Mark guardou os remédios no armário no fundo da gaveta e saiu do seu quarto. Ele não se daria ao trabalho de tomar aquilo de novo, só estava piorando as coisas.
Desviou a sua atenção para a porta do quarto a frente, aquela que sempre estava trancada e que ele deixou claro que não queria que ninguém entrasse ali.
— Jaemin? — Chamou enquanto fechava a porta do seu próprio quarto. — Donghyuck? — Deu um passo a frente mas não ousou continuar assim que ouviu um riso baixo. — Quem está aí dentro?
Deu mais um passo ouvindo outro riso, infantil e adorável. Ele conhecia muito bem aquela risada, ele conhecia.
— A-Alice? — Adentrou o quarto observando a garotinha sentada no chão brincando com as pelúcias.
Ela estava de costas e seu cabelo castanho comprido cobria a maior parte do seu vestidinho azul com bolinhas brancas, era o mesmo vestido que ela usou naquele dia.
— Como? — Sussurrou levando a mão até a boca. Ela estava bem ali na sua frente, sua garotinha, sua filhinha. — Alice. — Deu mais um passo fazendo a pequena parar de brincar com os ursinhos.
— Papai! — Ela se levantou e correu até Mark, mas não o abraçou, apenas passou por si adentrando o quarto da frente.
— Alice! — Correu atrás da pequena a encontrando na frente da janela. — O que está fazendo? — Estendeu a mão sentindo as lágrimas escorrerem pelo rosto. — Meu amor. — Fungou olhando com carinho para a garotinha.
Por mais que ela tenha algumas características de Mark, como os olhos e boca, ela ainda sim se parecia muito com a Alessa. Tão linda e delicada, esperta e alegre.
— Papai! — Ela chamou novamente dando as costas e abrindo a janela.
— Alice, não faça isso! — Se aproximou assistindo a menor sair pela janela e caminhar pelo telhado. — Alice! Volta aqui! — Seguiu o mesmo caminho da filha a encontrando na beirada.
Donghyuck terminou de guardar a louça quando ouviu uma movimentação estranha vir da parte de cima.
— Você vai se machucar querida, venha aqui. — Franziu o cenho indo até as escadas assim que ouviu a voz do senhor Lee. — Vamos Alice, por favor. — Adentrou o quarto encontrando a janela aberta, caminhou em passos apressados até lá e botou a cabeça para fora encontrando o seu dono na ponta do telhado com a mão estendida.
— Papai, eu te amo! — Viu sua menina ditar sorridente sentindo o seu coração se quebrar em mil pedaços.
Aquela voz, doce e calma. Aquelas palavras, foram as últimas que ouviu antes delas saírem de casa.
— Alice!!! — A garota deu as costas e pulou do telhado.
— Senhor Lee!!! — Donghyuck correu atrás do maior conseguindo o abraçar antes dos dois caírem do telhado.
Os corpos se chocaram nos ferros do andaime, logo depois caíram no chão de pedra.
— M-Merda...— Mark resmungou saindo de cima do android. — Alice!!! — Olhou ao redor não encontrando absolutamente nada da garotinha. — Donghyuck?! — Levou a mão até o rosto do moreno vendo o mesmo abrir os olhos e piscar algumas vezes.
— O senhor está bem? — Questionou se sentando e examinando o dono.
— Estou sim...— Suspirou passando a mão pelo rosto. — Eu sinto muito, eu sinto muito Donghyuck...eu...— Chorou baixinho. — Eu achei que tivesse visto algo e então escorreguei. — Fungou observando o android. — Você está ferido!
Donghyuck analisou si mesmo vendo que sua perna estava quebrada e em sua testa havia um corte. O sangue azul saia manchando sua sobrancelha e sua bochecha.
— Eu estou bem, não sinto dor. — Sorriu. — Tem certeza de que não se feriu? — Viu Mark concordar enquanto limpava o rosto. — Ótimo.
Ficaram um tempo observando um ao outro até Donghyuck levar a mão até o rosto do Lee e limpar uma lágrima solitária. Ele parecia abalado, por mais que ele não tenha se machucado o susto da queda foi grande.
— Preciso te levar até o Yuta, ele vai te ajudar. — Mark se levantou cambaleando um pouco. — Vamos Hyuck. — Pegou o braço do moreno e passou pelo seu ombro o carregando até o carro.
— O senhor me chamou de Hyuck, meu nome é Donghyuck. — Ditou com calma enquanto via Mark ligar o carro.
— É um apelido. — Sorriu com a inocência do outro.
— Acabei de programar este apelido, Hyuck. — Sorriu também.
Donghyuck mexeu a perna assim que Yuta terminou de colocar uma nova. A batida com o ferro foi tão forte que aquela perna não poderia mais ter um concerto, mas pelo menos foi a perna dele e não a do senhor Lee.
— Você se sente melhor? — Mark questionou. Donghyuck o observou, ele estava encostado na bancada com os braços cruzados. Seu lábio inferior tremia e seus olhos estavam arregalados.
— Mark, ele não sente nada. Está tudo bem. — Yuta ditou terminando de limpar o sangue do rosto do android.
— Mas é que...— Balançou a cabeça. — Ele salvou a minha vida, eu estou me sentindo péssimo. — Yuta suspirou se virando para encarar o amigo.
— O que houve afinal? — Cruzou os braços.
— Eu pensei que tinha visto algo no telhado, acabei escorregando e quando dei por mim já estava em cima do Donghyuck. — Suspirou cansado. — Se não fosse por ele eu estaria morto agora. — Olhou para o menor entre os três.
— Céus, tem que tomar mais cuidado. — Yuta negou levando as mãos até a cintura. — Mas que bom que vocês dois estão bem agora. — Fez carinho nos fios do android.
— Eu vou depositar o dinheiro na sua conta. — Mark ditou caminhando até Donghyuck. — Precisamos ir agora, deixei o Jaemin sozinho na casa. — Pegou a mãozinha do menor e o puxou para descer da maca.
— Fique bem Mark. — O moreno concordou e puxou Donghyuck para fora do lugar.
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𝐎 𝐬𝐨𝐫𝐫𝐢𝐬𝐨 𝐝𝐞 𝐂𝐡𝐞𝐬𝐡𝐢𝐫𝐞 | mᎪᏒᏦhᎽuᏟᏦ
FanfictionEm uma era, onde máquinas fazem todo o trabalho humano, um escritor de romance acaba comprando um novo android serviçal para o ajudar com a reforma em sua casa. "Por que eu sou tão diferente? Por que eu sinto essas coisas?" "Androides divergentes...