todos nós. Você inclusive."

Um rubor opaco apareceu nas bochechas de Draco, um contraste agudo com sua pele pálida. "Pare", disse ele com força, puxando a mão da torneira e cruzando os braços com força sobre o peito.