Capítulo 4

1.9K 312 25
                                    

Confiro o nome na fachada e olho para o celular em minha mão, confirmando ser o lugar para o qual Lili me convidou a vir.

Foi um convite inesperado. Mas a atitude de eu ligar para ela, também foi. Eu relutei com a vontade de fazê-lo, por muito tempo, até a impaciência me dominar e eu não conseguir resistir. Estava ansioso por ouvir sua voz de novo. Ela foi embora tão rápido.

E meu último pensamento é que eu não seria bem recebido por ela. Não imaginava que Lili seria ainda mais espontânea e simpática, não me repreendendo por minha péssima decisão. De ligar para ela. Em seu número pessoal. E sugerir que era para ela ter meu número em seus contatos. Essa parte, era para ser uma piada. Eu achei que a faria rir da minha pretensão. E ela não o fez. Ela criou um assunto e quis conversar comigo a ponto de me chamar para um café.

Para um café.

Posso considerar que tive um dia de impossibilidades acontecendo. Particularmente essa. E minha bicicleta roubada não foi capaz de me desanimar. Ainda que eu acredite que naquela região onde trabalho não seja possível assaltos à luz do dia. Provavelmente alguém foi instruído a se desfazer do pedaço de ferro que estava estragando as fachadas dos edifícios.

Guardo o celular no bolso lateral da calça e caminho para adentrar a lanchonete. Parece um local simples para um lugar nobre como esse.

Lili me enviou uma mensagem dizendo já estar me esperando dentro. E meus olhos vasculham depois de passar pelas portas, encontrando-a.

Seu aceno vem junto com um sorriso, como para se destacar em meio às pessoas dali. Como se ela precisasse. E nunca precisaria. Eu a notaria, de qualquer forma. Ela é a mais linda, a mais reluzente com seu sorriso singelo, a única que chama toda a atenção. Lili é destacável em uma multidão.

Eu me junto a ela, sentando no banco oposto, tirando minha bolsa de ombro para colocá-la do lado, no assento, de forma que não esmague os pães que não foram entregues.

Olho para Lili, ainda podendo ver seu sorriso.

— Você demorou — ela ergue uma sobrancelha. — Achei que ia me dar o bolo.

— Eu cogitei isso, mas achei que seria imperdoável dar o bolo em você de primeira. Vou fazer isso mais para frente.

Sua risadinha reverbera.

— Um homem confiante você, Aaron.

Por cogitar que teremos um próximo café? Não acho que me torna confiante, e sim sonhador.

A garçonete chega até nós para saber dos nossos pedidos. Lili deseja um café, uma coca e hambúrguer. Peço somente um café. A mulher anota tudo e sai, deixando-nos a sós de novo.

— Desculpe pela demora. É um lugar longe do Open — explico. Seus olhos claros se estreitam sob os cílios. — Eu teria vindo mais rápido se não tivesse me confundido de rua.

— O taxista não deixou você aqui na frente?

— Não — finjo um semblante decepcionado. — O meu táxi não carrega além da estação.

— Você veio de metrô — ela conclui, ao que maneio a cabeça, afirmando. — Me desculpe, eu fui uma grosseira de não observar que talvez você não tivesse carro. É longe demais, deve ter sido cansativo... Eu te desculpo pela demora.

— E eu desculpo você pela grosseria — dou um sorriso.

E ela não sabe que, para mim, não teve qualquer dificuldade. O tempo voou enquanto eu vinha no metrô. Estava feliz pelo convite e pela oportunidade de revê-la, então, não, não foi um problema.

À Prova do Amor #1 (NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora