Capítulo 5

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Carlos

-EU VOU O QUÊ? -pergunto em completo desespero. Passo a mão pelo meu cabelo em completo sinal de choque, e tento fortemente forçar o meu cérebro a fingir que eu não havia acabado de escutar isso.

-Sim Carlos, você vai olhar as crianças por uma semana. Está morando de favor aqui em casa a quase meio mês, nada mais justo do que fazer esse favor para mim e para Alyssa. -diz Landon, colocando a última mala grande no carro.

-Se vocês dois não perceberam, eu não tenho cara de babá. -digo e aponto para a minha face.

-Não surta Carlos, eu chamei a minha prima para te ajudar e ela é especialista em cuidar de crianças, você só terá que ajudar ela como o bom homem que no fundo eu sei que você é, mas esconde. Por favor não faz drama, olhar os meninos não vai te atrapalhar no seu trabalho.

-Como assim você sabe do meu trabalho? -pergunto surpreso.

-Eu não sou idiota, Carlos, eu sei que só veio pro Brasil porque conseguiu um emprego. Você é esperto demais para ter vindo pra outro continente apenas para passar as férias sem ganhar nada em troca.

-Tudo bem, você me pegou. Eu ia te avisar...

-Isso não interessa agora, eu não me importo se você vai ficar na nossa casa por uma semana ou por um ano, desde que você nos ajude e cuide bem dos meus filhos nessa semana. -ela diz e respira fundo, colocando uma mecha de cabelo ruivo atrás da orelha.

-Eu me importo. -Landon resmunga e eu reviro os olhos.

-Por favor, Carlos. -ela diz e segura em meu ombro, olhando no fundo dos meus olhos. -Você é o meu melhor amigo, sabe disso. Eu amo os meus filhos, mas eu tenho estado tão cansada...esses dias seriam incrivelmente bons para a minha saúde física e mental. O Noah, Luke e Sofia não merecem acordar todos os dias e encarar uma mãe exausta com olheiras nos olhos sem forças para brincar com eles. São só 8 dias, e eu já estou com o coração apertado. Vou morrer de saudade deles, então por favor, diz que pode fazer isso por mim. Eu quero muito, muito mesmo um tempo a sós com meu marido se é que me entende. -ela diz e olha com um suspiro em direção a Landon. -Eu confio em você.

-Tudo bem cabelo de fogo, eu faço isso por você. -digo e sou surpreendido por mais um dos abraços espontâneos que Alyssa sempre me dava e que me faziam reclamar e a chamar de melosa. Retribuo rápido e a empurro, fazendo a mesma sorrir. -Cuida bem dela nesses dias, Harper. -grito para Landon e vejo ele me olhar com os olhos semicerrados.

-Sempre fiz isso e sempre farei, imbecil. Vê se não mata meus filhos enquanto estivermos fora.

-Farei o que puder. -digo e aceno com a cabeça, sorrindo sem mostrar os dentes. -Afinal, onde está essa prima sua Alyssa? Ela já não deveria ter chegado?

-Realmente, já está na hora...-ela diz e olha o relógio, franzindo o olhar.

-LYS? CHEGUEI. -escutamos um grito vindo da porta, e acompanho o olhar da cabelo de fogo, que agora estava com um sorriso enorme na face.

Tudo isso para receber uma prima que eu nunca nem havia ouvido falar? O melhor amigo dela era eu, e ela nunca demonstrou toda essa empolgação ao me cumprimentar.

-Carlos, essa é a minha prima que vai ajudar para que você não mate os meus filhos, Amora. Amora, esse é o meu amigo que te falei, Carlos.

Droga, essa não!

-VOCÊ?

-VOCÊ?

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Amora

Não...não...não...alguém por favor me diga que eu não estou reencontrando esse homem novamente. Só pode ser brincadeira! O destino me detesta. Alguém por favor avisa os Titãs que o acaso não está me protegendo enquanto eu ando distraída.

-Ai Mora, que bom que você chegou! Estava preocupada em não conseguir me despedir de você a tempo e de te dar as instruções necessárias. -diz Alyssa, me envolvendo em um abraço ansioso.

Meus olhos ainda deviam estar bem chocados agora enquanto eu olhava para o tal amigo da minha prima, porque ele fazia o mesmo.

-Perdão Lys, eu tive que pegar 1 metrô e 3 ônibus para conseguir chegar até aqui. -digo me soltando do abraço e voltando a minha atenção para ela.

É claro que isso quebrou o contato visual com o sem vergonha do dono dos olhos verdes, mas eu não devia focar nisso agora.

-Olha, eu fiz uma listinha aqui para você não se perder sobre os hábitos de cada um dos meninos. -ela diz, tirando um rolinho de papel do bolso.

No entanto, quando ela começou a desenrolar e ele quase foi parar ao chão, a minha boca se abre em choque e eu ponderei sobre quanto tempo eu levaria para ler aquilo tudo.

-Amor, já está quase na hora do nosso voo, vamos logo para não nos atrasarmos. -diz o marido dela fechando a porta do carro. Percebo a minha falta de educação por não ter olhado para ele antes e aceno com a cabeça, vendo ele fazer o mesmo logo em seguida.

-...5 vezes ao dia, e quanto a Sof ela já tem um ano e meio e teve uma amamentação difícil, por isso ela toma um leite especial que a Maria vai mostrar para você. Além disso, por favor, não esquece de filmar e me ligar correndo se ela começar a andar ou falar algo que não seja papá e mã. Eu sei, ela é puxa saco do pai e fala mais sílabas para o nome dele, mas não importa porque ela me ama mais e...-ouço a voz de Alyssa no fundo e só então percebo que estava paralisada novamente no olhar do amigo dela. Ela havia dito que o nome dele era como mesmo? -Mora? Você entendeu tudo direitinho? -minha prima me chama a atenção.

-Ah, sim, claro, entendi tudo. -digo dando um sorriso nervoso. É, eu realmente vou ter que ler toda a "listinha"...

-Então tá ótimo, tudo certo, todos felizes. -diz Alyssa com um sorriso assustadoramente ansioso. -Espera aí, quando você chegou você olhou para o Carlos e disse "você" de forma bem enfática. Vocês já se conhecem? Ai meu Deus Amora não me diga que você já caiu na lábia do Carlos...

-NÃO, DE JEITO NENHUM. -interrompo um pouco alto demais. Carlos, o nome dele era Carlos...

-Eu devo me parecer com alguém que ela conhece, cabelo de fogo. Pode viajar tranquila, nós nunca nos vimos. -ele diz, com uma confiança impressionante e as mãos apoiadas no bolso da calça.

Então além de sem vergonha, ele também é um ótimo mentiroso. Pacote completo de encrenca, Amora, parabéns.

-Tem certeza? Porque seria muito estranho colocar vocês dois na mesma casa se tiveram alguma coisa, ainda mais cuidando juntos das crianças...olha Landon eu acho melhor não irmos, a Sof ainda é muito pequena, ela vai precisar de mim e...

-Lys calma, respira. -digo segurando minha prima pelos ombros, fazendo-a olhar para mim. Eu realmente teria que compactuar com a história dele, ou ela não viajaria. -Seu amigo tem razão, nós nunca nos vimos antes, ele só é parecido com um antigo colega meu de faculdade. Não tem problema algum, nós vamos cuidar bem das crianças, pode ficar tranquila. Você merece essa viagem, aproveita essa semana com o seu marido e descansa, qualquer coisa eu te ligo. Além do mais, você me conhece e sabe que eu não sou mulher de "cair na lábia" de homem algum. -digo revirando os olhos e vejo Alyssa sorrir, soltando uma respiração mais tranquila. Carlos levanta uma sobrancelha com minha última frase.

-Realmente Mora, me desculpa, eu só estou muito nervosa sabe? Nunca ponderei ficar tanto tempo longe dos meus filhos. -ela diz e Landon se aproxima, a abraçando e dando um beijo no topo da sua cabeça. -Mas será bom, durante a viagem, trabalharei no meu novo romance. Quero um livro diferente dessa vez, com um pouco mais de comédia. Só não sei onde irei encontrar graça longe dos meninos...

-Sua prima está certa, não se preocupe tanto, as crianças vão ficar bem meu amor e seu novo livro será ótimo. Pare de criar desculpas, eu não acredito que o Carlos tenha a capacidade de matar nossos filhos em apenas 8 dias. -diz Landon com um semblante irônico.

-Ei, sem ofensa. -Carlos finge uma expressão chocada. Que dramático!

Todos sorriem e eu tento evitar olhar nos olhos dele novamente, falhando miseravelmente. Quando ele pisca o olho em minha direção, eu tento ao máximo me segurar para não dar outro tapa na cara dele de novo.

Estávamos fazendo isso pela Alyssa, e pelos olhos dele, eu percebi que ela se importava com ela tanto quanto eu me importava. Eu sabia que me esforçaria para passar por cima da nossa antipatia mútua pelas crianças, e esperava que no fundo, ele também.

Um mês [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora