0.9 - Medos

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•Narração - Dante•
•20h17 - 12/02/2020•

A chuva forte e repentina tinha feito com que Dante voltasse antes do esperado pra casa. Por volta das 18h já se despedia de Arthur um pouco penoso e ao chegar em casa trombou a irmã jogada no sofá enquanto lia algum de seus romances rotineiros; Apenas lhe direcionou um sorriso breve e partiu para um banho, estava se sentindo um tanto desconfortável durante o dia inteiro. Não por conta do passeio, ou de Arthur, mas sua mente o fazia pensar que algo estava fora do lugar... Talvez indo rápido de mais. Certo, a culpa era dele, ele deu toda a abertura e todos os flertes possíveis para o músico, mas ainda sim...

É, talvez fosse isso. Duas semanas não era tempo o suficiente para se envolver tanto assim com alguém, tinha que se controlar ou então... Então acabaria como em sua última experiência séria: Sozinho, furioso e possivelmente desesperançoso.

Respirou fundo. Porcaria de medo, porque tinha que ser atormentando por seu passado toda vez que tentava dar um novo passo? Podia ao menos se como Beatrice, ela superou tão bem a perda e já tinha até começado o namoro com Erin... Mas não podia se forçar a ser como a irmã, não podia se enganar dizendo que não tinha mais sonhos com aquela que teve seu coração por tantos anos.

- Dante? Você tá bem? - Ouvi a voz preocupada de Bea o chamando do lado de fora. Não respondeu, tentando se concentrar na imagem que era ainda tão nítida em sua memória. - Você nunca demora assim, já tá aí a quase meia hora... Me responde por favor.

- Eu... Eu tô bem Lilian. - Respondeu baixo; Desligou a água corrente e se enrolou na toalha ao sair do box, ainda estava cansado e moído.

- Não me chama assim. - A castanha rebateu, irritada. - Você vai mesmo continuar nessa?

- Li... Beatrice...

- É sério, se passaram três anos, Dante. Pelo amor de Deus!

Abriu a porta devagar, a expressão baixa e exaurida totalmente diferente da mais jovem, que agora o encarava séria. Com certeza ela também estava exausta de tudo, Dante sabia que estava, sabia o quanto se preocupava consigo e por muitas vezes odiou isso; Odiava ser motivo de preocupações.

- É, três anos. - Murmurou, deu de ombros e desviou da menor indo em direção ao quarto.

- Só me diz se você tá bem? Por favor...

- Eu tô, eu só... Não sei, hoje me veio essas coisas. De novo. - Suspirou. - Passei o dia meio fora do ar, e sei lá eu não quero que o Arthur fique preocupado com isso.

- Aí Dante, olha pra mim. - A garota se aproximou segurando as mãos bem maiores que a suas e procurou os olhos do irmão. Dante não desviou, não precisava, não com ela. - Você não tá pensando em simplesmente se isolar, né?

- Talvez? - Encolheu os ombros, silenciosamente reclamava, ela o conhecia bem demais para tentar mentir. - Eu só não tenho certeza, tá? Acho que as coisas foram rápidas demais pra mim, Bea.

- Então você tem que ao menos conversar com ele e explicar! Qual é, Dante, é o Arthur, eu mal conheço ele e tenho certeza que ele tá longe de ser o tipo babaca. - Soltou as mãos, um pouco indignada. - Ele merece uma explicação e não um cara que vai simplesmente sumir quando der na telha.

- Vou pensar, certo? Só preciso pensar um pouco. - Sorriu fechado e deixou um beijo na testa alheia, por fim entrou no quarto e trancou a porta.

O celular que já tinha sido deixado no cômodo antes do banho se iluminou e pode ver algumas mensagens do baixinho chegando lhe perguntando se tinha chegado bem. Sentiu o aperto no peito; Não estava pronto. Bloqueou o dispositivo e o escondeu em meio as cobertas da cama, talvez assim fosse mais fácil não responder.

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