XVI - Caindo aos pedaços

856 133 118
                                    

  Eu estava parada em sua frente olhando-o com espanto

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


  Eu estava parada em sua frente olhando-o com espanto. Meu coração pulava no peito desesperado, inconformado em acreditar que aquilo era verídico. Bryan me olhou com tristeza e respirou fundo. Tudo o que eu queria era que ele dissesse que havia sido uma piada de mau gosto e que estava bem. Mas não disse.

— Não. — Disse baixinho. — Não, você não está! Não é possível… — Aleguei, torcendo para que estivesse errado. 

   Foi então que Bryan levantou uma perna e puxou a calça para cima, mostrando uma pequena mordida em seu tornozelo. As veias ao redor da ferida estavam roxas e o sangue, coagulado. 

— Fui mordido quando lutava contra aqueles… — Disse ele, dando uma pausa repentina. — aquelas crianças.

   Ao ver aquilo em sua perna, senti meu coração partir-se em mil pedaços e, junto com o choque, vieram as lágrimas. 

— Bryan… — Escutei Stevão murmurar alguns metros atrás de mim, com perplexidade e ressentimento. 

— Vocês têm que ir sem mim.

— Não. Eu não vou a lugar nenhum sem você! — Retruquei com a voz irregular e as sobrancelhas franzidas.

— Evelyn… 

— Não! Você não pode se entregar desse jeito. Talvez… — Disse as palavras com rapidez e o meu nervosismo era nítido. — Talvez você seja imune. 

— Mas eu não sou, Evelyn! — Disse Bryan, com rispidez.

— Não tem como saber, se dê uma chance.

— Minha temperatura baixou, a infecção está se espalhando… Você viu! — Revidou ele, e dessa vez, houve irregularidade em sua voz ao dizer a última frase. Não disse nada, apenas virei o rosto para o lado e cruzei os braços. — Eu sinto muito! — Sussurrou.

— Você é um egoísta! — Cuspi as palavras para eles e o encarei com raiva.

— Não fala isso, Eve...  — Retrucou em tom sereno. — Está sendo injusta comigo. — Sua voz falhou e a forma como me olhava só piorou meu estado emocional.

   Nos olhamos fixamente e senti um baque forte no peito. Eu não conseguia aceitar; me imaginar vivendo sem ele. Tentei impedir que as lágrimas transbordassem pelos meus olhos, mas foi inevitável. A emoção falou mais alto e elas escorreram sobre a pele ressecada de meu rosto. 

   Não ouvi um ruído sequer ao meu redor, muito menos sabia o que os outros estavam fazendo; e nem me interessava saber. Senti um peso diferente sobre a calça e me deparei com Bryan colocando alguma coisa dentro do meu bolso.

— Não olhe, deixe para depois! — Murmurou ele, tão próximo que era possível sentir sua respiração em minha face. 

   O olhei por alguns segundos, mas logo desviei para o lado. Então ele se afastou devagar, até virar as costas para mim e começar a andar à direção oposta. Senti falta de oxigênio em meus pulmões; eu respirava, mas não conseguia ficar estável. Então, ousei olhar para Bryan e vi que já estava há dois metros de distância. 

INFESTAÇÃO: O princípio (Vol. 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora