07. Você é um esquisitão, Christopher.

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           SELENA GOMEZ.
               New York.

Os dois homens em minha frente me fitavam de maneiras distintas, pouco se assimilando um com o outro. Com os corpos separados pelas cadeiras afastadas o máximo que era permitido, eles faziam questão de não se aproximar um do outro. Como se pudessem acabar infectado por uma doença desconhecida e perigosa. Tudo isso por uma briguinha boba entre eles dois.

Depois os homens tinham a coragem de dizer que as mulheres eram dramáticas. Isso quando eles não conseguiam se comportar como adultos decentes e resolver as desavenças com uma boa conversa.

Era segunda-feira e eu estava morrendo de fome, por isso pensei que seria uma boa ideia convidar meu pai e Alec para comermos torta em uma das minhas docerias favoritas da cidade. Magnolia Bakery era, depois do Subway, a segunda causadora do meu ganho contínuo de peso. E também uma das principais razões por eu me arrastar para academia durante o fim da noite. Isso quando eu estava disposta.

Porém, eu devorava os dois pratos de torta em minha frente sem me preocupar com o que aconteceria depois.

— Ainda não perdoei o que você fez na minha festa de noivado, Selena. Foi um horror. — meu pai estava todo "homem de negócios" e era engraçado ver ele comendo um mini bolo com decorações de pequenos corações e recheio vermelho.

— Perdoou sim, ou então não estaria aqui. — deixei a minha sobremesa de lado para poder cruzar meus braços e colocar em meu rosto todo o meu descontentamento daquele momento. — E eu não fiz nada demais. Era só um vestido!

Papai bufou alto, praticamente jogando a própria colher na mesa, o que causou um barulho enorme para aquele ambiente tranquilo e aconchegante.

— Eu entendo que você possa estar com ciúmes de toda a situação, mas preciso que saiba que eu nunca vou deixar de amar você ou me importar com você. Só encontrei alguém para passar os meus dias. Sou um homem apaixonado agora. Não pode ficar feliz por mim? — eu compreendi que ele realmente queria minha aprovação naquilo, todavia, eu não poderia ser falsa com ele. Não sobre aquilo. Seria como estar causando estragos na minha própria personalidade, fingindo algo que eu não era.

— Pai, eu não estou com ciúmes. Sei que sou insubstituível para você. Apenas não me peça para ser algo que eu não posso ser. — encarei ele nos olhos, para que pudesse tentar entender que não era apenas uma birra de uma filha ciumenta que me fazia agir daquela forma. — Em algum momento você vai entender que eu estou certa. Porém, eu não tenho pressa, uma hora tudo vai se encaixar para mostrar que eu tenho razão.

Alec soltou um barulho que parecia muito uma risada misturada com uma bufada. O que combinava com ele.

— Você é bastante impressionante sabia? Às vezes até me esqueço que sou o mais velho entre nós dois. — Alec foi mais discreto em seu pedido, que por sinal já tinha sido digerido minutos atrás. — Quando foi que você cresceu e se tornou uma cobra, Selena?

Dei de ombros, pouco me ofendendo com suas palavras, porque sabia que ele não falava aquilo para me magoar. Certamente era mais como um elogio do que qualquer outra coisa. Era assim que funcionava em uma relação entre irmãos. Elogios eram sempre mascarados como ofensas.

— Saberia disso se permanecesse aqui ao invés de ficar pulando de país em país como um sem teto e sem família! — meu pai ralhou, olhando na direção do homem ao seu lado pela primeira vez desde sua chegada.

Alec era uma pessoa bastante paciente, muitas vezes de fala mansa e que quase nunca se estressava com as questões da vida. Contudo, eu conseguia ver que nosso pai era a única pessoa que conseguia transformar ele em algo que não costumava ser.

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