[16.03.21]
Em uma das noites em que Taehyung não me procurou, decidi ir a uma balada para tentar me distrair e tirá-lo da minha mente. Vesti uma roupa preta e escolhi um lugar não tão famoso. Pensei em convidar Sunmi e suas amigas, contudo, eu não falava com nenhuma delas há semanas. No fim, convidei Namjoon, mas ele estava ocupado com Kim Seokjin, dono e chef de um de seus restaurantes preferidos. Assim, resolvi ir sozinho.
Fazia tempo que não ia a lugares como aquele. Antes, eu costumava frequentá-los à procura de alguém para passar a noite. Agora, eu estava sempre esperando Kim Taehyung me procurar, preso em casa, na empresa, preso aos croquis que eu imaginava poderem trazê-lo para mim e às minhas fantasias com ele. Taehyung estava me impregnando completamente, de modo que eu não sabia mais como eu já havia sido capaz de tocar outras pessoas. Como conversava com elas, como as atraía para mim. Nunca me preocupei com isso antes, porque tudo era simples e fácil, tudo funcionava sem esforço algum, mas agora eu começava a achar que precisava me esforçar com Taehyung. Precisava fazê-lo não se cansar de mim, para que assim não fosse embora. Precisava me esforçar desesperadamente para ele ficar mais um dia, mesmo sem ter ideia de como o fazer.
Naquela noite, cansado de mim mesmo e de como eu me deixava ser tão tolo, submisso e obcecado, bebi doses demais no bar, tentando calar meu próprio cérebro traiçoeiro.
Observei as roupas das pessoas que passavam por mim, muito embora a falta de claridade do ambiente e o rápido entorpecimento da bebida dificultassem minha visão e me fizessem lamentar que meu passatempo preferido estivesse prejudicado.
Em algum momento, comecei a pensar em me levantar e procurar alguém para substituir aquela vontade e necessidade que ardiam dentro de mim — e que eu sabia bem só sumirem por completo se ele estivesse comigo. Ponderei por um tempo que pareceu longo demais, e quanto mais eu me contradizia em meus próprios argumentos, mais irritado ficava. Então simplesmente o fiz. Levantei e encontrei alguém, me convencendo de que nada me impedia de ter Taehyung em meio a outros, como ele fazia comigo.
Nada me impedia de obrigá-lo a também ter apenas estilhaços meus, pedaços cortantes que eu desejava que ele pudesse segurar com força suficiente para escorrer sangue pelo seu braço.
Havia um jovem que me encarava há algum tempo do outro lado do bar. Foi ele quem escolhi ao me levantar. Só o que tive de fazer foi andar até ele. Imediatamente vi seu sorriso; ele me disse seu nome e perguntou o meu. Não conversamos, eu não tinha o que dizer nem achava que precisava.
— Quer sair daqui? — Jongin, como se chamava, perguntou.
Imaginei com ansiedade e desprezo — com uma pontada de superioridade e ego inflado — o que Taehyung faria se me visse com aquele jovem. Quis que ele me visse. Quis ver sua expressão, quis saber se sentiria algo em relação a ter de me dividir, já que eu estava ali unicamente para ele, sempre. Desejei com fervor que ele ficasse irritado, que se sentisse desprezado e deixado de lado. Que aquilo o atingisse mais do que vê-lo com outros me atingia. Quis que seu ego se dobrasse e queimasse até sobrar as cinzas. Quis vê-lo rastejando até mim, sofrendo.
Vi Jongin me observando em expectativa e rapidamente me obriguei a afastar os pensamentos.
— Quero — respondi com um aceno de cabeça e saímos andando.
Enquanto caminhava entre as pessoas e analisava rostos, simetrias e roupas, eu imaginava os olhos de Taehyung me observando. Imaginava-o em agonia, voltando para mim, se ajoelhando aos meus pés e dizendo me querer por inteiro. "Só eu e você", ele diria com as mãos segurando a barra da minha camisa. "Esqueça o Jimin, esqueça outras pessoas, somos só eu e você agora. Não faça isso comigo, não me faça sofrer assim. Não consegue ver que estou sofrendo?"
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Me ame a 100°C
FanfictionTAEKOOK [concluída] Jeon Jeongguk desenhava croquis secretamente para a marca de seu melhor amigo. Uma noite, em uma festa após um desfile, ele conheceu Kim Taehyung, o modelo principal da coleção. E não demorou nada para perceber que, embora ach...