08. Selena, pessoa alguma fica acima da minha família

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                  CHRIS EVANS
                  NOVA YORK.

  Era estranho porque de repente eu me sentia bastante preparado e determinado a fazer o que eu já deveria ter feito há muito tempo.

   Nova York acontecia atrás de mim, do outro lado da janela do meu escritório. Como era o horário do almoço eu sabia que a empresa estava mais vazia, o que era essencial para mim. Sabia que se fizesse isso em outro lugar ou em outro momento as coisas poderiam fugir do controle.

  Peguei-me tentando segurar um sorriso teimoso enquanto pensava no jantar de uns dias atrás com Selena Martinez-Gomez. A herdeira de todo o lugar que significava tudo para mim.  A jovem mulher que eu tinha certeza que não possuía certas qualidades que eu admirava em alguém. E, com isso, não pude deixar de ficar feliz ao perceber o quanto eu estava errado.

  Quando parei meu carro em frente ao apartamento dela soube na hora que não havia motivos para o meu nervosismo. E, no momento em que eu pude enxergá-la melhor e sentir o perfume marcante que usava, qualquer outro pensamento evaporou da minha mente. Se eu havia visto alguma mulher bonita na minha vida, nenhuma poderia ser comparada com ela.

  Selena usava um batom vermelho que apenas mulheres confiantes como ela conseguiam usar, o vestido curto preto se destacava mesmo com o longo casaco escuro que ela estava usando para se proteger do frio. Selena era do tipo de mulher que sabia que era bonita, mas não ligava muito sobre impressionar os homens. Porque eu tenho certeza que ela tinha a noção que não precisava se esforçar mui para isso.

  Por mais que eu tivesse dito que aquele seria um jantar mais formal, como de dois colegas de trabalho, que por sinal era o que éramos, eu não pude conter minha mente em pensar como seria se fosse um encontro de casal de verdade. Será que iríamos terminar a noite com outra garrafa daquele vinho que ela gostava, sendo que dessa vez estaríamos em meu apartamento, ou no dela? E que depois de uns minutos tentando disfarçar a atração que sentíamos um para o outro eu acabaria por cima dela? Borrando todo aquele batom vermelho e deixando minha próprias marcas por aquele corpo divino?

  Voltando a realidade, suspirei profundamente, tentando mandar para longe aqueles pensamentos que não me fariam bem. Nem para minha mente e muito menos para o meu corpo. Que era fraco demais para não corresponder àquelas imagens falsas que meu estúpido cérebro havia criado.

  Até porque, eu sequer sabia que Selena alguma vez tinha olhado-me com segundas intenções. Poderia até dizer que já peguei ela olhando para mim com um semblante diferente, quase exótico. No entanto, eu não poderia ter certeza. Sabia que eu tinha uma aparência boa, um corpo legal. Contudo, beleza era muito relativa. O que era bonito para umas pessoas poderia não ser tudo aquilo para outras. Mas eu daria tudo para saber se ela alguma vez teve o tipo de pensamento faminto comigo como eu havia tido com ela algumas vezes. Mais vezes do que eu seria capaz de admitir...

  Barulho de saltos altos batendo no chão e por um segundo me perguntei se Selena já teria voltado do seu horário de almoço. Contudo, Cheryl abriu a porta do escritório, revelando sua chegada com aquela pose prepotente que ela possuía.

  — Nem pude acreditar quando vi sua mensagem. — ela caminhou rapidamente em minha direção, tentando beijar minha boca, mas não tendo muito sucesso quando virei delicadamente meu rosto em outra direção. — Você nunca me chama para vir aqui. Na verdade, achei que você tinha proíbido minha entrada. É bom ver que mudou de ideia.

  Droga, ela estava mesmo achando que isso poderia resultar em algo bom. Se eu fosse ela, estaria no mínimo desconfiada. Nunca gostei de misturar meu trabalho com minha vida pessoal. A pessoa descobre por um tempo que trabalhar numa empresa só resulta em duas coisas; fofocar sobre a vida de alguém e passar estresse algumas vezes ao dia.

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