Confiro o nome na fachada e olho para o celular em minha mão, confirmando ser o lugar para o qual Lili me convidou a vir.
Foi um convite inesperado. Mas a atitude de eu ligar para ela, também foi. Eu relutei com a vontade de fazê-lo, por muito tempo, até a impaciência me dominar e eu não conseguir resistir. Estava ansioso por ouvir sua voz de novo. Ela foi embora tão rápido.
E meu último pensamento é que eu não seria bem recebido por ela. Não imaginava que Lili seria ainda mais espontânea e simpática, não me repreendendo por minha péssima decisão. De ligar para ela. Em seu número pessoal. E sugerir que era para ela ter meu número em seus contatos. Essa parte, era para ser uma piada. Eu achei que a faria rir da minha pretensão. E ela não o fez. Ela criou um assunto e quis conversar comigo a ponto de me chamar para um café.
Para um café.
Posso considerar que tive um dia de impossibilidades acontecendo. Particularmente essa. E minha bicicleta roubada não foi capaz de me desanimar. Ainda que eu acredite que naquela região onde trabalho não seja possível assaltos à luz do dia. Provavelmente alguém foi instruído a se desfazer do pedaço de ferro que estava estragando as fachadas dos edifícios.
Guardo o celular no bolso lateral da calça e caminho para adentrar a lanchonete. Parece um local simples para um lugar nobre como esse.
Lili me enviou uma mensagem dizendo já estar me esperando dentro. E meus olhos vasculham depois de passar pelas portas, encontrando-a.
Seu aceno vem junto com um sorriso, como para se destacar em meio às pessoas dali. Como se ela precisasse. E nunca precisaria. Eu a notaria, de qualquer forma. Ela é a mais linda, a mais reluzente com seu sorriso singelo, a única que chama toda a atenção. Lili é destacável em uma multidão.
Eu me junto a ela, sentando no banco oposto, tirando minha bolsa de ombro para colocá-la do lado, no assento, de forma que não esmague os pães que não foram entregues.
Olho para Lili, ainda podendo ver seu sorriso.
— Você demorou — ela ergue uma sobrancelha. — Achei que ia me dar o bolo.
— Eu cogitei isso, mas achei que seria imperdoável dar o bolo em você de primeira. Vou fazer isso mais para frente.
Sua risadinha reverbera.
— Um homem confiante você, Aaron.
Por cogitar que teremos um próximo café? Não acho que me torna confiante, e sim sonhador.
A garçonete chega até nós para saber dos nossos pedidos. Lili deseja um café, uma coca e hambúrguer. Peço somente um café. A mulher anota tudo e sai, deixando-nos a sós de novo.
— Desculpe pela demora. É um lugar longe do Open — explico. Seus olhos claros se estreitam sob os cílios. — Eu teria vindo mais rápido se não tivesse me confundido de rua.
— O taxista não deixou você aqui na frente?
— Não — finjo um semblante decepcionado. — O meu táxi não carrega além da estação.
— Você veio de metrô — ela conclui, ao que maneio a cabeça, afirmando. — Me desculpe, eu fui uma grosseira de não observar que talvez você não tivesse carro. É longe demais, deve ter sido cansativo... Eu te desculpo pela demora.
— E eu desculpo você pela grosseria — dou um sorriso.
E ela não sabe que, para mim, não teve qualquer dificuldade. O tempo voou enquanto eu vinha no metrô. Estava feliz pelo convite e pela oportunidade de revê-la, então, não, não foi um problema.
VOCÊ ESTÁ LENDO
À Prova do Amor #1 (NA AMAZON)
ChickLitO amor tudo suporta? Aaron sabe que não. O que ele não sabe é que a vida está encarregada de pôr em dúvida a sua certeza. Contém alguma e outra linguagem explícita. Não recomendado para menores.