Carlos
São Paulo, Brasil.
-Eu não acredito que você chamou a mulher de rapariga. -diz Alyssa, se engasgando em sua própria risada sentada no sofá, repetindo essa mesma frase pela décima vez.
Estávamos, nesse momento, na casa -ou melhor dizendo- na mansão que Alyssa morava no Brasil. Sem dúvidas, muito melhor que um hotel.
Eu poderia falar mal do Harper em consideração antiga ao meu amigo Ryan o quanto fosse, mas tinha que admitir que ele era um dos melhores arquitetos que eu já conheci.
A casa era dividida em tons de branco, preto e marfim, mesclando entre algumas paredes que possuíam tom verde água e os móveis planejados que faziam a casa parecer ter saído de Hollywood.
Não obstante, na parte central direita da sala, havia uma escada branca em forma de espiral que com certeza levaria aos quartos imperiais no andar de cima.
Se eu fosse mesmo ficar aqui por um tempo, eu precisaria contratar um segurança. Não era esse o país em que assaltavam casas e matavam pessoas todos os dias?
-Não tem graça, Alyssa, pare de rir. -digo revirando os olhos e jogando uma almofada na cara dela.
-Não tem como não rir, Carlos. Nossa, eu daria tudo pra ter visto a sua cara. -ela diz rindo ainda mais e tombando de lado em Landon, que evitava cair na gargalhada também pra não perder sua pose pronta.
-Desculpa cara, mas realmente esse foi um vacilo imensurável. -Landon diz, cortando sua resistência e rindo agora junto a sua esposa.
-E que óculos ridículo é esse na sua cara Carlos? Esse estilo nerd e intelectual não tem nada a ver com você. -ela continua.
-Charme, cabelo de fogo, charme. Você se impressionaria com a quantidade de mulheres que fiquei só por causa desses óculos de grau. -digo piscando o olho e vejo seus olhos castanhos se revirarem.
-Ah, mentiroso, que charme o que! Admita que a idade está chegando, sua visão está ficando ruim e que você está se tornando oficialmente um homem encalhado. Caramba Carlos, vai ficar nessa vida de adolescente até quando? Arranje uma mulher! -ela diz e se levanta, ouvindo o som da babá eletrônica.
-Qual o sentido de ter uma mulher só, se eu posso ter todas? Além do mais, não existe esse conceito de homem ficar encalhado, que papo de velha Alyssa! -digo franzindo os olhos e apoiando a força dos meus braços nas pernas.
-Uma hora você vai cansar disso, meu amigo. Amor, por favor, dê algum conselho que preste a esse cabeça de vento, eu vou ver a Sofia e já volto. Ah, e falem baixo porque os meninos estão dormindo. Se o Luke e o Noah acordarem, vocês serão dois homens mortos. -ela diz olhando pra Landon e saindo correndo subindo as escadas.
-Eu sinto ter que admitir, mas a minha mulher está certa, cara. -diz Landon, soltando o ar e me encarando.
-Ah, qual é Harper! Vai me dizer que nesses 5 anos de casado nunca sentiu, nem por um único dia, falta da sua vida de solteiro?
-Não. -ele responde convicto, sem pestanejar. -Eu sou louco pela Alyssa, Carlos, e você mais do que ninguém sabe disso. Nenhuma mulher desse mundo me faria sentir a atração que eu sinto por ela. Você pode até achar que é loucura, mas quando você encontrar a mulher certa, vai perceber que vale a pena. Meus filhos me deixam maluco, mas nada me deixa mais feliz do que chegar em casa e ver eles.
-Isso é pra você, meu caro! -digo e me levanto do sofá. -Bom, agora vamos parar com esse papo melodramático sobre a minha vida amorosa e me mostre logo o quarto que irei ficar.
-A Alyssa tinha razão quando disse que você era folgado. -ele diz com o maxilar cerrado.
-Não esqueça que tem uma dívida comigo por eu ter conseguido prender aquela sua funcionária no passado e ter salvo a sua empresa. -digo sorrindo satisfeito por estar conseguindo irritar o mauricinho arquiteto.
-Falou bem, no passado. Vai me cobrar isso até quando seu filho da mãe? -diz Landon, cruzando os braços.
-Até quando eu precisar, meu amigo. Eu sou advogado, esqueceu? Ser um filho da mãe é o meu segundo nome. Tenho que fazer jus a minha profissão. -digo e permaneço sorrindo.
Entretanto, o meu sorriso se desfaz quando, no terceiro passo, eu sinto meu pé escorregar em um brinquedo que estava jogado no meio da sala. Meu corpo vai ao chão, e eu solto uns cinco palavrões enquanto me levantava.
Landon Harper sorria. Dois meninos pequenos correram e apareceram na escada com o cabelo pra cima. Alyssa gritou.
É, talvez passar uma temporada nessa casa não vai ser tão bom quanto eu esperava.
[...]
-Carlos Santiago Borges, seja bem-vindo ao nosso escritório de advocacia. -o homem a minha frente estende a mão, e eu aperto com firmeza.
Ele era pouco mais alto que eu, aparentava também estar quase chegando na casa dos 30 e possuía um cabelo quase loiro em um corte alinhado e olhos azuis. Me assusto ao ver que o mesmo possuía uma leve semelhante com um antigo amigo meu, mas tento ignorar esse fato e assumir uma postura profissional.
-Obrigado. Eu que lhe agradeço a oportunidade, senhor...
-Alexandre, mas pode me chamar de Alex. -diz ele, dando um tapa em minhas costas e me guiando para a minha sala. No caminho, vejo que seu olhar acompanha o corpo de várias mulheres que passavam pelo escritório, e penso que talvez eu possa ter encontrado um amigo nessa droga de cidade, afinal. -Está gostando do Brasil? -ele pergunta, me tirando dos meus pensamentos enquanto sento em minha nova cadeira.
-Diria que por enquanto, está sendo uma experiência atípica. -respondo e vejo ele sorrir.
-Ainda vai demorar para que você perca esse sotaque português, meu caro. -ele diz e se senta na cadeira a minha frente, ajeitando o terno.
-Olha, estamos penando a meses em um caso jurídico por aqui e precisamos da sua ajuda. Se você for capaz de ganhar essa causa na justiça, pode ter certeza que vai voltar para o seu país com os bolsos cheios. -ele diz e me passa a pasta com os papéis por cima da mesa.Dinheiro, era só o que todos pensavam. Respiro fundo e pego os papéis em cima da mesa, me surpreendendo ao ler a história. Uma das poucas coisas que eu levava a sério nessa vida era o meu trabalho, e sem dúvidas, uma coisa que eu jamais deixaria passar era ver alguém cometendo alguma injustiça.
Aperto as mãos de Alex e aceito o desafio, me comprometendo a dar meu sangue por aquela causa. Havia muitas pontas soltas naquela história, mas se alguém possuía capacidade suficiente para desvendar aquele caso, esse alguém era eu.
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Um mês [DEGUSTAÇÃO]
Любовные романыUma casa. Um advogado. Uma artista plástica. Três crianças. Quando o destino une Carlos e Amora para cuidar dos filhos de um casal de amigos, dois mundos diferentes colidem. Carlos é a tempestade, enquanto Amora é a calmaria. São como duas cores di...