Havia um pequeno café perto da sua casa.
Tudo bem que em comparação com a mansão em que você vivia tudo era considerado pequeno, mas aquele café realmente não era grande. Não fazia parte de nenhuma franquia, só um lugarzinho muito básico e caloroso criado por um pai e uma filha mais de umas duas décadas atrás, que conheciam cada um dos clientes deles como se eles fossem familiares distantes, mas muito adorados, e os dois eram tão sorridentes que ninguém conseguia sair de lá sem estar ao menos um pouco mais leve do que quando entrou.
Até o seu avô tinha ido lá uma vez comprar um café preto e apesar dele ter mantido a careta irritada de sempre dele, ele tinha desejado um bom dia para os donos ao ir embora, o que Lucius nunca fazia. Seu pai tinha passado o resto do dia chocado, enquanto você e sua mãe não paravam de rir.
Havia alguma coisa sobre aquele lugar. Simples assim. Era como uma extensão do lar de cada uma das pessoas que entrava, um lugar onde o sol parecia mais branquinho e leve onde entrava pelas vitrines e o tempo parecia passar diferente, de uma maneira que você se esquecia de todos os problemas que tinha.
Seus pais costumavam te levar lá sempre que vocês estavam voltando da escola, enquanto você mal segurava as lágrimas e prometia – mentia – para eles que não, ninguém tinha mexido com você hoje. Assim que você entrava, porém, o dono te lançava um sorriso e te dava um biscoito grátis junto com o seu café, e você podia, por um segundo, só se inclinar nos braços do seu pai e se sentir muito calmo, rindo das piadas de Astoria enquanto Draco revirava os olhos.
O dono, o pai, tinha uma vez te contado que os seus pais tiveram o primeiro encontro deles lá – que Draco tinha aparecido pela primeira vez, sem tirar os óculos escuros até depois deles já terem entrado e usando um Rolex cheio de diamantes, se apoiando na bancada e fazendo o pedido deles enquanto mascava chiclete de boca aberta.
Draco tinha ficado muito vermelho, falando que ele era um adolescente estupido, tudo bem, o filho dele não precisava de saber disso. Astoria tinha o dado um beliscão, falando que era bom que você aprendesse com os erros dele, e então Draco tinha dito que não era um erro tão grande assim, se ele ainda tinha conseguido conquistar Astoria, e os dois começaram a se beijar e sorrir como se ainda fossem adolescentes apaixonados, o que fez você e o dono trocarem um olhar e revirarem os olhos.
Na hora, tinha sido levemente engraçado, mas principalmente nojento para a criança que você ainda era. Depois que sua mãe tinha morrido, você iria considerar aquelas memorias todas estupidamente preciosas, rindo até chorar.
Sempre que vocês iam naquele café, vocês pediam praticamente a mesma coisa – um café preto e sem nem açúcar ou leite, e uma bebida que eram tão cheias de açúcar e caramelo e outras coisas extras que nem podiam ser chamada de café direito, e um chá gelado para você. Era a sua mãe que pegava a bebida adocicada e seu pai o café preto, mas assim que eles se sentavam, eles trocavam os copos, Astoria mandando Draco se apressar num sussurro falsamente dramático e falando que eles tinham que ser cuidadosos para ninguém descobrir aquele horrível segredo deles.
Draco sempre iria revirar os olhos enquanto ela fazia isso.
"Você é tão engraçada, eu estou quase me engasgando de tanto rir," ele iria dizer sarcasticamente, o rosto sem nenhuma emoção de uma maneira que fazia ela soltar uma risada e se inclinar na sua direção.
Colocando uma mão na frente de seu ouvido, ela ia dizer num sussurro falso:
"Seu pai não pode acabar com a reputação dele, entende amor? Então isso tem que ser uma missão super secreta. É mais importante do que a segurança da própria rainha."
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lost boys, SCORBUS ✔️
FanficConcluída. O sorriso de Albus é brilhante e selvagem - você são jovens e é verão e parece que aquilo vai durar para sempre. De vez em quando a única coisa que você pode fazer depois de se formar é fugir com o melhor amigo pelo qual você está secreta...