32 | Antirrhinum

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Notas Iniciais

Gostaria de lembrar que esse capítulo seria um bônus, mas por conta da importância que ele tem para a história e sabendo que algumas pessoas pulam os capítulos bônus, resolvi dar um nome comum. É o Dongyul quem narra, pai do Jimin, mas a leitura dele é imprescindível para o entendimento de tudo. Está imenso, mas não pulem, por favor.


17 ANOS — 1987

As risadas se embaralham de tal forma que não consigo entender o que estão falando. Tem sido sempre assim nos últimos dias, desde que as aulas começaram, e, apesar de eu preferir a ideia de entrar, sentar, estudar e, por fim, voltar para casa, sem falar nada com ninguém, ainda sei que não seria a melhor escolha. No final das contas, esse é um momento importante para todos nós, porque os vínculos sociais criados nessa etapa da vida é o que, possivelmente, vai ditar sua expansão profissional no futuro.

No fundo, ninguém está realmente procurando por uma amizade. Ao menos não deveriam estar. Esse processo, que parece inocente e genuíno, afinal de contas, não vai servir para nada se você não for cuidadoso; suas companhias dizem mais de você do que qualquer outra coisa, então, se não for cauteloso na hora de se aproximar, pode acabar, em contrapartida, afundando-se. É a mesma coisa que adotar um cachorro sem se preocupar se ele está saudável ou acometido pela raiva. Um único descuido e pronto — você é infectado por uma doença. E é por isso que precisamos tomar cuidado na hora de escolher um animal de estimação.

— Ei, vocês viram aquele garoto que sempre chega atrasado? — pergunta Hyesoo, inclinando o corpo para se aproximar do nosso grupo.

— Sim! — Keunsuk gira na cadeira para olhar a garota da fileira de trás. — Os professores logo vão começar a dar bronca na gente, só por causa dele.

— Ele é bolsista, deve ser por isso que nunca chega na hora certa.

— O que isso tem a ver, Donggun? — Quem pergunta é Choi Kimsul. — Não viaja.

Ele é o típico estudante que faz alarde de situações simples, então é um trabalho contínuo de autocontrole ficar ao lado dele. Só que o seu pai é o CEO de uma empresa importante que trabalha com eletrônicos, então faço um esforço a mais para mantermos uma boa relação, além do fato de que é fácil moldá-lo. Daqui alguns meses, talvez não seja mais tão irritante.

— Ué, Kim, desde quando bolsista tem carro? — retruca Donggun, erguendo os ombros. — Ele deve vir de ônibus.

— Você também não tem carro, bestão.

— Mas eu venho com o motorista. E eu tenho um carro, sim. Meu pai comprou um Hyundai novinho no meu aniversário de dezesseis anos. — O sorriso de Donggun se estica no rosto, coberto de orgulho. — Ele disse que é para servir de motivação até eu ter idade suficiente para tirar a carteira.

Kimsul revira os olhos, cruzando os braços sobre a carteira.

— Motivação pra quê? — resmunga ele. — Continuar vivo até lá?

— Para de ser chato! Você está falando isso só porque está com inveja.

— Ei, Donggun, por que ele estaria com inveja? — intervém Hyesoo, inclinando-se um pouco mais ao meu lado. — Ele é mais rico do que todos vocês juntos.

— Mais rico da onde? — Dessa vez, quem entra na discussão é Minjun. — Você não sabia? O pai do Dongyul é o dono do Hospital Waerin. Fala aí, Dong!

Eu sorrio, apoiando o cotovelo sobre a mesa de madeira e, em seguida, deitando a têmpora direita sobre os nós dos dedos. É uma decepção, para não dizer patético, que alguém não saiba disso mesmo estando no final da primeira semana de aulas.

ASTER • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora