1.2 Reconhecimento tardio

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Em vida, Lovecraft jamais alcançou um público maior do que os leitores de
revistas pulp para as quais escrevia. O único livro que conseguiu publicar —- The
Shadow Over Innsmouth (1936) —- saiu em uma edição descuidada de baixa
tiragem (cerca de duzentos exemplares) pela Visionary Publishing Company,
uma pequena editora especializada em fantasia e ficção científica. Tudo parecia
indicar que o destino final de sua obra, dispersa em vários periódicos, seria o
esquecimento.
Mas os correspondentes August Derleth e Donald Wandrei, movidos pelo desejo
de preservar a obra de Lovecraft, ofereceram os contos do amigo a vários
editores. Como não encontrassem ninguém interessado, uniram esforços e, em
1939, fundaram a editora Arkham House a fim de publicar as obras de
H.P. Lovecraft em livro. A primeira coletânea, The Outsider and Others, foi
lançada no mesmo ano. Logo vieram muitos outros volumes, que no entanto não
chamaram suficiente atenção da crítica para alçar a obra de Lovecraft ao nível
de literatura.
Na década de 40, Lovecraft começou a despertar alguma atenção por parte de
especialistas, embora os comentários ainda fossem tímidos, quando não de todo
negativos. Foi somente após a publicação do primeiro volume de sua
correspondência em Selected Letters I (Arkham House, 1965) que Lovecraft
passou a desfrutar de algum prestígio nos círculos literários. Alguns anos mais
tarde, em 1979, foi fundado o periódico Lovecraft Studies, dedicado
exclusivamente ao estudo do autor.
O reconhecimento definitivo tardou quase setenta anos, mas veio em 2005 com a
publicação de Tales, um volume inteiramente dedicado a Lovecraft na prestigiosa
coleção da Library of America, que desde 1982 publica autores canônicos de
língua inglesa. E assim o horror instalou-se definitivamente na biblioteca.

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