2°- Florença

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#Mikaela#

Limpando a mente respirou fundo sentindo os aromas da cidade a cercando, ouvindo as pessoas ao redor vivendo suas vidas, alheios a possibilidade da existência do sobrenatural, quase sentiu remorso por ter acabado de beber o sangue de algum deles de uma bolsa. Mas não poderia evitar, era a sua realidade a décadas e seria mentira dizer que sentia culpa.
Caminhou até o restaurante charmoso perto do rio Arno, a Itália tinha sido uma boa escolha, e conveniente, aceitara um trabalho ali dois dias atrás depois de Nicholai ligar e passar as informações que ela precisava. Era simples, precisava encontrar um sujeito que causou problemas pra um clã vizinho, os Kiriac, um humano que ameaçou expor o segredo, estranhou a situação, nenhum humano deveria estar ciente da existência do sobrenatural. Suspeitou do líder romeno. Foi fácil caçar e prender o homem, considerando o quanto pagaram pela captura dele, isso deixou Mikaela com uma semana livre e sozinha em Florença depois que os vampiros que tinha recrutado levaram o alvo de volta para os Estados Unidos. Sentou-se colocando a bolsa na mesa, prestando atenção nos casais de turistas apaixonados que estavam por perto, tão focados um no outro, por um momento imaginou-se tendo aquilo, alguém pra abraçar quando chegasse em casa, pra admiriar ao acordar. Sacudiu a cabeça pra limpar os pensamentos, não poderia, sua realidade era perigosa demais, suspirou em desaprovação, a eternidade sem encontrar sua metade seria dolorosa. Já conhecera outros, vampiros centenários que sucumbiam ao sol ou ao fio da espada depois de esperar tanto e não encontrar.
A presença do garçom vestido impecávelmente trouxe-a de volta a realidade. Pediu uma taça de vinho agradecendo logo depois e voltou a atenção pro rio, podia ver os raios de sol poente refletidos na água e se sentiu tomada pela sensação de paz.
Quando o garçom voltou, além do vinho trouxe uma flor vermelha com um pequeno cartão, gesticulou para uma mesa a alguns metros e se retirou. No cartão, escrito com traços firmes e precisos " O pôr do sol fica muito melhor com você na mesma paisagem, bella." Mikaela sorriu ao ler por ele perceber que ela não era italiana mesmo que fosse óbvio.
Tomando a bebida enquanto apreciava o gesto, olhou para onde o garçom apontou e se surpreendeu com o monumento humano que estava la parado olhando fixamente para ela. Soube no instante seguinte que ele era jovem, para os seus padrões um verdadeiro bebê, não devia ter mais de 18.
Sentiu a esperança murchar levemente. Já tinha mais de 70 anos humanos agora. Mas ainda aparentava os mesmos 19 que tinha quando deixou de ser humana. Ele levantou e com poucos passos exalando autoridade se aproximou, a imagem fez com que ela apertasse os olhos.

_ Você tem olhos fascinantes, tem alguma coisa neles, alguma coisa que parece certa. _ ele disse, Mikaela quis rir pelo quão clichê o rapaz tinha sido. _ Meu nome é Christopher, se importa se eu lhe fizer companhia? _ completou sorrindo de canto.

Algo dentro dela derreteu com aquele sorriso como a neve que caía tranquila naquela noite e de repente estava muito mais do que interessada. Assentiu e apontou para a cadeira próxima e o assistiu sentar sem desviar o olhar dos seus olhos. Como um predador que não desvia o olhar da presa.

_ Mikaela Northson, é um prazer conhecê-lo, e você tem a minha atenção. _ disse com curiosidade no olhar lhe estendendo a mão.

Sentiu o cheiro dele invadir e sacudir os sentidos, era amadeirado, másculo, e esquentou cada centímetro do seu corpo quando ele segurou sua mão e beijou-a. Mas tinha algo diferente, algo bom, não era como qualquer homem com quem já estivera. Decidiu ver o que aconteceria.
Uma hora mais tarde já estava rindo em uma conversa animada com ele. Surpresa pela maturidade que tinha. Não disse muitos detalhes, ia partir em alguns dias e quanto menos ele soubesse, melhor seria.

_ Então, americana, inteligente, engraçada, incrivelmente tolerante ao álcool. Mas não quis me dizer sua idade. _ disse ele.

_ Sabe mais do que deveria sobre mim. Pode não gostar da história da minha vida. _ disse a vampira desviando o olhar do rosto do italiano. _ Eu já bebi mais do que deveria, é melhor que eu volte pro hotel. _ disse a mulher observando a reação dele. Pediu a conta para o garçom que passava e voltou a olhar nos olhos castanhos esverdeados do homem a sua frente.
Com uma respiração funda sentiu desejo vindo dele, tão forte quanto o que vinha de si mesma e ficou tentada a puxa-lo pra uma das pedras perto do rio e provar do que ele tinha a oferecer.

O Clã Northson- MIKAELA       Onde histórias criam vida. Descubra agora