Violeta

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Eu teria dado tudo por você, cuidado de você
Então me diga onde eu errei
Eu teria trocado tudo por você, estado lá por você
Então me diga como seguir em frente
(Meu amado, meu mentiroso)
Agora, se eu mantiver meus olhos fechados, ele se parece com você
Mas ele nunca vai ficar, eles nunca ficam
Agora, se eu mantiver meus olhos fechados, eu o sinto como se fosse você
Mas você foi substituído
Eu estou face a face com alguém novo

(Halsey – Eyes Closed)


Pela primeira vez em muito tempo, Juvia acordou se sentindo leve.

O cheiro masculino, quente e levemente apimentado, inebriava seus sentidos; a mão dele estava pousada em sua cintura, num abraço inesperadamente quente e protetor, mas era o som lento e ritmado das batidas do coração que a fazia sentir em casa. Tudo não havia passado de um sonho ruim, afinal. Aconchegou-se ao pescoço do homem que amava, aspirando o delicioso e exótico aroma — tinha que elogiar o perfume novo, era mil vezes melhor que o anterior.

Era muito bom estar daquele jeito com ele de novo.

Não se lembrava de como tinham feito as pazes, mas também não queria se preocupar com isso agora. Seus lábios percorreram devagar a curva do pescoço dele, beijando, mordendo e marcando temporariamente a pele macia, e o gemido rouco que recebeu em resposta a deixou completamente arrepiada. Não importavam os últimos dois anos separados, nem ter visto o casamento no dia anterior; tudo o que importava era que ele estava ali, só de yukata, todinho para ela.

Acariciou o peitoral definido, sentindo as velhas e novas cicatrizes e, brincando com os mamilos escuros, arrancou um suspiro pesado dele. Estava com tanta saudade... Mordeu os lábios, tentada a se afundar novamente nos gelados mas afetuosos orbes negros, entretanto o medo a fez manter os olhos fechados. Suas unhas beijaram suavemente os músculos bem talhados da barriga, fazendo-o estremecer em antecipação; se aquilo fosse um sonho, se o cheiro hipnótico e as batidas aceleradas daquele coração fossem apenas fruto de sua imaginação, então queria aproveitar... Só mais um pouquinho.

Sentia a respiração acelerada do mago em seu cabelo, o pênis duro pulsando por debaixo do tecido; desfez num instante o nó do yukata e, quando finalmente começou a masturbá-lo, ele gemeu, rouco e necessitado, em seus ouvidos... De um jeito estranho e sexy, que fazia seu corpo inteiro formigar. As mãos calejadas apertaram sem pudor sua bunda, trazendo-a para o colo dele, e, surpresa, foi a vez da Lockser suspirar. Estava mais acostumada com suavidade e romantismo, então sentir a mais crua luxúria, sem travas nem aquela incômoda sensação de distância, era simplesmente indescritível.

Mas nada superou o momento em que ele se levantou e, embrenhando as mãos pelo cabelo azulado, tomou seus lábios num beijo atrapalhado e cheio de tesão.

Era diferente. As mãos exploravam sem pudores seu corpo, tocando seus seios, sua cintura e tentando de um jeito um tanto confuso tirar o seu yukata; os dentes dele mordiscavam — às vezes com gentileza, às vezes nem tanto — sua boca, a barba por fazer fazia cócegas em sua pele, mas... Era um diferente bom, cheio de sentimentos que não conseguia definir direito, que a fazia arrepiar dos pés à cabeça. Um beijo profunda e ardentemente real.

Então, numa dose boba de esperança, Juvia se permitiu abrir os olhos — e nenhuma das vezes em que acordou com a cama vazia a preparou para o tapa na cara que levou da realidade naquele instante.

O cabelo cor-de-rosa, a pele bronzeada, a voz sutilmente mais aguda. Piscou algumas vezes, tentando inutilmente se recompor do choque; havia alguém, sim, mas não era Gray.

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