A lanchonete em que trabalhei boa parte do ano passado, estava com uma pintura bem diferente do que eu me lembrava e com uma decoração bem estranha para um ambiente tão pequeno como aquele. Apesar de estar localizada em um dos melhores pontos da cidades — o que favorece bastante as vendas — o modo como o dono cuida do estabelecimento é deplorável.
— O gerente está tentando atrair mais clientes, mas não acho que esse seja o caminho certo. — Penélope, minha companheira de trabalho, falou que assim que notou meu olhar de desagrado.
— Ainda bem que ele não mudou os uniformes, ele tem um péssimo gosto para para moda. — Falei tapando o nariz para não sentir o cheiro da tinta que emanava das parede.
Penélope concordou com um sorriso amigável.
— Senti muito a sua falta. — Declarou me entregando uma sacola com o meu uniforme. — Fiz o máximo para manter a sua vaga, não acho que me entenderia bem com outra pessoa.
Penélope é uma pessoa maravilhosa em todos os sentidos, me ajudou muito quando precisei encontrar um trabalho para pagar as minhas contas, porém é muito desastrada.
Já perdi a conta de quantas bandejas foram derrubadas e de quantos clientes foram embora com as roupas encharcadas de café.
— Eu também senti muito a sua falta, em minha cidade não há garotas boas como você. — Falei com um sorriso amigável no rosto. — Como vai o Salém?
Penélope havia adotado um filhote de gato no ano passado e o bichano acabou se tornando parte da nossa amizade. O encontramos quando estávamos saindo da lanchonete, o pobrezinho estava com muita fome e todo molhado por causa da chuva do final de estação.
— Melhor do que na semana passada, os medicamentos que a veterinária está passando estão finalmente fazendo efeito, a anemia está regredindo. — Penélope falou com um sorriso orgulhoso nos lábios. — Até mesmo minha mãe está se apegando a ele, nunca mais ameaçou joga-lo na rua pela bagunça.
— Estou com saudades da sua mãe, quando tiver algum tempo livre no final de semana vou tentar ir na sua casa. — Falei separando minha caderneta que servia para anotar o pedido dos clientes.
A mãe de Penélope tinha o péssimo hábito de adotar para si mesma as amigas das filhas, que no total são quatro garotas com pouca diferença de idade, sendo Penélope a mais nova.
— Ela vai adorar! — Exclamou contente. — Minha mãe está morrendo de saudades das nossas conversas. Ainda não entendo como ela consegue se manter com uma alma tão jovem.
Nesse momento o nosso gerente entrou pela porta de entrada, exibindo uma carranca pior do que a habitual, deixando claro que o nosso dia não seria nenhum pouco fácil.
— Estão fazendo o que paradas? Em breve vamos abrir e não quero perda de tempo. — Heitor falou sem ao menos nos dar um mísero bom dia.
— Estávamos apenas ajeitando nossas coisas. — Nos defendi não aguentando tamanha falta de educação de sua parte, somos suas funcionárias e não suas escravas.
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Apenas Um Momento | Livro Único
Teen FictionAdela Steiner sempre se manteve focada em seus estudos e no seu objetivo de se tornar a primeira em sua família em concluir o ensino superior, já que o seu irmão estava mais interessado em conseguir um passe para jogar profissionalmente. Em seu últ...