muito obrigado pelas doze mil visualizações! eu estou tão feliz, cara.
se houver algo que eu possa fazer para retribuir vocês, é só me dizer..quando a gente considera coisas como as estrelas, os nossos negócios não parecem importar muita coisa, não é?
pai e filha: um tão confuso quanto o outro
1Faziam quatro duas semanas desde que tocara violino pela última vez. O instrumento de madeira estava há tanto tempo parado que começava a desafinar — mesmo assim, me recusei a tocá-lo. Da mesma forma que procrastinava em relação à música, procastinei contra a pintura. Eu não pintava desde que Billy Andrews derrubou-me junto a Cole das escadas.
Aquilo me injuriava tanto quanto não ler os livros parados em minha estante. Eu estava em meio a uma ressaca artística — se é que eu poderia me considerar uma artista —: não lia, não pintava, não tocava. O que faria então?
Com pesar, escondi as telas, o violino e todas as leituras atrasadas dentro do baú. Estava cansada da rotina parada do campo e prestes a entrar em colapso por não conseguir fazer nada
— Amélia, estive pensando seriamente sobre a França — papai disse ao entrar em meu quarto, carregando uma bandeja com duas xícaras, torrões de açúcar, biscoitos e um bule de chá. Ele sorria para o vento quando se sentou sobre a cama e tirou os sapatos. Me encarou com ternura e não perguntou sobre os espaços vagos na estante.
Richard Leconte era um dos homens mais confusos que já havia conhecido. Nunca tive a facilidade, como com mamãe, em ler seus sentimentos ou expressões. Odiava pensar que em alguns momentos de minha vida, cheguei a desgostar de sua presença e de seu carinho — apenas porque queria que mãe estivesse disposta a largá-lo para ficar com Katherine. Agora, entendia que os sentimentos que tive em relação a ele não passavam de birra e problemas que nunca foram meus.
Sentei ao seu lado e deixei-me levar por suas palavras. Estava disposta a esquecer todo aquele ódio repentino que sentia por minha improdutividade e prestar atenção em cada mísera letra nas frases de papai.
— Sinto que sua mãe e eu não estamos tão conectado quanto antes e temo que ela queira se separar de mim. Céus, querida, não sei o que seria de mim sem Margot — ele disse. Tratei de servir o chá e lhe estendi uma das xícaras escaldantes. — Conversei com Matthew Cuthbert e com Sebastian, mas as respostas foram tão vazias, como você mesma diz, que saí mais confuso do que antes. Penso que o melhor a se fazer seria dar um tempo a sua mãe.
A fumaça embaçou seus óculos de grau. Papai suspirou e os tirou do rosto jovial e bonito. Ele parecia tão cansado naquele momento; as bolsas dos olhos maiores e as novas rugas denunciavam isso.
— Pensei em viajar sozinho, primeiramente, mas tenho certeza de que não duraria mais de dois dias e que logo estaria escrevendo um milhão de cartas para vocês — de forma engraçada, ele brincava com as mãos e balançava o rosto como se realmente estivesse datilografando algo. — Sei que, para você principalmente, foi difícil se acostumar com o ar de cidade pequena que Avonlea transmite. Te vi chegar amuada tantas vezes da escola, querida, e me sinto um péssimo pai por nunca ter conversado com você sobre isso. Por isso, acredito que seria pior ainda sair daqui durante longos meses e não te perguntar se gostaria de me acompanhar na viagem. Seria maravilhoso, como em uma daquelas aventuras que você tanto gosta! Pai e filha perdidos em um lugar que eles não conhecem. Indo à bibliotecas e lojas. Imagine-se diante do Louvre, Mélia!
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blue boy, gilbert blythe
FanficMe perdi em meio as suas palavras, reparando na forma em que seus olhos se comprimiam quando dizia algo. Adorava passar aquele tempo com ele, porque eu o enxergava de verdade - através dos seus olhos, como mamãe diria -; via alguém além do garoto tr...