Capítulo 7

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Foi uma dificuldade eu ter que me virar e sair do Open, sem pedir desculpas. Sinto que não fui muito gentil nas minhas palavras para Aaron. E percebi, na hora, que ele se sentiu desconfortável. Eu quis reparar imediatamente o meu erro, porque isso é uma das coisas que evito fazer: deixar as pessoas se sentirem desconfortáveis.

Bem como também me impeço de entristecer quem quer que seja. Porque a tristeza é algo dilacerante. Acho que entre todos os sentimentos ruins, a tristeza é a pior. Pois não há uma forma de se livrar dela. Ela apenas chega e fica, e só vai embora quando bem entende. Então não é algo que você saiba lidar, somente conviver até que se veja sem ela. Geralmente, até que isso aconteça, é demorado.

Acho que por isso estou conformada com Sean. Em continuar com ele. Porque temos uma história. Nos conhecemos há muito tempo. Romper isso seria desconfortável, e acabar com o noivado seria uma tristeza. Não somente para nós, como também para nossas famílias. Então, não, não mexamos com o que está quieto. Por que querer um efeito dominó se as colunas estão seguras? Não. Tudo está confortável.

E agora, depois de sair do Open, com o arrependimento de não ter me desculpado com Aaron por medo de estender nossa conversa, coisa que não poderia acontecer porque ele tinha que trabalhar; me encontro na casa da minha tia.

Minha mãe está morando com ela porque não gosta da ideia de estar sozinha em um lugar que tenha mais que um cômodo. Assim, nenhum lugar melhor do que na casa de três andares da minha tia Margot, a solteirona da família – ela não se importa com o apelido, muito pelo contrário.

Por trás da borda da xícara de café que trago à boca, estou escondendo um sorriso enquanto alterno entre pensar demais e ver as duas comentarem do pintor que está renovando a pintura da sala de descanso.

— Aqueles braços só não melhores que a educação dele — minha mãe comenta, soltando um suspiro sonhador.

— Pois eu prefiro os braços, já que não como educação — tia Margot retruca, passando geleia em uma torrada e mordendo.

— O que comemos está tampado, Margot, não seja ridícula — mamãe me oferece um sorriso, a fim de abrandar o rumo da conversa das duas. — Está tudo bem, minha filha? Você parece distante.

— Está pensando naquele que você tem por noivo? — minha tia quer saber, bebericando seu café após terminar de mastigar.

Ponho minha xícara na mesa e olho a superfície, distraindo a vista nas diversas porções de frutas, pães, torradas e sucos. Qualquer lugar que não dedure minha decepção por não estar pensando exatamente em Sean.

— Está ansiosa pelo casamento? — minha mãe faz outra tentativa.

Eu a olho.

— Não, eu só… — abano as mãos. — Estou pensando que… Em nada.

— Hmmm… — tia Margot solta, como se tivesse descoberto algo. — Você está pensando em um homem, disso não tenho dúvidas — ela limpa os cantos da boca com o guardanapo. — Tudo bem, meu amor, nós quase sempre estamos pensando neles. É natural.

Expiro, o meu desalento ficando visível na forma que amoleço na cadeira e desvio o olhar.

Elas ficam em silêncio, até minha mãe soltar um som conclusivo:

— Você está pensando em terminar o noivado?

— Eu sempre soube que você era uma mulher com a cabeça no lugar, Lili — minha tia dá uma risadinha. — Para que se casar? Homens só são bons pelados, e olha que nem sempre…

À Prova do Amor #1 (NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora