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║Escuro║

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║Escuro║

"Chenle?"

Sua mãe parecia se esforçar para explicar ao garoto que ele era um beta, mas ele mal a deixava falar, perguntando o tempo inteiro por Jisung em meio aos prantos. E o fato de ela repetir incontáveis vezes que o Park também precisava de tempo com seus próprios pais estava deixando-o muito inquieto.

Por que não podia ver Jisung?

O que o amigo estaria pensando de si agora, para não vir lhe ver?

Não tinham combinado que assim que um deles descobrisse o gênero secundário, o outro estaria lá para ajudá-lo? Não foi uma promessa de dedinho?

O quarto que ele dizia tanto adorar, seu refúgio favorito cheio dos jogos que passava horas brincando com o Jisung, plantinhas que considerava suas crias e fotos dos amigos, agora lhe parecia estranhamente... escuro.

Como se nem a lua nem as estrelas, nem a iluminação da rua nem a de sua lâmpada, nada fosse capaz de deixar sua visão clara novamente.

Uma dor de leve se instalara no seu peito, resquício de quando seu lobo lhe despertou para o fato de ser um beta.

Ou era o que ele dizia para si. Que aquela dor não tinha nada a ver com o fato de ter tido que passar por aquilo sozinho. E em sozinho, lê-se: sem o melhor amigo.

Tinha visto Jisung naquele dia. Isso que lhe doía. Ele estava a poucos metros de si quando, ao atender a porta, Chenle teve um lapso de consciência, acordando de novo alguns instantes depois, nos braços de um dos empregados da casa que o levaram para o quarto onde estava desde então, com o corpo recuperado do desmaio, presas evidentes e olhos brilhantes.

Se o Park viu que ele não estava bem, se viu o que acontecera, como pôde ir embora?

Pegou o celular, vendo que este estava descarregado. Suspirou longamente, buscando a paciência que não tinha, conectando-o na tomada e deitando na cama. Ficou tempo indeterminado fitando o teto, terrivelmente branco, vazio. Escuro, ainda sim.

Começou então a tentar notar alguma diferença em si mesmo. Levantou até ficar de frente para o espelho, onde chegou perto para certificar-se que não havia nada estranho e que já tinha se recuperado totalmente. Seu rosto estava o mesmo, as presas do mesmo tamanho de antes, os olhos iguais também. Nada com que se preocupar, nada fora do controle. Nadica de nada.

E, ainda assim, era como se seu semblante estivesse terrivelmente escuro.

Imaginou qual seria o seu cheiro. E franziu o cenho, irritado com o Park mais uma vez, por não estar lá para respondê-lo. Sua mãe e qualquer outra alma que prezasse pela própria paz já tinha deixado o quarto logo depois que Chenle tinha voltado ao seu normal. E em "seu normal", lê-se: reclamando e gritando sobre saber se controlar ou xingando e praguejando sobre Park Jisung.

Agora, sozinho, pensava melhor. Teria o amigo ficado assustado? Isso era tão Jisung, ter um treco ao vê-lo desmaiar e não conseguir nem ao menos ajudar em alguma coisa.

Sorriu, e só foi perceber quando uma risadinha curta lhe escapou só de pensar nele. E, aceitando que era um bobo pelo melhor amigo, voltou até onde estava o celular, indo lhe mandar uma mensagem.

"Você não tá morrendo de curiosidade de saber o que eu sou?"

Antes de clicar em "enviar", adicionou um "Park Jisung Idiota" no final, apenas para que o outro soubesse que estava em seu estado normal.

Esperou e esperou, mas sem resposta.

Ela veio da pior e melhor forma possível, quando sua mãe abriu a porta novamente, um olhar preocupado e excessivamente gentil no rosto.

"Jisung perguntou se podia vir aqui conversar com você. Ele deve estar a caminho já. Tudo bem?"

Fez que sim com a cabeça, apenas porque realmente queria ver o outro. Precisava ouvir o que ele tinha a dizer.

Mas tudo estava muito longe de bem.

Se o amigo achava que precisava conversar de verdade, ao invés de mandar mensagens, ligar, ou dar-lhe qualquer sinal de vida, era porque algo sério estava acontecendo.

E tudo escureceu novamente.

O que estaria passando pela cabeça do Park? Por que ele estaria fazendo tanta cena, tanto mistério? Não teria gostado? Sua mãe teria lhe dito algo? Teria ele esperado até esse dia para deixar de ser seu amigo? Apenas as piores hipóteses passavam por sua cabecinha dramática, entrando naquela espiral de pensamentos negativos que o levavam cada vez mais para a escuridão, até que ela o envolvesse por completo.

Então ouviu batidinhas na porta. Leves como sempre. Aquela batida que ele tinha o costume de dizer para o mais novo "fazer direito". E engoliu em seco, levantando rápido e indo até lá.

Assim que abriu a porta, teve a imagem do rosto do melhor amigo num sorriso tímido.

O Park coçou a garganta, rindo fraco e coçando a nuca, em uma mania de quando estava envergonhado, nervoso ou... sem jeito? O Zhong não conseguia decidir qual das opções se aplicava ali.

Chenle permaneceu estático, sem nem perceber que prendia o ar.

Até que Jisung se pronunciou.

E o mais velho percebeu que, se tivesse prestado atenção, teria entendido tudo.

"Goma de mascar." - Jisung afirmou, antes de rir, os ombros balançando de um jeito adorável enquanto a cabeça do amigo dava um giro.

"Hã?" - franziu o cenho, o coração batendo rápido quando o maior se aproximou mais de si, conseguindo lhe olhar nos olhos dessa vez.

"Você tem cheiro de goma de mascar. Nossa favorita."

O menor sentiu lágrimas lhe invadirem os olhos, mesmo com o sorriso que teimava em lhe adornar os lábios.

Entendeu, finalmente. E não aguentou segurar o sorriso.

"Eu te odeio muito, sabia, Park Jisung?"



























E aí, o que será que o Andy Park é minha xent?

Explanation pra quem não pegou: se ele consegue sentir o cheiro do Lele, é porque o lobo dele se apresentou também, então ele sabe seu gênero secundário

Meu BetaOnde histórias criam vida. Descubra agora