Donghyuck abriu os olhos e se espreguiçou, os lençóis fofinhos cobriam o seu corpo nu e o sol da manhã acariciava o seu rosto.
— Eu dormi? — Franziu a testa questionando a si mesmo. Ele não fazia ideia de que podia dormir, talvez fosse o cansaço da noite anterior mas ainda não justificaria.
Se levantou e olhou ao redor, Mark não estava no quarto e nem no banheiro. Avistou o seu uniforme dobrado na ponta da cama e quis rir, Mark era tão cuidadoso.
Assim que adentrou a cozinha viu Jaemin lavando a louça. A cada dia que passava ele estava mais distante, em momento algum maltratou Donghyuck mas eles passaram a trocar só algumas palavras necessárias.
— Bom dia Jaemin. — Ditou sorridente. — Sinto muito por ter acordado agora.
— Bom dia Donghyuck. — Sorriu para o moreno. — Não sabia que o seu modelo podia dormir, que fantástico. — Riu baixinho. — Mas não se preocupe com isso, o senhor Lee já tomou o café da manhã e saiu para encontrar um amigo. — Donghyuck ouviu cada palavra atento.
— Tudo bem, vamos aguardar a chegada dele então. — Viu o rosado concordar.
Que amigo seria aquele? Será que era aquele rapaz que veio visitar Mark depois do acidente no telhado? Ou era um novo amigo?
Por que ele estava pensando tanto naquilo? Eles só dormiram uma vez, ele era apenas uma máquina e Mark era o seu dono.
Donghyuck se sentia diferente, ele se sentia estranho. Cada minuto que passava perto de Mark o seu pobre coração robótico palpitava.
Ele sentia a necessidade de passar todo o tempo do mundo ao lado de Mark. Cuidar dele, o abraçar e beijar. Mas por que daquilo?
Estava se sentindo perdido, aquilo não era normal, havia alguma coisa errada consigo. Estava começando a ter sentimentos pelo seu dono, ele estava se tornando um divergente.
— Donghyuck? — Jaemin chamou o menor que permaneceu parado no mesmo lugar desde que chegou. — Está tudo bem?
— Ahm? Sim, está sim. — Sorriu de modo tímido vendo Jaemin suspirar enquanto o analisava.
Mark agradeceu a garçonete e voltou a observar o amigo que se mantinha concentrado no celular.
— Da pra você prestar atenção em mim? — Chutou a canela do mais velho que grunhiu.
— Você me machucou! — Resmungou acariciando o local atingido. — O que você quer?
— Chittaphon Leechaiyapornkul, você me convida para tomar um café, fica com a cara nesse celular e ainda me pergunta o que eu quero? — Cruzou os braços vendo o tailandês revirar os olhos.
— Tudo bem irmão, eu só estava vendo as notícias. — Deixou o celular de lado enquanto sorria. — Agora eu vou te dar total atenção.
— Notícias? Sei. — Riu negando. — Estava era vendo as fotos daquele cara, qual é o nome dele? Johnny? — Viu Ten corar enquanto negava com a cabeça.
— Cale a boca Lee Minhyung! — Viu o mais novo fazer careta ao ouvir o próprio nome. — Eu estava vendo as notícias sim, bobão. — Pegou o celular e voltou a ler a página. — Eles acharam o motivo dos androides estarem atacando os seus donos. Aqui diz que foi um erro de fabricação, algum maluco misturou o sangue dos androides com o sangue humano. — Mark arregalou os olhos ao ouvir aquilo. — É por isso que eles estão se tornando divergentes, estão criando sentimentos por conta dos nossos genes. Olha só, todos os androides que mataram eram maltratados por seus donos, eles adquiriram o sentimento de raiva e tristeza. — Deixou o celular de lado. — Não é bizarro?
— Nunca imaginei que algo do tipo pudesse acontecer. — Encarou o copo com capuccino. — Por que eles fizeram isso?
— Sei lá, experiências? Novos modelos? Queriam algo mais realista e agora encontraram a revolta das máquinas. — Ten bebeu um gole do seu chá gelado.
— É bizarro mesmo. — Suspirou pensando em Donghyuck. — Acha que eles podem amar? — Encarou o amigo que pensou um pouco.
— Não sei, tudo é possível agora. — Olhou ao redor encontrando alguns androides acompanhando seus donos. — Dizem que os olhos deles ficam vermelhos e alguns dias antes de atacar você eles ficam bem estranhos. — Tomou mais um gole do chá. — Mark, quero que tome muito cuidado. Ainda mais com um modelo novo em casa, aquele tal Donghyuck que você comprou.
— Pode deixar. — Suspirou deixando os seus pensamentos o levarem a noite anterior.
— Mudando de assunto, você está se sentindo melhor? Está tomando os seus remédios? — Encostou as costas na cadeira olhando para o maior.
— Estou sim, Donghyuck me ajudou muito. — Sorriu contente. — A gente conversou sobre o acidente e...— Coçou a garganta desviando o olhar. — Desde que ele chegou as coisas mudaram muito.
— Uhu, falando assim até parece que você está apaixonado pelo seu android. — Brincou.
Mark ficou um tempo em silêncio digerindo aquilo. Era possível? Ele e Donghyuck juntos?
Eles fizeram sexo uma vez mas não era só aquilo, Mark se sentia bem com ele e o achava tão incrível e especial.
Será que aquilo era tão errado como achava?
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𝐎 𝐬𝐨𝐫𝐫𝐢𝐬𝐨 𝐝𝐞 𝐂𝐡𝐞𝐬𝐡𝐢𝐫𝐞 | mᎪᏒᏦhᎽuᏟᏦ
Hayran KurguEm uma era, onde máquinas fazem todo o trabalho humano, um escritor de romance acaba comprando um novo android serviçal para o ajudar com a reforma em sua casa. "Por que eu sou tão diferente? Por que eu sinto essas coisas?" "Androides divergentes...