d e z e n o v e

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A lanchonete em que trabalhei boa parte do ano passado, estava com uma pintura bem diferente do que eu me lembrava e com uma decoração bem estranha para um ambiente tão pequeno como aquele

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A lanchonete em que trabalhei boa parte do ano passado, estava com uma pintura bem diferente do que eu me lembrava e com uma decoração bem estranha para um ambiente tão pequeno como aquele. Apesar de estar localizada em um dos melhores pontos da cidades — o que favorece bastante as vendas — o modo como o dono cuida do estabelecimento é deplorável.

— O gerente está tentando atrair mais clientes, mas não acho que esse seja o caminho certo. — Penélope, minha companheira de trabalho, falou que assim que notou meu olhar de desagrado.

— Ainda bem que ele não mudou os uniformes, ele tem um péssimo gosto para para moda. — Falei tapando o nariz para não sentir o cheiro da tinta que emanava das parede.

Penélope concordou com um sorriso amigável.

— Senti muito a sua falta. — Declarou me entregando uma sacola com o meu uniforme. — Fiz o máximo para manter a sua vaga, não acho que me entenderia bem com outra pessoa.

Penélope é uma pessoa maravilhosa em todos os sentidos, me ajudou muito quando precisei encontrar um trabalho para pagar as minhas contas, porém é muito desastrada.

Já perdi a conta de quantas bandejas foram derrubadas e de quantos clientes foram embora com as roupas encharcadas de café.

— Eu também senti muito a sua falta, em minha cidade não há garotas boas como você. — Falei com um sorriso amigável no rosto. — Como vai o Salém?

Penélope havia adotado um filhote de gato no ano passado e o bichano acabou se tornando parte da nossa amizade. O encontramos quando estávamos saindo da lanchonete, o pobrezinho estava com muita fome e todo molhado por causa da chuva do final de estação.

— Melhor do que na semana passada, os medicamentos que a veterinária está passando estão finalmente fazendo efeito, a anemia está regredindo. — Penélope falou com um sorriso orgulhoso nos lábios. — Até mesmo minha mãe está se apegando a ele, nunca mais ameaçou joga-lo na rua pela bagunça.

— Estou com saudades da sua mãe, quando tiver algum tempo livre no final de semana vou tentar ir na sua casa. — Falei separando minha caderneta que servia para anotar o pedido dos clientes.

A mãe de Penélope tinha o péssimo hábito de adotar para si mesma as amigas das filhas, que no total são quatro garotas com pouca diferença de idade, sendo Penélope a mais nova.

— Ela vai adorar! — Exclamou contente. — Minha mãe está morrendo de saudades das nossas conversas. Ainda não  entendo como ela consegue se manter com uma alma tão jovem.

Nesse momento o nosso gerente entrou pela porta de entrada, exibindo uma carranca pior do que a habitual, deixando claro que o nosso dia não seria nenhum pouco fácil.

— Estão fazendo o que paradas? Em breve vamos abrir e não quero perda de tempo. — Heitor falou sem ao menos nos dar um mísero bom dia.

— Estávamos apenas ajeitando nossas coisas. — Nos defendi não aguentando tamanha  falta de educação de sua parte, somos suas funcionárias e não suas escravas.

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