I - capítulo

2K 135 100
                                    

"O tempo passa da mesma maneira para todos os seres humanos; cada ser humano passa pelo tempo de uma maneira diferente."
-  Yasunari Kawabata

Já havia se passado aproximadamente cento e vinte anos desde da queda de Darkiling, as coisas estavam em seu devido lugar agora, certo? Tudo estava bem não é? Errado, nada estava bem, o mundo estava cada vez pior, os grishas eram massacrados aos montes, Ravka antes poderosa estava em declínio, a dobra não havia sido destruída porém agora tinha vários caminhos de pura luz dentro dela, o que fazia a travessia ser       completamente segura.

Nikolai não deixou descentes, o concelho que assumiu após sua morte levou Ravka cada vez mais para o buraco. As pessoas que liam a história da antiga Ravka perguntavam-se  caso  Darkiling estivesse no poder as coisas seriam diferentes? outros questionavam a presença da Sankta, onde ela estava? Por que não fazia nada? Talvez tivesse morrido, essa era a conclusão mais aceita.

O que ninguém sabia era que Alina vivia, desde a queda de Darkiling Alina se isolou do mundo e de todos que conhecia, Ela havia matado os dois homens aquém amou e de alguma forma isso a quebrou por dentro, década após década ela via de longe Ravka ruir, seus amigos morrerem e cada ano que se passava ela tinha cada vez mais certeza que Darkiling não era o vilão.

Ela se corroía pela culpa, mas de alguma forma ela ainda o sentia através da ligação que ambos possuíam, porém aquilo era impossível ela o viu morrer, esse sentimento provavelmente era apenas seu subconsciente tentando aliviar sua culpa.

Com o passar dos anos ela procurava um forma de morrer, mas tudo que tentava era inútil, após a dor tudo voltava a normal, porém após tanto tempo de pesquisa ela havia encontrado algo, ironicamente através da mesma ciência proibida que havia a concedido vida eterna.

Com um velho livro em mãos Alina estava pronta para dar um fim naquela existência miserável, contudo antes que pudesse pronúnciar a primeira palavra, uma figura se fez presente em sua frente fazendo com que a mesma paralisa-se instantaneamente, Alina arregalou os olhos, ela não podia acreditar que ele estava realmente alí.

"Aleksander" ela pronunciou de forma baixa quase inaldivel, vingança? Talvez fosse o motivo da sua presença ali, mas não importava o motivo, mesmo que fosse para tortura-la ela estava feliz em vê-lo.

"No que eles te transformaram Alina" Disse docemente, com um preocupação e tristeza evidentes na voz, a observava com atenção enquanto fazia um carinho em sua bochecha. Alina permitiu-se fechar os olhos enquanto sentia o toque dele.

Suas pernas fraquejaram a conjuradora caiu de joelhos perante o homem a sua frente, que mesmo após tantas décadas ainda dispertava os mesmo sentimentos conturbados dentro dela.

"Vá enfrente, faça" Alina gritou em plenos pulmões, mas ao olhar o semblante de confusão no rosto do homem a sua frente ela também se perdeu "Fazer? Por que exatamente acha que estou aqui?" Ele questionou a encarando nos olhos.

Mas a reposta para sua pergunta não veio, Alina estava confusa, perdida, ela não fazia ideia de mais nada, ele suspirou "É melhor entramos, conversamos lá dentro já já começará a chover" ainda meio atordoada Alina concordou, Aleksander a ajudou a levantar e eles entraram na casa que Alina residia, um lugar simples e tão sem vida como a própria dona.

"Por que está agindo assim? Por que não voltou antes? por que você não... Por que não me deixou morrer" levando as mãos a cabeça e apertando fortemente os cabelos brancos, Alina estava enlouquecendo, levantando a cabeça e cruzando o olhar com o dele, ela pode sentir que ele estava tão quebrado quanto ela, talvez mais, porém ele disfarçava melhor.

"Muitas perguntas de uma vez, eu mentiria se dissesse que não tive raiva de você, eu prometi naquele dia que te quebraria Alina..." Segurando o queixo da conjuradora com uma mão ele sustentou o olhar dela sobre ele  "Mas o tempo se encarregou disso, você parece uma sombra desfigurada da mulher que foi um dia" uma lágrima fina escorreu do rosto da platinada "Então é isso? Veio me torturar se divertir as minhas custas?"

"Eu poderia, e não teria ninguém para te salvar" um sorriso perverso brotava em seu rosto, mas o olhar vazio ainda estava lá. "Mas não é o caso, por mais que quisesse te odiar, por mais que deseja-se e pedisse a todos os santos para te odiar eu ainda sim não conseguia sentir ódio de você Alina" ele pode ver no rosto da conjuradora um misto de surpresa e talvez felicidade.

"Esse tempo todo o que você fez?" Ele deu um triste sorriso "Assim como você observei de longe o trabalho de uma vida ruir diante dos meus olhos" aquilo doeu nela, doeu como flechas em seu peito e novamente a culpa se fez presente.

"Mas estava na hora de voltar e tentar novamente, é o que eu sempre fiz Alina durante todos esse séculos, tentar, tentar e tentar, só que dessa vez é diferente eu vim te fazer uma proposta, dependendo da reposta vou atravessar a porta e te deixar morrer em paz, se é que eu posso chamar isso de paz"

"Tudo bem faça, não é como se eu tivesse coisas mais importantes para fazer" O sarcasmo havia se tornado comum na vida da platinada, combinava com a personalidade seca e amargurada que ela havia conseguido ao longo dos anos " Não é nenhuma proposta nova, eu já te fiz ela a mais de um século atrás, juntos poderíamos trazer a paz ao nosso lar, ao nosso povo, mas dessa vez sem mentiras ou meias verdades, sem enganações ou manipulação, compartilhando tudo, e nosso poder estaria por igual, suas ordens teriam o mesmo peso que as minhas e nossa palavra seria soberana"

"A que custo? A que custo mudariamos o mundo?" Ele balançou a cabeça negativamente "Depois de tanto tempo, depois de tudo que viu e passou isso faz alguma diferença?" Ele a questionava porém já sabia da resposta "Não, não faz" ela queria dizer que fazia, queria gritar que cada vida importava até mesmo a do inimigo, porém ela não acreditava mais nisso, o tempo em que todos a achamavam de Sankta ela sentia-se poderosa dona da rasão, mas na verdade era uma menina tola com sonhos tolos, mas agora era diferente ela viveu mais que o suficiente para saber que não se deve ter piedade do inimigo, agora ela sabia o que era necessário para vencer essa guerra.

"Se aceitar será do meu jeito, você já sabem bem qual é, sem clemência aos inimigos" em outros tempos ela argumentaria, mas agora... Agora já não tinha mais importância.

"Eu aceito" antes que ele pudesse verbaliza algo ela continuou "Poderia facilmente dizer que isto é pelo povo ou por Ravka, e não deixar de ser mas... Isso é principalmente por mim. Mais de cem anos sozinha foram o bastante para me transforma nessa versão  decadente de me mesma" o olhar dele ainda permanecia sobre ela como o olhar de uma fera expreitando a presa "Você nunca mais vai está sozinha, por décadas, séculos e milênios que vinherem, por toda a eternidade você nunca estará sozinha"

Com delicadeza ele limpou a lágrima teimosa que escorria no rosto da platinada, se aproximado mais permitiu que os lábios de ambos se tocasse, Alina não sabia dizer se tudo isso era real, ou apenas um sonho de sua mente quebrada, mas caso fosse um sonho ela não queria ser acordada, seus lábios se encaixavam perfeitamente as línguas em sincronia dançavam dentro da boca, um beijo cheio de todas as emoções que ambos carregaram por tanto tempo, a necessidade de ar fez com que se  separassem, colando as testa eles se encararam enquanto faziam promeças silenciosas e conversavam pelo olhar, naquele momento nascia um sentimento diferente e avassalador, agora eles estariam juntos, juntos contra tudo e contra todos.

Darklina _ Além Do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora