Donghyuck entrou na cozinha com a louça do almoço. Viu Jaemin na pia encarando a jardim pela janela, ele estava sério e não ousava fazer um único movimento.
— Jaemin? — Chamou vendo que o outro android mal se mexeu, aquilo estava assustando um pouco o moreno. — Jaemin? — Tocou o ombro do companheiro que se virou e encarou o baixinho.
— Oh, olá Donghyuck. Me perdoe, eu estava refazendo a lista de compras. — Sorriu de modo simples.
— Ah, tudo bem. — Sorriu também. — Você está bem? — Franziu o cenho analisando o rosado.
— Por que não estaria? — Inclinou a cabeça para o lado. Antes que Donghyuck dissesse algo ouviram Mark chamar por Jaemin, o último citado encarou a porta e sorriu mais uma vez. — Preciso ir agora, pode cuidar disso para mim? — Apontou para a louça suja.
— Claro, não se preocupe. — Jaemin concordou e deu as costas se retirando da cozinha.
Quando se virou para lavar a louça acabou se apoiando em algo molhado. Encarou a própria mão observando aquele líquido azul claro com cheiro ferroso.
Era sangue, e não era seu. Franziu o cenho voltando a encarar a porta da cozinha, Jaemin estava tão estranho ultimamente.
As vezes Donghyuck o achava bem falso, mas quem era ele para dizer algo. Jaemin poderia ter se machucado enquanto cortava algum legume ou algo assim, não deveria quebrar tanto a cabeça.
— TV ligar. — Mark ditou enquanto terminava de organizar os livros das prateleiras.
— O vigésimo caso sobre os divergentes aconteceu ontem por volta das nove da noite. Uma mulher de trinta e quatro anos chamada Lauren Scott foi assassinada pelo seu android serviçal. Ela levou dois tiros e acabou morrendo na hora, testemunhas afirmam que o android estava normal pela manhã e tarde e que pela noite ouviram alguns gritos e logo depois os tiros. Até quando esses casos vão continuar? O que está acontecendo com os nossos androides? Será que estão se voltando contra nós?
— TV desligar. — Mark ditou revirando os olhos. — As coisas estão ficando feias. — Suspirou limpando as mãos na calça.
— Divergentes? — Donghyuck questionou observando Mark.
— Divergentes. — Suspirou mais uma vez vendo o menor desviar a atenção para Jaemin que juntava algumas ferramentas.
Mark adentrou o sótão e olhou ao redor. Ele finalmente havia conseguido jogar toda aquela bagunça fora, o lugar era bem maior do que lembrava e precisava muito de uma tinta ali.
Desceu as escadas encontrando Donghyuck terminando de pendurar os quadros na parede.
— Preciso de ajuda lá em cima. — Chamou a atenção do moreno que concordou. — Vamos pintar. — Ditou animado.
Já na parte de cima terminou de colocar os jornais velhos pelo chão e encarou Donghyuck que estava parado na porta.
— O que foi? — Sorriu ao ver que havia assustado o outro.
— Não é nada, senhor. — Caminhou até a lata de tinta e pegou o rolinho.
— Não deveria ter deixado você assistir aquilo. — Cruzou os braços analisando o garoto.
— Eu não estou pensando sobre aquilo senhor Lee. — Sorriu encarando o maior.
— Tenho que dizer uma coisa. — Deu um passo a frente. — O seu sorriso melhorou muito, está mais natural. — Sorriu de lado.
— Não me pareço mais com aquele gato? — Questionou ainda sorrindo.
— Cheshire? Não, não está mais se parecendo com ele. — Riu indo até as latas de tinta. — Eu falava para a Alice que quando ela virasse uma aborrecente eu faria o quarto dela aqui no sótão pra ela não encher o meu saco. — Riu baixinho. — Ela morria de medo porque achava que ia dormir no meio de todas as tralhas que ficavam aqui.
— Ela gostava de azul? — Encarou a tinta vendo Mark concordar.
— A maioria das coisas dela eram da cor azul bebê. — Suspirou molhando o pincel. — Ela sempre vestia vestidos da cor azul e então eu dizia, você é a verdadeira Alice e ela morria de rir. — Se lembrou de um trecho do livro que obviamente era o favorito de sua filha. — Vocês iriam combinar, ela seria a Alice e você o Cheshire. — Encarou Donghyuck que sorria com aquilo.
— Seria divertido, eu usaria orelhinhas e um rabinho. — Mark soltou um riso anasalado levando o pincel até a bochecha do moreno o sujando de tinta.
— Você ficaria fofo. — Donghyuck arregalou os olhos assim que o líquido gelado entrou em contato com a sua pele.
— S-Senhor! — Franziu o cenho tentando tirar a mancha mas a única coisa que conseguia fazer era espalhar mais.
— Adorável! — Mark gargalhou levando a mão até os fios roxos deixando um carinho.
Donghyuck sorriu com aquilo, Mark parecia contente ali. Ele estava se soltando aos poucos com Donghyuck e então as primeiras palavras que ouviu do Yuta sobre Mark não faziam mais sentido.
— Vamos começar? — Ditou de modo rabugento mas é claro que estava apenas brincando. Mark riu mais uma vez enquanto concordava com o menor.
Vez ou outra ambos se encaravam enquanto os pincéis e a tinta davam cor a parede.
Donghyuck sempre sorria quando seus olhares se encontravam, Mark era fofo e sempre que podia fazia alguma piadinha sobre a mancha no rostinho do moreno.
— Ficou muito bom. — Levou ambas as mãos até a cintura olhando ao redor.
— Ficou mesmo, podemos passar outra mão amanhã. — Mark concordou desviando o olhar para observar Donghyuck.
Ele ainda analisava o local, havia um sorrisinho fofo nos lábios e seus olhinhos brilhavam.
Mark sentia uma imensa vontade de tocar o menor, não sabia o porque daquilo. Suas mãos suavam e seu coração as vezes palpitava, talvez ele estivesse voltando a ficar doente?
Não, não era isso. Era aquele android, aquela máquina perfeita iluminava todo o lugar, o sorriso agora mais natural fazia Mark querer sorrir também.
Suspirou levando a mão até o ombro do menor deixando um carinho ali. Donghyuck o olhou e sorriu mais uma vez, era possível ver um android como um humano?
Era possível ver Donghyuck como um homem?
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𝐎 𝐬𝐨𝐫𝐫𝐢𝐬𝐨 𝐝𝐞 𝐂𝐡𝐞𝐬𝐡𝐢𝐫𝐞 | mᎪᏒᏦhᎽuᏟᏦ
FanficEm uma era, onde máquinas fazem todo o trabalho humano, um escritor de romance acaba comprando um novo android serviçal para o ajudar com a reforma em sua casa. "Por que eu sou tão diferente? Por que eu sinto essas coisas?" "Androides divergentes...